sábado, 18 de janeiro de 2020

Médico católico funda hospital e atende 500 pessoas por dia em região de guerra e fome



Conheça a história de Tom Catena, um médico que trocou os Estados Unidos pelo Sudão e fez jus ao verdadeiro sentido de sua profissão

Se há no coração o desejo de ajudar os que vivem no desespero e são ignorados, pode-se perder o coração pela África. Aconteceu a um jovem médico estadunidense. Nascido e crescido com esta ideia na cabeça em Nova Iorque, o diploma de médico de Tom Catena na Duke Univesity Medical College tinha apenas um significado. Prestar serviço aos mais necessitados em um ambiente rural. Não importava qual seria este lugar no mapa mundi. Depois de um breve período como médico na Marinha dos Estados Unidos, chegou finalmente o momento de partir para uma missão. Missão que coloca-o em confronto com experiências dramáticas: a de um médico que tenta fazer funcionar as coisas entre perigos e frustrações que se concentram nos Montes Nuba na parte sul do Sudão, onde até agora somente a fé mantém a coragem.

Embora inicialmente a meta deveria ser o Quênia, o destino indicou o Sudão como seu porto final. Na última década, o doutor Tom Catena tornou-se um nome famoso nas colinas Nuba e não apenas pelo seu serviço desinteressado aos pobres. Fundou e administra a “Mãe da Misericórdia”, um hospital de 430 leitos que se destaca numa área deserta. Esta estrutura hospitalar permitiu a sobrevivência de muitas vítimas das violentas campanhas pelo poder do ex-presidente do Sudão Omar al Bashir. Tom concentra grande parte dos seus esforços também no aspecto humanitário e sonha deixar as Colinas Nuba em situação melhor do que era na sua chegada

Viver na África, confidencia o médico foi uma escolha sua. Ele gosta a da ideia de estar em um lugar e começar a fazer parte da comunidade. Porém, como as dificuldades não faltam na África, a pergunta é o que o levou a deixar a comodidade da sua casa de Nova Iorque para viver nos Montes Nuba.

Para o médico, o motivo é bastante simples. “Quando eu estava na universidade, ainda antes de ser médico, sempre quis ser um missionário e este desejo foi o que me levou a estudar medicina”. Conta que depois da formatura em medicina, e depois de 4 anos na Marinha dos Estados Unidos, começou a fazer parte do “Catholic Medical Mission Board” de Nova Iorque que na realidade foi a passagem para trabalhar em uma zona rural.

“Então escolhi o Quênia, em uma localidade chamada Mutomo, onde há um hospital administrado pelas irmãs irlandesas da Misericórdia”. Depois de algum tempo transferiu-se para a capital Nairobi onde trabalhou por cinco anos. “Enquanto estava no Quênia – recorda – ouvi falar do Sudão, do fato que a guerra civil destruía o país e não contava com estruturas sanitárias”. E acrescentou: “Ouvi falar que havia algumas ONGs que trabalhavam ali, mas que estavam saindo por causa do conflito, Parecia-me uma situação muito desesperada!”

Apesar das notícias provenientes dos Montes Nuba, aquela realidade que se ouvia falar atraia-o a ponto de buscar todas as informações possíveis. Dom Macram Max Gassis, hoje bispo emérito de El Obeid, na época estava construindo um hospital nos Montes Nuba. “Fui em busca de seu contato. Falei com ele e juntos abrimos o hospital. Iniciamos a trabalhar em 2008”.

Enquanto conta a sua história, transparece toda a fé de Tom Catena. “Sou um daqueles que se pode definir de berço católico” diz. E explica: “Cresci como católico romano. Os meus pais são praticantes muito devotos. Meu pai foi um grande exemplo para mim. Ia à Missa todos os dias e nos educou realmente na fé, assim como minha mãe. Eles tinham uma fé muito sólida e creio que cresci com essa ideia”. O médico recorda alguns momentos na universidade quando tinha amigos evangélicos e alguns temiam que se convertesse. Mas afirma que aquelas amizades foram importantes porque “através deles, creio que eu tenha amadurecido a ideia de ser missionário”. Depois da faculdade, prossegue, “voltei a um catolicismo mais ortodoxo. Penso então que tive muita sorte ao longo da minha vida, de sempre ter ao meu lado pessoas fortes na fé, capazes de me guiar, me orientar”.

Desde que se transferiu para os Montes Nuba dedica-se aos mais necessitados fazendo disso a coisa mais importante da sua vida. Sua jornada típica, é trabalho e montanha. “Geralmente levanto-me as 5h30 da manhã e tendo a sorte de ter um sacerdote conosco vou a missa todos os dias. Tom reza o Terço ao longo do caminho que o leva à Missa, que inicia às 6h30 e termina as 7h. Depois de uma breve refeição em casa, vai ao hospital onde começa a trabalhar as 7h30.

Das 7h30 em diante, doutor Tom trabalha do ambulatório à sala de cirurgia, da administração aos serviços gerais hospitalares todos básicos para o atendimento dos pacientes. Em dias intensos, chega a consultar até 500 pacientes antes de ir à sala operatórias para os casos mais graves… “E também atendo casos urgentes durante a noite, voltando ao hospital. As jornadas são cheias e o trabalho é bem cansativo”, conta. É extenuante física e emotivamente, principalmente quando o êxito das intervenções não são positivos ou os casos são muito difíceis. Realmente é um trabalho duro”.

Mesmo sendo um trabalho que requer muita concentração, o doutor Tom fala de momentos nos quais incursões militares interromperam a rotina hospitalar. “Houve momentos nos quais estávamos na sala operatória, com pacientes deitados para serem operados, ouvíamos os aviões chegando. Depois começava o bombardeio devíamos tomar uma decisão. Algumas vezes continuávamos fazendo a cirurgia, ou o atendimento. Outras íamos para o chão da sala esperando o fim do bombardeio”.

O doutor Tom diz que o mais frustrante para um médico que trabalha nos Montes Nuba não é tanto o medo de perder a própria vida, quando “estar longe de tudo e não ter instrumentos necessários para o trabalho, tendo que enfrentar os limites do nosso conhecimento”. “Somente a fé”, admite, “nos permite ir adiante, sabendo que Deus está conosco apesar das dificuldades e dos problemas”.

Comenta que a queda de Omar al Bashir foi uma bênção para o povo Nuba, acrescentando que o governo de transição comunicou que “agora, depois de 30 anos, pela primeira vez no Sudão há alguma esperança de encontrar uma solução pacífica aos conflitos, o de Darfur e em outros lugares do Sudão”.

Alguns acontecimentos interessantes marcaram profundamente a vida de Tom. O médico que ajuda os corações feridos a reconstruir suas vidas, perdeu seu coração por uma nubiana, nascida nas montanhas e que frequentava a escola. “Casamos em 2016 e isso foi algo maravilhoso. Foi uma grande mudança na minha vida. Tornou meu trabalho mais fácil, sabendo que há alguém com quem compartilhar as dificuldades”, conta Tom.

Agora o maior sonho do médico dos Montes Nuba é o de deixar o lugarejo em melhores condições do que encontrara. Com o esforço pessoal e de pessoas que boa vontade com recursos, Tom Catena conseguiu o seu objetivo que é o da formação profissional das pessoas locais na área médica em vários setores.

Hoje, o Hospital Mãe da Misericórdia pode contar com uma equipe de profissionais qualificada, entre os quais 27 enfermeiros, médicos e farmacêuticos. Em breve tempo o hospital receberá quatro médicos nubianos especializados. Os primeiros formados com doações privadas.

Na realidade, a profissionalização das pessoas, ou melhor o “capacity building” é algo que está no coração do doutor Tom. “Para mim é muito importante  para todos os que trabalham no mundo em desenvolvimento. Deve-se trabalhar com as pessoas locais. Portanto, se as pessoas não são treinadas para isso, essa será a primeira providência”.

Em outubro deste ano, Tom Catena foi convidado a participar do “World Health Summit” na Alemanha. O crescimento das competências foi uma das preocupações apresentadas naquele encontro. “A chave de sucesso com o pessoal – diz com certeza – é a possibilidade de formar gente local para lhes permitir de alcançar o seu mesmo nível e até mesmo superá-lo, de modo que quando se vai embora, deixe tudo funcionando”. Porque, acrescenta, “esta é uma parte importante do trabalho que fazemos nos Montes Nuba e queria apresentá-la à cúpula do mundo da medicina”.

Em 2017, o doutor Catena recebeu o “Prêmio Aurora” pelo despertar da humanidade. A recompensa em dinheiro, obtida com o prêmio foi útil para levar adiante seu trabalho nos Montes Nuba, especialmente para a formação. Em 2018 doutor Tom foi nomeado presidente da iniciativa humanitária “World Wide Aurora”, papel que faz em concomitância com sua atividade no sul do Sudão.

A sua principal preocupação é a de sensibilizar e envolver as pessoas no trabalho humanitário. “Todos podem ser envolvidos nisso, não importa o que se faz, não importa seu trabalho, seu nível de retribuição. Qualquer coisa que você faça, pode ser envolvido, mesmo apenas em sentir-se sensibilizado”.

Por Godfrey B. Kampamba, do Vatican News

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Documentário - Os Primeiros Cristãos

3 de janeiro, o dia do Santíssimo Nome de Jesus


Redação da Aleteia

JEZUS

A “Oração a Jesus“ ou “Invocação ao Nome de Jesus“ é uma prece antiquíssima, cuja popularização contou com grande influência dos Padres do Deserto

AIgreja celebra hoje, 3 de janeiro, o Santíssimo Nome de Jesus, que, obviamente, foi honrado e venerado na Igreja desde os primeiros tempos (cf. Fp 2,10), mas em cuja honra só se formalizou um culto litúrgico a partir do século XIV.

O grande propagador desta devoção foi o franciscano São Bernardino de Siena (1380-1444), que costumava divulgar uma imagem da Eucaristia emitindo raios de luz, sob o monograma “IHS“, abreviação do Nome de Jesus em grego. Mais adiante, a piedade popular daria a esta mesma sigla uma nova interpretação: “Iésus Hóminum Salvátor“, que, em latim, quer dizer “Jesus Salvador dos Homens“. Santo Inácio de Loyola, aliás, faria deste monograma o emblema dos padres jesuítas.

O nome Jesus vem do hebraico “Jeshua“, “Joshua” ou “Jehoshua”, que significa “Javé é Salvação“.

O Santíssimo Nome de Jesus foi dado pelo céu. São Lucas nos diz em seu Evangelho:

“Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o Nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno” (Lc 2, 21).

E o Novo Testamento afirma:

“Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o Nome que está acima de todos os nomes, para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor” (Fil 2, 9-11).

A Invocação ao Nome de Jesus

A “Oração a Jesus“ ou “Invocação ao Nome de Jesus“ é uma prece antiquíssima, cuja popularização contou com grande influência dos Padres do Deserto. Uma primeira forma desta oração foi mencionada por São Diádoco de Foticeia, monge asceta da Grécia no início do século V. A prece foi depois inserida na coletânea de textos espirituais conhecida como Filocalia (ou Philokalia), que veio a se tornar um livro básico da tradição cristã oriental, tornando-se muito popular nas igrejas ortodoxas, particularmente na Rússia, onde foi ainda mais difundida por outro clássico da literatura espiritual: Relatos de um Peregrino Russo, do século XIX.

É uma simples e riquíssima tradição, focada em Jesus e na Sua misericórdia. Estas são algumas das várias formas diferentes de fazer a mesma prece:

Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim!

Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tende piedade de mim, pecador!

Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tende piedade de nós, pecadores!

Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor, tende piedade de nós, pecadores!

Senhor Jesus, misericórdia!

Alguns frutos da confiante invocação do Nome de Jesus


Oferece ajuda nas necessidades corporais, segundo a promessa de Cristo: “Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados” (Mc 16,17-18).

No Nome de Jesus, os Apóstolos deram força aos aleijados (At 3,6; 9,34) e vida aos mortos (At 9,40).

Dá confiança nas provações espirituais. O Nome de Jesus recorda ao pecador o “pai do filho pródigo” e o bom samaritano; ao justo, recorda o sofrimento e a morte do inocente Cordeiro de Deus.
Protege-nos de Satanás e de suas artimanhas, pois o diabo teme ao Nome de Jesus, quem o venceu na Cruz.

No Nome de Jesus, obtemos toda bênção e graça no tempo e na eternidade, pois Cristo disse: “O que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará” (Jo 16,23). A Igreja costuma terminar as suas orações com as palavras “Por Jesus Cristo, nosso Senhor”, cumprindo assim o que escreveu São Paulo: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos” (Fl 2,10).

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Medite sobre o amor de Maria e José pelo Menino Jesus


Por: Philip Kosloski

HOLY FAMILY

Após o nascimento de Jesus, seus pais o olharam com um amor que nós deveríamos imitar

O Natal é uma oportunidade perfeita para usar nossa imaginação durante a oração. Especialmente para os pais, pode ser uma experiência poderosa meditar no terno amor que José e Maria tiveram pelo filho recém-nascido.

Em um livro de orações do século XIX, o autor olha para o casal sagrado e pondera o que estava acontecendo em seus corações. Primeiro, podemos imaginar o imenso amor que Maria teve pelo menino Jesus:

É Jesus, o grande Deus do céu, que veio viver e sofrer como uma criança pequena, para que possamos ver o quanto Ele nos ama e como deseja estar conosco.

Ele não está sozinho. Uma jovem e gentil mãe se inclina sobre ele. Seus olhos estão cheios de amor e adoração.

Uma mãe terna e vigilante.

A Terra nunca viu uma mãe assim. Nunca pode haver outra igual a ela, tão pura, tão santa, como uma flor de lírio branco e impecável entre os espinhos escuros da terra.

Ela não tem lugar melhor nesta noite para colocar seu bebê recém-nascido.

É Maria, nossa Mãe Maria.

Sua e nossa mãe para sempre.

Depois de meditar sobre o amor que Maria tinha por Jesus, podemos voltar nossos pensamentos a José e a toda admiração que ele deve ter sentido:

Um homem sério e pacífico os vigia, calmo no meio de toda essa cena de pobreza.

Nada pode perturbá-lo, nada o assusta, pois seu coração pertence a Deus, àquela criança cujo pai adotivo ele é a partir de agora.

É José, nosso querido São José.

José deve ter tido muito o que contemplar naquela noite de Natal. Ele nunca esperava ser o pai-guardião do Messias.

É providencial que a época do Natal tenha uma “oitava”, oito dias durante os quais a Igreja celebra o dia de Natal, refletindo sobre os muitos mistérios revelados naquela noite.

Para nós, vamos tentar lembrar a noite de Natal e meditar sobre os santos pais de Jesus, colocando-nos com eles, até segurando o Menino Jesus em nossos próprios braços. Que a paz que eles sentiram esteja conosco e, esperançosamente, permaneça conosco pelo resto do ano.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Novo filme de Terrence Malick é uma lição de resistência à pressão dos colegas


Michael Rennier

Film Une vie cachée

“Uma vida oculta” é a história inspiradora de Franz Jagerstatter, cuja coragem e integridade podem ajudar a moldar-nos

Onovo filme de Terrence Malick, A Hidden Life (Uma vida oculta/Uma vida escondida), lançado nos cinemas este mês, é baseado na história real do beato Franz Jagerstatter, um agricultor austríaco, casado e pai de três filhos, que foi recrutado como soldado do exército alemão em 1943.

Mesmo que os horrores dos campos de concentração nazistas ainda não haviam sido revelados, ele tinha certeza de que a guerra estava errada. Pior ainda, todos os soldados do exército eram obrigados a prestar juramento de lealdade a Hitler.

Franz estava disposto a encontrar uma maneira de servir no exército, se fosse necessário, talvez num hospital, mas estava absolutamente decidido que não juraria lealdade pessoal a Hitler. No filme, enquanto os homens se alinham à esquerda e à direita diante do comandante, levantam a mão direita e fazem um juramento, Franz permanece com os dois braços ao lado, os lábios imóveis. Ele não trairá suas convicções internas. Por sua coragem, ele é jogado na prisão e, depois, executado.

Depois de assistir ao filme, fiquei refletindo muito. Tenho uma mente independente e autoconfiante em relação ao certo e ao errado, mas teria sido tão íntegro quanto Franz?

Pensei ainda: como tenho reagido à pressão dos colegas? Olhando para trás, é fácil afirmar que eu teria agido como Franz, que todos sabiam que Hitler era mau e que ninguém com um pingo de fibra moral teria cooperado com ele.

Mas aqui está o que me incomodou: tenho certeza de que eu teria prestado juramento. De alguma forma, eu teria me convencido de que era justificável, que estava fazendo isso pela minha família, que não havia problema em mentir para homens maus, que eu estava sendo forçado a fazê-lo e que não era minha culpa.

Na aldeia de Franz, St. Radegund, todos os outros juraram e lutaram pelos nazistas. Seus vizinhos não eram homens maus, estavam apenas tentando sobreviver, mas a cumplicidade deles deixou Franz isolado e sozinho.

No filme de Malick, enquanto Franz debate se vai prestar juramento ou não, ele está sujeito à pressão dos colegas em todas as direções. Seus amigos dizem que ele será executado e deixará seus filhos órfãos – ele estaria abandonando sua família, dizem eles.

O prefeito argumenta agressivamente que ele está envergonhando toda a vila. Amigos e vizinhos se voltam contra ele, zombam dele e evitam-no. Na prisão, ele é repetidamente interrogado e pressionado a mudar de ideia. Eles dizem que sua postura moral não tem sentido, que ele perderá a vida por nada e que tudo o que precisa fazer é prestar juramento e dizer algumas palavras insignificantes para ser libertado. Até o próprio advogado que o defende no julgamento militar tenta forçá-lo a mudar de ideia.

Tenho certeza de que toda essa pressão afetou Franz. A pressão dos colegas não funciona apenas em crianças em idade escolar; os adultos são influenciados diariamente. Há pressão para ter um casamento perfeito, uma casa digna de uma revista, uma carreira de sucesso. Há pressão para nunca questionar as normas sociais, seguir o fluxo e não causar problemas. Qualquer pessoa que vote no político errado ou expresse uma opinião antiquada – mesmo que seja algo que todos acreditamos há alguns anos atrás – pode ser evitada ou ridicularizada.

Isso pode ocorrer de várias maneiras. Na minha própria vida, por exemplo, não como carne às sextas-feiras, pois ainda é uma prática penitencial normativa para os católicos. Até isso causa uma pressão sutil dos colegas, porque eu tenho que escolher restaurantes específicos se encontrar um amigo na sexta-feira e, ocasionalmente, chego a um jantar de sexta-feira à noite apenas para parecer rude por não comer.

Eu também sou pai de seis filhos e há pressão dos pais de todos os cantos. As crianças não praticam esportes o suficiente, não têm as roupas certas nem os eletrônicos mais novos, são muito restritas em quais filmes podem assistir e com quem podem brincar… isso continua e continua. A pressão dos colegas geralmente não é explícita, mas existe muito e é uma poderosa influência em nossas decisões.

Como podemos resistir?

Primeiro, precisamos estar cientes de como a pressão dos colegas está nos afetando. Estamos sendo indevidamente influenciados por outros a ponto de estarmos sendo falsos em nossa própria consciência?

Isso pode acontecer facilmente, porque na verdade existem dois fatores na tomada de decisões: um processo racional, pelo qual logicamente pensamos em nossas decisões; e um componente emocional, que está diretamente conectado à nossa sensação de bem-estar.

Basicamente, quando tomamos uma decisão que nos ajuda a nos encaixar em um grupo, nosso cérebro libera uma substância química chamada dopamina, que nos faz sentir calmos. Isso é particularmente forte no cérebro dos adolescentes, mas também afeta os adultos. Ela fornece forte motivação para tomar uma decisão simplesmente porque assim a pessoa se sente bem.

Quantas vezes decidimos fazer algo apenas pela influência de outra pessoa? Precisamos entender como a pressão dos colegas atua em nosso cérebro e desenvolver um forte senso de autoestima e confiar em nós mesmos. Franz Jagerstatter levou um tempo para refletir sobre sua decisão. Ele sabia que estava certo e se recusou a deixar alguém convencê-lo disso. Ele não era um homem teimoso e de mente fechada. Ele discutiu sua decisão com a esposa, por exemplo, mas nunca permitiu que o impulso emocional superasse a razão e seu compromisso de fazer o que sabia ser o certo.

Todos estamos sujeitos à pressão dos colegas e não há como escapar dela (embora possa ser aconselhável riscar as pessoas prejudiciais de nossas interações diárias). O mundo é um lugar maravilhoso, e a diversidade de nossas opiniões, a maneira como influenciamos e ensinamos uns aos outros pode ser realmente bonita.

Acho que nenhum de nós gostaria de estar totalmente isolado. Mas viver em sociedade significa que nos depararemos com a pressão dos colegas. O beato Franz Jagerstatter nos mostra como podemos enfrentar isso.

No final, Franz morreu com a morte de um mártir, mas, ao contrário do que todos disseram, ele não foi esquecido. Ele não só foi beatificado pela Igreja – um passo importante na canonização de um santo – como também virou filme sob as mãos de um dos diretores mais talentosos de nossa época.

Acontece que fazer a coisa certa, ser fiel a si mesmo e proteger sua integridade pessoal são qualidades altamente valorosas. Aqueles que resistem à pressão dos colegas, ao que parece, são as pessoas que mudam o mundo.

domingo, 15 de dezembro de 2019

BloggerFlix - À Procura Da Felicidade





Um filme Inspirado em uma história real, À procura da felicidade narra a trajetória de Chris Gardner, um pai de família que passa por problemas financeiros e é abandonado pela esposa.

Interpretado por Will Smith, Chris se vê na posição de pai solteiro e precisa cuidar de seu filho, Christopher, de cinco anos.

Ele consegue um estágio em uma corretora de ações devido à sua habilidade como vendedor, mas o trabalho não é remunerado.

Com tantos problemas financeiros, Chris e o filho são despejados e passam a viver em abrigos, banheiros públicos e estações de metrô.
Chris, no entanto, nunca abandonou a motivação para mudar a sua realidade.

O filme de superação conta a trajetória dele até se tornar um milionário, atuando como corretor da bolsa de valores.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

A Trindade - Capitulo II - O procedimento neste estudo sobre a Trindade


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Considerando o precedente, com a ajuda de nosso Deus e Senhor e conforme nossa capacidade, empreenderemos a tarefa que nos pedem, e assim demonstraremos que a Trindade é um só e verdadeiro Deus, e quão retamente se diz, se crê e se entende que o Pai, o Filho e o Espírito Santo possuem uma só e mesma substância ou essência.

Assim não poderão afirmar, por assim dizer, que enganamos os adversários com nossas pretensões. Mas que se convençam pela própria experiência de que existe aquele sumo Bem, só visível às mentes muito puras. 

E se eles não podem compreender, é porque o limitado olhar da inteligência humana não é capaz de se fixar nessa luz sublime, se não for alimentado pela justiça fortalecida pela fé. 

Primeiramente, porém, é preciso demonstrar pela autoridade das santas Escrituras, a certeza de nossa fé. 

Em seguida, se Deus assim quiser e ajudar, atenderemos a esses gárrulos raciocinares mais cheios de si do que capazes, vítimas de um mal deveras perigoso, a fim de que encontrem uma doutrina da qual não possam duvidar.

Se não quiserem se convencer, queixem-se antes da debilidade de suas mentes do que da verdade, ou mesmo da nossa argumentação. 

Se neles ainda restar algum amor ou temor a Deus, retornem aos princípios e à ordem da fé, e assim experimentem a saudável medicina dos fiéis, existente na Igreja, de modo que uma piedade autêntica cure a mente doentia incapaz de perceber a verdade imutável, e leve a evitar que a temeridade desregrada os faça emitir opiniões maldosamente falsas. 

Não me cansarei de procurar, se tiver alguma dúvida; e não me envergonharei de aprender, se cair em algum erro.



Referências: Patrística - Santo Agostinho - A Trindade - Vol. 7. Editora Paulus.