terça-feira, 23 de agosto de 2016

A importância do esporte, do ponto de vista de um Papa



Tudo o que fala de exercícios físicos, de jogos, de competições, de esporte, interessa e atrai a juventude de hoje. Os jovens cristãos sabem, porém, que os movimentos do espírito, especialmente a corrida para a luz intelectual, o avançar sobre o terreno misterioso e por vezes árduo da revelação, o impulso para a bondade e a santidade, são ainda mais belos e mais nobres e apaixonantes, porque o saber e a virtude de ânimo sobrepujam e superam a forma dos músculos e a perecível desenvoltura e agilidade dos membros.

O vigor do corpo, que acompanha e embeleza o florescer da juventude, não permanece diminuído, nem rebaixado, mas, pelo contrário, exaltado e nobilitado pelo estudo da cultura religiosa e da virtude que domina as paixões. Na juventude brilha tanta força de energia no corpo como de virtude no ânimo quando, no fundo do coração, germina aquela vontade que no temor de Deus encontra o princípio da sabedoria iluminadora do caminho da vida.

A juventude, embora inclinada sempre a nada temer, muitas vezes teme e se apavora por não se achar suficientemente moderna, à altura do seu tempo. Mas o verdadeiro cristão está sempre à altura do tempo (Discurso aos Jovens de Ação Católica, 10 de novembro de 1940).

Tão longe da verdade está quem repreende a Igreja por não cuidar dos corpos e da cultura física quanto quem pretenda restringir a sua competência e ação às coisas “puramente religiosas”, “exclusivamente espirituais”.

Como se o corpo, criatura de Deus, do mesmo modo que a alma, à qual está unido, não devesse ter sua parte na homenagem a ser prestada ao Criador!

“Seja comendo”, escrevia o Apóstolo das Nações aos Coríntios, “seja bebendo, seja que façais qualquer outra coisa, tudo fazei para a glória de Deus”. São Paulo fala aqui da atividade física: o cuidado do corpo, o esporte, bem se encaixa nas palavras “seja que façais qualquer outra coisa”. Antes, Paulo discorre muitas vezes explicitamente: fala de corridas, de lutas, não com expressões de crítica ou de repreensão, mas como conhecedor que eleva e nobilita o conceito cristão das mesmas.

Afinal, que coisa é o esporte senão uma das formas de educação do corpo? Ora, esta educação está em estreita relação com a moral. Como poderia, portanto, a Igreja desinteressar-se dela?

Em realidade, a Igreja sempre teve para com o corpo humano uma solicitude e uma atenção que o materialismo, no seu culto idolátrico, não manifestou jamais. E é muito natural, pois este não vê e não conhece do corpo senão a carne material, cujo vigor e cuja beleza nascem e florescem para depois conhecerem a podridão e a morte, como a erva do campo que termina nas cinzas e no lodo. É bem diverso disto o conceito cristão. O corpo humano é, em si mesmo, a obra-prima de Deus na ordem da criação visível. O Senhor o destinou a florescer, aqui embaixo, para que, imortal, desabroche nas glórias do céu. Ele o uniu ao espírito na unidade da natureza humana, para que a alma saboreasse o encanto das obras de Deus, para ajudá-la a remirar neste espelho o seu Criador comum! Não foi Deus que fez mortal o corpo humano, mas sim o pecado; só por causa do pecado, o corpo, tirado do pó, deve um dia ao pó retornar. Deste pó, entretanto, o Senhor irá tirá-lo novamente para chamá-lo à vida. Ainda que reduzidos a pó, a Igreja respeita e honra os corpos, mortos para depois ressurgirem.

Mas a uma visão ainda mais alta nos conduz o Apóstolo São Paulo: “Não sabeis”, diz ele, “que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que está em vós, que vos foi dado por Deus e que não pertence a vós mesmos? Pois fostes resgatados por alto preço! Glorificai, portanto, a Deus no vosso corpo”.

Ora, qual é, em primeiro lugar, o ofício e o fim do esporte, sã e cristãmente entendido, senão exatamente o de cultivar a dignidade e harmonia do corpo humano, de desenvolver a sua saúde, vigor, agilidade e graça?

Nem se reprove a São Paulo a sua enérgica expressão “Trato duramente o meu corpo e o reduzo à servidão”, pois ele, no mesmo trecho, se apoia no exemplo dos fervorosos cultores do esporte. O esporte moderno, conscienciosamente exercitado, fortifica o corpo, torna-o são, forte e cheio de vida para executar esta função educativa; o esporte submete o corpo a uma disciplina rigorosa e por vezes dura, que o domina e o retém verdadeiramente em servidão: treino para a fadiga, resistência à dor, hábitos de continência e de temperança severa, condições todas indispensáveis para quem quer conseguir a vitória. O esporte é eficaz antídoto contra a moleza e a vida cômoda, acorda o sentido de ordem e educa ao exame e ao domínio de si, ao desprezo do perigo sem jactância nem pusilanimidade. Assim, ele ultrapassa a robustez física para conduzir à força e à grandeza moral. Do país natal de muitos esportes teve origem o proverbial “fair play”, aquela emulação cavalheiresca e cortês que eleva os espíritos acima das mesquinhezes das fraudes, dos ardis de uma vaidade obscura e vingativa, e os preserva dos excessos de um fechado e intransigente nacionalismo. O esporte é uma escola de lealdade, de coragem, de resistência, de resolução, de fraternidade universal, todas estas virtudes naturais, mas que fornecem à virtude sobrenatural um fundamento sólido e preparam para sustentar sem debilidades o peso das mais graves responsabilidades.

Fatigar sadiamente o corpo para repousar a mente e dispô-la para novos trabalhos, afinar os sentidos para adquirir uma intensidade maior de penetração das faculdades intelectuais, exercitar os músculos e habituar-se ao esforço para temperar o caráter e formar-se uma vontade forte e elástica como o aço: tal era a ideia que o sacerdote alpinista havia feito do esporte.

Como esta ideia é distante do grosseiro materialismo, para o qual o corpo é todo o homem! Mas como é distante, também, daquela loucura do orgulho, que não se contenta em arruinar com um desprezo malsão as forças e a saúde do esportista a fim de conquistar a palma da vitória, em uma luta ou competição de velocidade, e o expõe, por vezes, temerariamente, até à morte! O esporte digno deste nome torna o homem corajoso diante do perigo presente, mas não o autoriza a desafiar um risco sério sem uma razão proporcionadamente grave. Isto seria moralmente ilícito.

Assim entendido, o esporte não é um fim, mas um meio; como tal, deve ser e permanecer ordenado ao fim, que consiste na formação e educação perfeita e equilibrada do homem por inteiro, para o qual o esporte é um auxílio no cumprimento pronto e alegre do dever, quer na vida de trabalho, quer na vida familiar.

Com uma mudança lamentável da ordem natural, alguns jovens se dedicam apaixonadamente, com todo o seu interesse e toda a sua atividade, às reuniões e manifestações esportivas, aos exercícios de treinamento e às disputas, colocando todo o seu ideal na conquista de um campeonato, mas às inadiáveis e importantes exigências do estudo e da profissão dão apenas consideração distraída e abúlica. O lar nada mais é, para eles, que um hotel, onde param de passagem, quase como estranhos.
A serviço da vida sã, robusta, ardente, a serviço de uma atividade mais fecunda no cumprimento dos deveres do próprio estado, o esporte pode e deve estar também a serviço de Deus. Para este fim ele inclina os ânimos a dirigirem as forças físicas e as virtudes morais, que desenvolve; mas, enquanto o pagão se submetia ao severo regime esportivo a fim de obter somente uma coroa perecível, o cristão se submete a ele por um escopo mais alto, para um prêmio imortal.

De que serviria a coragem física e a energia do caráter se o cristão as usasse apenas para fins terrenos, para ganhar uma “copa” ou para dar-se ares de super-homem? Se não soubesse, quando necessário, reduzir em meia hora o tempo do sono ou retardar um encontro no estádio para não deixar de assistir à Santa Missa no domingo? Se não conseguisse vencer a preocupação com a opinião alheia para praticar a religião e defendê-la? Se não fosse capaz de prontidão e de autoridade para reprimir com o olhar, com a voz, com o gesto, uma blasfêmia, um turpilóquio, uma desonestidade, para proteger os mais jovens e os mais débeis contra as provocações, as assiduidades suspeitas? Se não se acostumasse a concluir os seus felizes sucessos esportivos com um louvor a Deus, Criador e Senhor da natureza e de todas as suas forças? Não vos esqueçais que o mais alto destino do corpo, e sua mais elevada honra, é ser habitação de uma alma, que refulge de pureza moral se for santificada pela graça divina (Discurso aos Jovens da Ação Católica, 20 de maio de 1945).

Prestai em primeiro lugar a Deus a honra que lhe é devida e, sobretudo, santificai o dia do Senhor, pois o desporto não dispensa dos deveres religiosos. “Eu sou o Senhor teu Deus”, diz o Altíssimo no Decálogo; “não tenhas outro Deus fora de mim”, isto é, nem sequer o próprio corpo nos exercícios físicos e no desporto: seria quase um regresso ao paganismo. De igual modo, o quarto mandamento, expressão e tutela da harmonia que o Criador quis no seio da família, recorda a fidelidade às obrigações familiares, que se devem preferir às supostas exigências do desporto e das associações desportivas.

Pelos mandamentos divinos é também protegida a vida própria e a alheia, a saúde própria e a alheia, as quais não é lícito expor imprudentemente a sério perigo com a ginástica e o desporto.

Deles recebem força também aquelas leis, já conhecidas dos atletas do paganismo, que os desportistas verdadeiros observam justamente como leis invioláveis no jogo e nos desafios e são outros tantos pontos de honra: franqueza, lealdade, espírito cavalheiresco, pelas quais detestam, como mancha desonrosa, o emprego da astúcia e do engano; estimam e respeitam o bom nome e a honra do adversário tanto como o próprio.

O exercício físico se torna, assim, como que uma ascese de virtudes humanas e cristãs, ou melhor, deve tornar-se e ser tal, por mais duro que seja o esforço exigido, para que o exercício do desporto se supere a si mesmo, atinja um dos seus objetivos morais e seja preservado de desvios materialistas, que lhe diminuiriam o valor e a nobreza.

Eis, em poucas palavras, o que significa a fórmula “Quereis agir retamente na ginástica, no jogo e no desporto? Observai os mandamentos”, os mandamentos no seu sentido objetivo, simples e claro.

CONCLUSÃO


Quando se respeita com cuidado o teor religioso e moral do desporto, ele deve entrar na vida do homem como elemento de equilíbrio, de harmonia e de perfeição, e como ajuda eficaz para o cumprimento dos outros deveres. Baseai, portanto, a vossa alegria na prática correta da ginástica e do desporto. Levai para o meio do povo a sua benéfica corrente para que prospere cada vez mais a saúde física e psíquica e se fortifiquem os corpos ao serviço do espírito; acima de tudo, enfim, não esqueçais, no meio da agitada e inebriante atividade gímnico-esportiva, aquilo que na vida vale mais que todo o resto: a alma, a consciência e, no vértice supremo, Deus (Discurso ao Congresso Científico Italiano de Desporto e Educação Física, 8 de novembro de 1952).


A partir de “Pio XII e os problemas do mundo moderno”, em tradução e adaptação do Pe. José Marins (via Aleteia)

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Documentário: Jack, o Estripador na América - [Dublado]

Padre Paulo Ricardo fala sobre “Pokémon GO”

Na presença dos anjos!

Entenda a psicologia comportamental usada no Pokémon Go

Pokémon Go

Mais de 75 milhões de usuários, em todo o mundo, já baixaram a nova sensação do universo virtual, o Pokémon Go. O aplicativo para aparelhos móveis foi lançado em julho deste ano, mas no Brasil só chegou no início de agosto.

A ideia do jogo é baseada no desenho animado da década de 90, onde Ash, um garoto que queria se tornar treinador de Pokémon, sai à caça dos monstrinhos animados da cultura japonesa.

Para muitos, a febre do Pokémon Go é alimentada pela geração dos que nasceram das décadas de 80 e/ou 90, que assistiram ao desenho e agora têm a possibilidade de ser um “treinador de pokémons”. Quanto mais criaturinhas captura, mais o jogador pontua e evolui no game. Porém, a empresa fabricante já prometeu tornar o jogo ainda mais empolgante para os “Pokéfans”.

Na psicologia, a forma de pontuação do jogo se chama “psicologia de reforço intermitente”, o que significa recompensar de alguma forma o jogador em diversos tempos. Para a psicóloga Elaine Ribeiro, isso obriga que o jogador fique alerta o tempo todo e ative o jogo com frequência, pois, seu objetivo é ganhar as recompensas, que somadas à tecnologia de realidade aumentada, trazem uma sensação de “vida” ao jogo e aos jogadores envolvidos.

Isto, segundo ela, condiciona o comportamento das pessoas ao jogo, favorecendo a instalação do vício, já que a realidade imaginária proposta dá ao jogador uma série de sensações emocionais que despertam ainda mais o interesse por manter-se em jogo, sendo desafiado.

“Um vício quando estabelecido não é fácil nem de ser reconhecido nem interrompido. Do ponto de vista neurológico, é como se estivéssemos viciados a uma droga ilícita. As regiões cerebrais atividades com o vício dos jogos e a satisfação causada, são as mesmas, por isto, temos os mesmos efeitos, quando já viciados, somos privados dos jogos”, explica Elaine.

Pokémon Go Multidão 

 Pokémon Go Multidão

Equilíbrio

Júlio César, 25 anos, mora em São Paulo, capital. Como muitos dos usuários, também usa o Pokémon Go influenciado pelo desenho animado que assistia na infância. A experiência que ele faz como jogador é, segundo ele, bem dosada, jogando nos intervalos das suas atividades prioritárias.

“Não sei o tempo específico que fico jogando. Meu app fica ligado sempre, quando encontra pokemons ele me avisa, ai eu abro e capturo. Sair para procurar, só fiz uma vez até agora, mas procuro nos trajetos rotineiros: casa – trabalho; trabalho – faculdade; faculdade – casa”, explicou o jogador.

Júlio conta que quando baixou o aplicativo se via muito tempo nele, principalmente por ser novo e querer aprender a usar. Mas logo se deu conta de que precisava se organizar. “Só jogo quando avisa que tem Pokémon por perto ou para conseguir algumas coisas no pokestop (local onde ganhar pokebolas, ovos de Pokémon e entre outros brindes)”.

Como católico praticante, ele afirma que o jogo não lhe “roubou” o tempo que deve ser dedicado a Deus e continua praticando a fé equilibrando lazer, estudos, trabalho e etc.

“Sempre soube separar! O jogo tomou um grande tempo do meu dia no início, mas revi os conceitos e vi que estava deixando me levar pelo jogo, mas o tempo dedicado a Deus não roubou, continuo fazendo minhas orações nos horários que sempre fiz. O jogo mudou nada”.

A psicóloga Elaine Ribeiro concorda com o a atitude de Júlio. Para ela, o equilíbrio naquilo que se faz é o mais importante no uso de qualquer tecnologia. “O que fará diferença neste esquema de reforço tão poderoso é o autocontrole, pois o vício se instala naqueles que não conseguem manter o controle da hora de parar. Quando falamos de crianças, há a possibilidade de controle dos pais, o que não acontece com adultos”, completa.


Por Canção Nova