quinta-feira, 14 de abril de 2016

PERDOAR


“O PERDÃO É A FORMA SUBLIME DO AMOR.”



Perdoar é importante para espiritualidade porque envolve o amor. Quem ama, perdoa. E quem não perdoar, aos poucos vai perdendo a capacidade de amar. No entanto, perdoar não é fácil . Segundo padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, nossa humanidade, composta por corpo e alma, por conta do pecado original tende a olhar para mundo externo como para um inimigo. “De fato, o demônio convenceu Adão e Eva de que o próprio Deus era seu inimigo ( cf. Gn 3,4-5). Por isso, o homem se fecha e tem dificuldade em perdoar e amar”, afirma o padre.

O padre ensina que não perdoar quebra o ciclo virtuoso do amor. “Esse ciclo consiste no fato de que Deus nos amou primeiro, devido a isso, eu me amo e posso dar como presente o amor ao próximo, e eu posso fazê-lo por amor a Deus. Deste modo fecha-se o ciclo”, orienta. A quebra do ciclo acontece por meio da raiva direcionada de forma errada. A pessoa ofendida em vez de direciona-la para o pecado que a fasta da graça de Deus, acaba direcionando para a pessoa que ofendeu. É importante esclarecer que sentir raiva não é pecado. A raiva foi criada por Deus, mas deve ser direcionada aos objetos corretos. Santo Tomás de explica que “os pecadores não deixam de ser homens, pois o pecado não lhe destrói a natureza”. E remata: Nós pecadores, pode-se considerar duas coisas: a natureza e a culpa. Pela natureza que receberam de Deus, eles são capazes da bem aventurança , sobre cuja comunhão se funda a caridade, como já foi dito. Por isso, segundo a natureza, devem ser amados pela caridade. Mas, a sua culpa é contraria a Deus e um obstáculo para a bem-aventurança. Assim, segundo a culpa que os opõe a Deus, eles merecem ser odiados, mesmo que sejam pai, mãe ou parente, conforme o evangelho de Lucas. Devemos pois odiar os pecadores, enquanto tais, e amá-los, enquanto são homens capazes da bem-aventurança. E isso é verdadeiramente amá-los pela caridade, por causa de Deus (Suma teológica, II-II, q. 25, a.6)

A chave que abre a porta do nosso coração para que seja liberto o perdão é voltar o nosso olhar para Deus, percebendo que Ele nos perdoa e perdoa aquele que nos ofendeu. A assim se restabelece o ciclo do amor . “A pessoa que não consegue libertar o perdão é porque se esqueceu de sua condição de pecador perdoado”, afirma o sacerdote. Quando pecamos ofendemos profundamente a Deus, “o valor de uma ofensa é medido em proporção a honra da pessoa ofendida. A honra de Deus é infinita, logo, nossa ofensa a Deus é infinita. E Ele perdoa, como nós podemos deixar de perdoar o próximo”. Lembra o padre. No processo de perdão, é comum a pessoa ofendida ficar brigando mentalmente com aquele que ofendeu.

 A luta, neste caso, é psíquica. Porém, podemos colocar Deus como o reconciliador desta “briga”, e torná-la uma “briga” espiritual. “O perdão nasce de Deus, ele é sobrenatural, porque amar também é sobre natural, por isso é preciso pedir essa graça a Deus”, a firma.


Jesus, no evangelho de Mateus (5,7), incentiva: “Felizes os misericordiosos porque alcançarão a misericórdia”. E no evangelho de Lucas pede: “sede misericordioso como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). “Diante de Jesus, o santo Inocente, na Cruz tudo perdoou, dizendo: Pai, perdoa-lhes! porque eles não sabem o que fazem! (Lc 23,34), como não perdoar a falta do irmão que me ofendeu e deixar de aproveitar essa oportunidade para amar a Deus? Pode até ser que a pessoa que me machucou não mereça o meu perdão, mas Aquele que morreu por nossas causa na Cruz certamente o merece”, Finaliza o sacerdote. 


Por Thiago Radael, MiC

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