Mais de 75 milhões de usuários, em todo o mundo, já baixaram
a nova sensação do universo virtual, o Pokémon Go. O aplicativo para aparelhos
móveis foi lançado em julho deste ano, mas no Brasil só chegou no início de
agosto.
A ideia do jogo é baseada no desenho animado da década de
90, onde Ash, um garoto que queria se tornar treinador de Pokémon, sai à caça
dos monstrinhos animados da cultura japonesa.
Para muitos, a febre do Pokémon Go é alimentada pela geração
dos que nasceram das décadas de 80 e/ou 90, que assistiram ao desenho e agora
têm a possibilidade de ser um “treinador de pokémons”. Quanto mais criaturinhas
captura, mais o jogador pontua e evolui no game. Porém, a empresa fabricante já
prometeu tornar o jogo ainda mais empolgante para os “Pokéfans”.
Na psicologia, a forma de pontuação do jogo se chama
“psicologia de reforço intermitente”, o que significa recompensar de alguma
forma o jogador em diversos tempos. Para a psicóloga Elaine Ribeiro, isso
obriga que o jogador fique alerta o tempo todo e ative o jogo com frequência,
pois, seu objetivo é ganhar as recompensas, que somadas à tecnologia de
realidade aumentada, trazem uma sensação de “vida” ao jogo e aos jogadores
envolvidos.
Isto, segundo ela, condiciona o comportamento das pessoas ao
jogo, favorecendo a instalação do vício, já que a realidade imaginária proposta
dá ao jogador uma série de sensações emocionais que despertam ainda mais o
interesse por manter-se em jogo, sendo desafiado.
“Um vício quando estabelecido não é fácil nem de ser
reconhecido nem interrompido. Do ponto de vista neurológico, é como se
estivéssemos viciados a uma droga ilícita. As regiões cerebrais atividades com
o vício dos jogos e a satisfação causada, são as mesmas, por isto, temos os mesmos
efeitos, quando já viciados, somos privados dos jogos”, explica Elaine.
Pokémon Go Multidão
Equilíbrio
Júlio César, 25 anos, mora em São Paulo, capital. Como
muitos dos usuários, também usa o Pokémon Go influenciado pelo desenho animado
que assistia na infância. A experiência que ele faz como jogador é, segundo
ele, bem dosada, jogando nos intervalos das suas atividades prioritárias.
“Não sei o tempo específico que fico jogando. Meu app fica
ligado sempre, quando encontra pokemons ele me avisa, ai eu abro e capturo.
Sair para procurar, só fiz uma vez até agora, mas procuro nos trajetos
rotineiros: casa – trabalho; trabalho – faculdade; faculdade – casa”, explicou
o jogador.
Júlio conta que quando baixou o aplicativo se via muito
tempo nele, principalmente por ser novo e querer aprender a usar. Mas logo se
deu conta de que precisava se organizar. “Só jogo quando avisa que tem Pokémon
por perto ou para conseguir algumas coisas no pokestop (local onde ganhar
pokebolas, ovos de Pokémon e entre outros brindes)”.
Como católico praticante, ele afirma que o jogo não lhe
“roubou” o tempo que deve ser dedicado a Deus e continua praticando a fé
equilibrando lazer, estudos, trabalho e etc.
“Sempre soube separar! O jogo tomou um grande tempo do meu
dia no início, mas revi os conceitos e vi que estava deixando me levar pelo
jogo, mas o tempo dedicado a Deus não roubou, continuo fazendo minhas orações
nos horários que sempre fiz. O jogo mudou nada”.
A psicóloga Elaine Ribeiro concorda com o a atitude de
Júlio. Para ela, o equilíbrio naquilo que se faz é o mais importante no uso de
qualquer tecnologia. “O que fará diferença neste esquema de reforço tão
poderoso é o autocontrole, pois o vício se instala naqueles que não conseguem
manter o controle da hora de parar. Quando falamos de crianças, há a
possibilidade de controle dos pais, o que não acontece com adultos”, completa.
Por Canção Nova
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