Só o amor dá orientação à vida, salva do sem-sentido da existência, confere plenitude ao ser e nos eterniza no tempo
Todo ser humano anseia por encontrar o amor, viver o amor e morrer com a experiência de ter se sentido amado. Não se pode viver sem acreditar no amor. Esta busca constante nos levou a exigir provas da sua existência, mas infelizmente buscamos em outras pessoas o que deveríamos começar a buscar em nós mesmos.
Este é o primeiro grande erro: buscar o
amor em outros, e não no próprio interior e nas próprias certezas. Achamos que
os outros devem nos convencer de que não estamos diante de uma fantasia e que
somente quando fizerem isso é que chegaremos à conclusão de que não vivemos em
um conto de fadas.
Amadurecimento
Desconhecemos uma grande verdade: o
amor existe em quem acredita nele, pois este já é um indício da sua presença. O
que acontece é que precisamos de educação, guia, amadurecimento para que isso
que começou como uma mera exaltação dos sentidos e das emoções se torne uma
decisão que nada nem ninguém poderá arrancar do nosso coração.
Mas o que pensar daqueles que, nesta
busca por conhecer a força de um amor, são capazes de pedir provas disso?
Não existem provas de amor, pois o que
hoje se pode fazer por alguém amanhã pode ser que já não se faça. E qualquer
prova pedida é uma forma de manipulação velada. No amor, podemos usar a mesma
fórmula cristã da proibição do juramento: é preciso dizer sim ou não.
Acreditamos no amor ou não. Neste sentido, o que conta é a sinceridade.
Vocação
Amar é a vocação de todo ser humano.
Fomos criados para o amor; ele é o nosso começo, nosso meio e nosso fim. Mas,
neste incessante desejo por possuí-lo, por experimentá-lo, cometemos grandes
erros, pois podemos achar que, para chegar a ele, qualquer coisa é válida,
incluindo pisotear os outros.
Não se constrói uma vida sobre as
cinzas de outra. Quem nega aos outros o direito ao amor, acaba o negando a si
mesmo. Não podemos viver o amor sozinhos, porque ele é uma vocação de todos.
O amor, como tal, não busca nem sequer
instaurar a justiça, porque a justiça pode existir sem o amor. O amor é capaz
de ir além da justiça, vai além do merecimento, para tornar-se doação total.
Atitude
O problema de tudo isso radica no fato
de que não compreendemos que o amor também precisa de treino, ensino,
aprendizagem, para sermos capazes de assimilar que nem tudo se reduz a um belo
sentimento (que, quando desaparece, nos faz acreditar que tudo acabou). O amor
não é movido por fortes emoções; amor é comportamento, atitude permanente,
doação irrestrita.
Não estamos falando de algo que possa
ser encontrado na esquina da paixão nem na simplicidade da simpatia e do
enamoramento. O amor tem pele, mas não é epidérmico; tem beijos, mas não busca
a paixão; tem abraços, mas não é possessivo; tem corpo, mas não se reveste de
genitalidade.
Estamos falando daquilo que é essencial
ao ser humano e, portanto, é o que o levará à perfeição da vida.
Só o amor dá orientação à vida, salva
do sem-sentido da existência, confere plenitude ao ser e
nos eterniza no tempo. Quem quer ser, precisa amar, e quem ama se torna um
“deus” sem ser Deus.
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