“O PERDÃO É A FORMA SUBLIME DO AMOR.”
Perdoar é importante para espiritualidade porque envolve o
amor. Quem ama, perdoa. E quem não perdoar, aos poucos vai perdendo a
capacidade de amar. No entanto, perdoar não é fácil . Segundo padre Paulo Ricardo
de Azevedo Júnior, nossa humanidade, composta por corpo e alma, por conta do
pecado original tende a olhar para mundo externo como para um inimigo. “De
fato, o demônio convenceu Adão e Eva de que o próprio Deus era seu inimigo (
cf. Gn 3,4-5). Por isso, o homem se fecha e tem dificuldade em perdoar e amar”,
afirma o padre.
O padre ensina que não perdoar quebra o ciclo virtuoso do
amor. “Esse ciclo consiste no fato de que Deus nos amou primeiro, devido a
isso, eu me amo e posso dar como presente o amor ao próximo, e eu posso fazê-lo
por amor a Deus. Deste modo fecha-se o ciclo”, orienta. A quebra do ciclo
acontece por meio da raiva direcionada de forma errada. A pessoa ofendida em
vez de direciona-la para o pecado que a fasta da graça de Deus, acaba
direcionando para a pessoa que ofendeu. É importante esclarecer que sentir
raiva não é pecado. A raiva foi criada por Deus, mas deve ser direcionada aos
objetos corretos. Santo Tomás de explica que “os pecadores não deixam de ser
homens, pois o pecado não lhe destrói a natureza”. E remata: Nós pecadores,
pode-se considerar duas coisas: a natureza e a culpa. Pela natureza que
receberam de Deus, eles são capazes da bem aventurança , sobre cuja comunhão se
funda a caridade, como já foi dito. Por isso, segundo a natureza, devem ser
amados pela caridade. Mas, a sua culpa é contraria a Deus e um obstáculo para a
bem-aventurança. Assim, segundo a culpa que os opõe a Deus, eles merecem ser
odiados, mesmo que sejam pai, mãe ou parente, conforme o evangelho de Lucas.
Devemos pois odiar os pecadores, enquanto tais, e amá-los, enquanto são homens
capazes da bem-aventurança. E isso é verdadeiramente amá-los pela caridade, por
causa de Deus (Suma teológica, II-II, q. 25, a.6)
A chave que abre a porta do nosso coração para que seja
liberto o perdão é voltar o nosso olhar para Deus, percebendo que Ele nos
perdoa e perdoa aquele que nos ofendeu. A assim se restabelece o ciclo do amor
. “A pessoa que não consegue libertar o perdão é porque se esqueceu de sua
condição de pecador perdoado”, afirma o sacerdote. Quando pecamos ofendemos
profundamente a Deus, “o valor de uma ofensa é medido em proporção a honra da
pessoa ofendida. A honra de Deus é infinita, logo, nossa ofensa a Deus é
infinita. E Ele perdoa, como nós podemos deixar de perdoar o próximo”. Lembra o
padre. No processo de perdão, é comum a pessoa ofendida ficar brigando
mentalmente com aquele que ofendeu.
A luta, neste caso, é psíquica.
Porém, podemos colocar Deus como o reconciliador desta “briga”, e torná-la uma “briga”
espiritual. “O perdão nasce de Deus, ele é sobrenatural, porque amar também é
sobre natural, por isso é preciso pedir essa graça a Deus”, a firma.
Jesus, no evangelho de Mateus (5,7), incentiva: “Felizes os
misericordiosos porque alcançarão a misericórdia”. E no evangelho de Lucas
pede: “sede misericordioso como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). “Diante
de Jesus, o santo Inocente, na Cruz tudo perdoou, dizendo: Pai, perdoa-lhes!
porque eles não sabem o que fazem! (Lc 23,34), como não perdoar a falta do
irmão que me ofendeu e deixar de aproveitar essa oportunidade para amar a Deus?
Pode até ser que a pessoa que me machucou não mereça o meu perdão, mas Aquele
que morreu por nossas causa na Cruz certamente o merece”, Finaliza o sacerdote.
Por Thiago Radael, MiC
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