Aleteia Brasil
“Há uma lacuna deixada
pela família no campo afetivo desses jovens. Infelizmente, muitos adolescentes
não têm certeza de que são amados por seus pais”
Uma pesquisa que
envolveu mais de 6 mil adolescentes de 12 a 15 anos, publicada em dezembro de
2019 pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), aponta que os estudantes
cujos pais são permissivos ou negligentes têm o dobro de probabilidade de uma
iniciação sexual precoce, o que tem relação com a percepção de desinteresse dos
pais pela sua rotina e a consequente busca de atenção e carinho em parceiros
sexuais.
A mesma pesquisa também
indica, porém, que, em vez de preencherem o vazio emocional, esses adolescentes
tendem a desenvolver novos problemas emocionais, como ansiedade, depressão e
transtornos alimentares – sem falar no risco de gravidez, já que não existe
método contraceptivo 100% eficaz, e no de contrair alguma doença sexualmente
transmissível (DST).
A psicóloga e
orientadora familiar Lélia Bueno de Melo, consultada pela reportagem do site
Sempre Família, do jornal paranaense Gazeta do Povo, comenta:
“Há uma lacuna deixada
pela família no campo afetivo desses jovens. Infelizmente, muitos adolescentes
não têm certeza de que são amados por seus pais”.
Ela acrescenta que
essas experiências sexuais imaturas afetam a autoestima do adolescente e a sua
capacidade de estabelecer relacionamentos sólidos, porque os momentos íntimos
sem compromisso levam o adolescente, ainda em fase de conhecimento do próprio
corpo e de organização dos próprios pensamentos, a buscar relações românticas
superficiais e, por conseguinte, a sentir maior dificuldade em estabelecer
vínculos sólidos.
A coordenadora do
estudo é a doutora em psicobiologia Zila Sanchez, que também coordena o Núcleo
de Pesquisa em Prevenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas da Unifesp. Ela
observou, ainda, que os adolescentes com vida sexual ativa têm mais chance de
usar substâncias ilícitas, além de tabaco e álcool, que reduzem a percepção de
risco e os fazem sentir-se “corajosos” para experimentar comportamentos
perigosos.
Lélia ressalta a
importância da tarefa dos pais de desenvolver uma boa autoestima dos filhos, o
que envolve explicar com naturalidade que a atividade sexual está ligada ao
conceito que eles têm de si mesmos:
“É preciso valorizar a
sua dignidade como pessoa. Nós nascemos para ser amados profunda e
inteiramente, então precisamos disso em nossos relacionamentos. Pais afetivos,
fortes e atuantes favorecem o desenvolvimento normal da saúde afetiva e sexual
do adolescente. Quem é amado não se vende barato”.
Não custa lembrar que a
televisão, o cinema e muitos portais na internet apresentam o sexo na
adolescência como parte da rotina dessa fase da vida, induzindo os adolescentes
a buscarem experiências precoces também na tentativa de se sentirem parte do
rebanho. Este é outro aspecto recorrente da baixa autoestima.
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