terça-feira, 30 de junho de 2020

Como reconhecer os sinais de Deus em nossa vida?


Edifa


Temos a tendência de acreditar que os acontecimentos extraordinários são mensagens divinas. Deus fala conosco através de sinais e milagres? Se fosse assim, como discernir os autênticos? Como interpretá-los?
Se Deus intervém em nossas vidas, como podemos ter certeza de que é Ele quem age e não nós que o projetamos? Esta é a resposta do padre Olivier-Marie Rousseau.

O que é um sinal?

O sinal é uma realidade visível que encaminha a uma realidade invisível. E o ser humano, que é ao mesmo tempo corporal e espiritual, precisa de sinais para se comunicar.

Por exemplo, a natureza, por sua beleza, variedade e complexidade, pode despertar um fascínio que envolve um questionamento até o reconhecimento da existência de um Deus criador.

Não é algo que impõe a fé, mas prepara o coração para a adoração. É uma atitude natural, que ainda não é a da fé, mas que é necessária para a fé. Porque a graça não suprime a natureza.

Na ordem sobrenatural, quais são os sinais que podem dar origem à fé?

No Evangelho segundo São João, o primeiro sinal que Cristo realiza é o milagre de Caná: através da petição da Virgem Maria, ele transforma água em vinho.

Assim, fornece um sinal ou uma indicação que atesta que Deus ouve nossa oração e a responde por superabundância: o vinho é o melhor!

Deus é maior que nossos corações e, em todo o seu ministério público, Jesus Cristo multiplica os sinais (curas, exorcismos, ressurreições) para despertar essa confiança e nos levar ao mistério pascal, o sinal mais importante sem o qual “sua fé é inútil”(1 Cor 15, 17). Jesus Cristo dá grátis e espera uma resposta livre.

Como?

Quando Jesus Cristo multiplica os pães (Jo 6, 12-15), ele oferece um sinal de poder que seduz a multidão a ponto de querer “torná-lo rei”. Mas Jesus foge deles porque ele não quer ser usado em suas categorias de eficácia.

“Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna”, ele lhes pergunta, antes de sofrer seus reveses: “Que milagres fazes para que o vejamos e creiamos em ti?” (Jo 6,30).

Jesus responde sem desviar sua pergunta, mas inverte sua lógica: “Eu sou o pão da vida” (Jo 6,35). Oferecendo-se dessa maneira, ele propõe aos discípulos passar da realidade visível (os pães que enchem os cestos) ao mistério do “Pão da Vida” pelo qual Ele se identifica.

Mas a linguagem dele é “muito difícil” para o espírito de alguns deles, diz o Evangelho: alguns deles o seguirão, outros o evitarão.

Existem outros sinais mais sensíveis e mais acessíveis?

Juntamente com o sacramento do altar, há o sacramento do irmão, em particular a diaconia dos pobres, “nossos professores”, segundo a bela expressão de São Vicente de Paulo, sinais da pobreza do Presépio e da Cruz, mas com uma condição: que nossa generosidade não se reduza a um simples compromisso humanitário.

“E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (1 Cor 13,3). Para que o sinal sensível se torne significativo para Jesus Cristo, ele deve ser motivado pela graça.

Deus pode intervir diretamente em nossa vida?

Claro que sim! Por exemplo, um encontro improvável que muda o caminho da minha vida e abre portas inesperadas, sem voluntarismo da minha parte, ou uma certeza interior que prevalece e se repete para lançar uma iniciativa bastante realista para não ser o resultado da ilusão.

Como discernir a autenticidade dos sinais de Deus?

A marca de Deus é reconhecida pelos seus frutos (Gl 5,22). Mas não podemos ser um juiz e uma parte, por isso é importante ter confirmação.

São João da Cruz vê três razões para isso: verificar a conformidade dos sinais com a palavra de Deus, confiar em outra pessoa para não se acostumar ao “caminho dos sentidos” que não durará, e para que “a alma permaneça na humildade, na dependência e na mortificação”.

Ao caminharmos sozinhos, poderíamos nos orgulhar de ser privilegiados pelos sinais. Uma terrível armadilha espiritual.

Podemos estar errados nesse ponto?

Se o coração não foi educado nas virtudes cardeais, purificado pelo exercício das virtudes teológicas, nutrido pela palavra de Deus e pela prática dos sacramentos, corre o risco de ser subjugado por suas paixões, vítima de deficiências emocionais, prisioneiro de sistemas compensatórios.

São distúrbios que prejudicam o exercício da liberdade e podem perverter os sinais de Deus, apropriando-os à sua vontade, em vez de serem conduzidos com confiança. É nisso que tudo se resume. Mas o Demônio pode obscurecer os sinais, parasitar seu significado.

Durante as tentações de Cristo no deserto (Lc 4,1-13), o Demônio exige sinais – prodigiosos, espetaculares, esplêndidos – que negam o realismo da condição humana e exaltam a onipotência com a finalidade de desviar Cristo de sua encarnação e de sua missão.

E nós mesmos, quando vamos ao deserto, pela atração da oração ou por um sofrimento solitário, não estamos protegidos dessas tentações.

O deserto é o lugar das miragens, a imaginação se desenvolve ali sem limites, até cairmos no orgulho ou no desespero, se não estivermos em uma atitude de adoração. Uma atitude em que a criatura se reconhece finita, pecaminosa e dependente de seu Criador.

Devemos esperar pelos sinais de Deus ou devemos pedir eles à Ele?

Podemos pedir eles a Ele, mas com humildade no coração e pobreza de espírito. Porque Deus não enviará necessariamente o sinal que esperamos. Ou, mais provavelmente, sua resposta será tão abundante que a consciência de nossa extrema pequenez diante de sua infinita grandeza crescerá em nós.

Em sua pedagogia divina, Deus nos guia gentil e firmemente, purificando nosso ávido coração e nossa mente cega que desejam “pôr a mão” em suas graças, como São Pedro queria colocar sua tenda no monte Tabor diante de Jesus Cristo transfigurado.

Deus nos chama a abandonar os pastos férteis da planície para subir aos picos mais secos, porém mais puros, gradualmente iluminando-nos de tudo que dificulta nossa união com Ele.

Assim, todos os santos passaram noites espirituais, seja ela a noite do significado, a noite do espírito, a noite de fé. Já sabemos que, no final de sua vida, até Santa Teresa do Menino Jesus duvidou que o Céu existisse!

Então, devemos desistir dos sinais sensíveis?

Sim, mas com cautela. Quando temos graça, esses sinais “são um caminho onde Deus [nos] guia, não há razão para desprezá-lo”, diz São João da Cruz. Seria presunçoso, então, negá-los, mas também perigoso se apegar à eles ou procurá-los por nós mesmos.

“Se eu já falei com você todas as coisas em minha Palavra, que é meu Filho, e não tenho outra, o que posso responder agora ou revelar que é mais do que isso?”, podemos ler em Subida ao Monte Carmelo, do mesmo São João da Cruz.

Na Antiga Aliança, “era conveniente para os profetas e sacerdotes que eles tivessem revelações e visões de Deus”, continua o doutor da Igreja, porque “a fé não foi bem fundamentada e a Lei Evangélica não foi estabelecida (…). [Mas] como ele nos deu seu Filho, que é sua Palavra, que não tem outra, ele falou tudo conosco juntos e ao mesmo tempo nesta única Palavra, e ele apenas precisa falar”.

Então, a santidade dispensa os sinais?

“Um trabalho ou ato de vontade realizado em caridade é mais precioso diante de Deus do que quantas visões (e revelações) e comunicações podem ter do céu”, diz São João da Cruz.

A Igreja nos dá os sinais de que precisamos, mas Jesus Cristo espera nossa resposta de fé, livre e segura, para acelerar seu retorno. “Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?” (Lc 18,8).

Maryvonne Gasse

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Como pedir proteção para o anjo da guarda


Edifa

ANIOŁ STRÓŻ

Por que nosso anjo da guarda às vezes não nos ajuda a evitar certas provações?

Todos nós temos um anjo da guarda que nos apoia, nos defende, nos acompanha diariamente e facilita nossa caminhada em direção ao céu. Mas essa jornada às vezes é repleta de provações durante as quais é possível que nos sintamos abandonados por ele. Será que esse é o caso ou é apenas uma impressão? E podemos culpar nosso anjo da guarda pelas provações que vivemos?

Tudo o que toca nossa vida interessa ao nosso anjo da guarda, sendo a alma espiritual e seu destino eterno a sua prioridade. É por isso que o anjo da guarda, especialista em adoração, nos ajuda especialmente nos momentos em que estamos em oração.

Ele ainda se interessa por nossa saúde mental e física, cuida de nossa existência até os mínimos detalhes da vida cotidiana. Ele é uma inspiração para que cumpramos nossos deveres, ou mesmo para encontrar a vaga de estacionamento de que precisamos!

“Vou enviar um anjo adiante de ti para te proteger no caminho e para te conduzir ao lugar que te preparei. Está de sobreaviso em sua presença, e ouve o que ele te diz. Não lhe resistas, pois ele não te perdoaria tua falta, porque meu nome está nele.”

“Mas, se lhe obedeceres pontualmente, se fizeres tudo o que eu te disser, serei o inimigo dos teus inimigos, e o adversário dos teus adversários. Porque meu anjo marchará adiante de ti e te conduzirá entre os amorreus, os hiteus, os ferezeus, os cananeus, os heveus e os jebuseus, que exterminarei” (Ex 23, 20-23).

A principal missão do anjo da guarda é, portanto, levar-nos ao “porto seguro”, para encontrar o Deus vivo. Ele é o “ministro da preocupação divina por todas e todos” (Bento XVI), tanto espiritual quanto materialmente.

Como, então, podemos conciliar essa compreensão do papel do anjo da guarda com os problemas e até as tragédias da vida?

Vemos, por exemplo, um anjo que livra os apóstolos da prisão (Atos 5, 19); a mesma coisa acontece com Pedro (Atos 12, 7-11). No entanto, esses anjos não impedirão o seu martírio, no tempo de Deus.

O anjo da guarda não evita as provações que nos ajudam a crescer espiritualmente

O anjo vê e almeja acima de tudo a nossa finalidade, nossa vocação última, nossa santidade. Nesse sentido, nossos anjos da guarda participam ativamente do combate espiritual “contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos malignos que estão nas regiões celestes” (Ef 6, 12).

No entanto, o Santo Padre Pio foi abandonado por seu anjo da guarda no momento de uma terrível luta contra o Maligno: “Eu o repreendi severamente por ter sido obrigado a esperar tanto tempo, quando não parei de pedir ajuda. Para puni-lo, eu não queria mais olhá-lo na cara, queria fugir dele… Mas ele quase se juntou a mim em lágrimas. Ele me agarrou até que eu olhei para cima, olhei no rosto dele e ele estava com muita raiva”.

E o anjo explicou ao Padre Pio que ele recebeu instruções do Senhor para fazê-lo, tranquilizando-o: “Estou sempre perto de você, meu caro pequeno, sempre o envolvo com carinho”.

À luz desse propósito – a vida eterna – é preciso observar os aborrecimentos e os testes crucificantes da existência. Para esse fim, o anjo às vezes pode agir fortemente.

O anjo de Santa Francisca Romana deu-lhe um tapa forte, enquanto ela estava à mesa em uma refeição mundana, caluniando uma pessoa! Todos ouviram o barulho e viram a marca vermelha na bochecha da santa!

Nosso anjo, portanto, não vai nos salvar de certas provações que nos levam ao crescimento espiritual. No entanto, ele orará por nós e nos acompanhará no centro de cada combate.

Pensemos em Santo Inácio de Loyola, que teve sua perna quebrada no cerco de Pamplona ou, em São João da Cruz, lançado por Dandara Carmona nos calabouços. Pode-se indignar que seus anjos não tenham impedido esse sofrimento.

No entanto, foi através desses eventos que as vidas de ambos foram viradas de cabeça para baixo. “Em sua sabedoria”, diz Santo Agostinho, “Deus prefere tirar o bem do mal, em vez de não permitir o mal”.

domingo, 14 de junho de 2020

Não faça do hoje apenas mais um dia comum como tantos outros dias


Bom dia! | Blog Super Bonita

Para muitas pessoas que habitam esse globo terrestre o hoje é apenas mais um dia como tantos outros dias. Faça sol ou um dia chuvoso, é mais um dia comum, assim vão levando suas vidas sem entenderem o que significa viver. Enquanto escrevo pensamentos em linhas imaginarias de um papel em branco numa noite de sábado que está chovendo, e os pingos da chuva que caem sobre o telhado entoam uma doce canção que me faz uma pergunta.

Porque você reclama tanto da vida, ao mesmo tempo me dá uma ordem. Sai desse quarto escuro, viva, não fique olhando de uma janela a vida passar diante dos seus olhos, pare de mendigar migalhas que caem da mesa daqueles que mentem, roubam a tua dignidade e te violentam em vários aspecto da vida, seja pleno mesmo que os dias sejam de pandemia que vai além desse coronavírus.

Há um vírus pior, esse vírus tem vários nomes, depende da pessoa que o contraiu. Uns o chamam de egoísmo outros de hipócrita, injustiça, corrupção e entre tantos outros nomes.

Voltando ao ponto inicial, cada dia não pode ser vivido como se fosse um dia comum, viva cada dia de sua vida com intensidade, aprecie o contemple porque cada dia vivenciado nunca será o mesmo.

A cada amanhecer diga obrigado meus Deus por mais um dia, pelo sopro de vida que corre em minhas narinas, por eu poder olhar para pessoa amada e dizer um eu te amo com um olhar, um sorriso, um gesto, com uma palavra. A pessoa amada que me refiro são todas as pessoas do nosso convívio familiar e social.

Quando os dias Tempestuosos chegarem, sorria, não fique murmurando, toda tempestade uma hora passa, e quando passar vem a bonança que nos ensina a ser melhor do que ontem no hoje que nos inspira por ser um novo dia.