sexta-feira, 20 de março de 2020

Coronavírus: e se voltarmos os olhos para a Virgem de Guadalupe?


Jaime Septién

GUADALUPE

Lembremo-nos da maravilhosa intervenção de Nossa Senhora de Guadalupe na tremenda epidemia de “matlazahuatl”

Oindígena Juan Diego, em dezembro de 1531, tentou seguir um caminho diferente para não encontrar a Virgem de Guadalupe. Ele buscava um padre para ir até o seu tio Juan Bernardino, que estava doente.
Nessa ocasião, Nossa Senhora foi até ele e falou estas palavras imortais: “Ponha isso no seu coração, meu filhinho: não fique aflito, não estou eu aqui, que sou sua mãe? Você não está debaixo da minha sombra e sob o meu cuidado? Não sou eu a fonte da sua alegria?”

Como foi sabido um pouco depois – depois de dizer a Juan Diego que seu tio não morreria naquele momento dessa doença – Juan Bernardino, que morava na comunidade vizinha de Cuautitlán, recebeu a visita de Nossa Senhora e foi imediatamente curado.

Essas frases de consolo, proferidas pela Virgem a Juan Diego na colina de Tepeyac, continuam ressoando por quase cinco séculos nos ouvidos de seus fiéis.


Hoje, quando a pandemia de coronavírus ameaça o mundo inteiro, vale lembrar a cura de Juan Bernardino e a intervenção não menos maravilhosa de Nossa Senhora de Guadalupe na tremenda epidemia de “matlazahuatl” (que significa “erupção na forma de rede”) que atingiu o México (capital da Nova Espanha) e muitas cidades próximas entre setembro de 1736 e abril de 1737.

O “matlazahuatl” era uma combinação de febre tifóide e hepatite que, na época, tinha altíssimo índice de letalidade.

Segundo os registros eclesiásticos da época, apenas na Cidade do México, a praga matou 70.000 pessoas, na maioria indígenas, muito pobres, e nos arredores do México (Puebla, Toluca, Querétaro…) 200.000 pessoas.

A Câmara Municipal da Cidade do México tentou conter a epidemia com todos os recursos disponíveis na primeira metade do século XVIII.

Mas os recursos humanos e de medicamentos eram limitados, e os métodos de cura quase sempre reduziam-se a sangrias e purgações muito pouco eficazes.

Os mortos foram empilhados nas ruas. Os cemitérios ficaram lotados (seis novos tiveram de ser preparados na capital) e em 1736 a estação seca estava se aproximando, o que aumentava o risco de espalhar o vírus.

Nesse ponto, o “matlazahuatl” já tocava todo o território central da Nova Espanha. A população estava exausta, a economia entrou em colapso e a esperança foi rompida.

Depois de ter feito procissões com a Virgem dos Remédios e Nossa Senhora de Loreto sem obter resultados, bem como com as sete advocações juntas para garantir o sucesso das orações (o escudo do Sangue de Cristo, São José, o Arcanjo São Rafael, São Sebastião, São Roque, São Cristóvão e São Francisco Xavier), foi quando o povo, o clero e os governantes voltaram os olhos para a Virgem de Guadalupe.

Em janeiro de 1737, no santuário dedicado à Virgem de Guadalupe, nas encostas do monte Tepeyac, foi organizada uma novena para “falar” com ela e pedir diretamente o fim da epidemia.

No sermão do último dia da novena, Bartolomé Phelipe de Ita y Parra propôs nomear a Virgem de Guadalupe “Padroeira Universal de Todo o Reino” da Nova Espanha (o imenso Reino que ocupava metade atual território dos Estados Unidos, México e quase toda a América Central).

Depois de discutir o tema, o governador pediu ao arcebispo do México seu consentimento para que o povo se abrigasse “sob o escudo celestial de Maria de Guadalupe” e, como ele o concedeu, em abril de 1737 foi feito o juramento do patrocínio. Então, segundo as crônicas da época, começou a chover e a epidemia foi diminuindo até ser extinta.

“Talvez hoje, com o racionalismo que nos caracteriza, pensaríamos que o recuo da epidemia se devesse ao fato de o vírus já ter entrado em sua curva descendente. No entanto, para os olhos dos novos hispânicos, a diminuição do mal foi claramente obra da Virgem de Guadalupe “, escreve Ana Rita Valero de García Lascurain em seu livro “Santa Maria de Guadalupe à luz da história” (BAC, 2014).

O México, a América e o mundo têm “a morenita de Tepeyac”, como São João Paulo II a chamou carinhosamente, como intercessora a quem implorar, como fizeram os habitantes da Nova Espanha no século XVIII, para mitigar esta epidemia e inflamar nossos corações da fé em Deus.

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