Padre
Reginaldo Manzotti
Uma pessoa madura na fé
consegue integrar e trabalhar a sua vida psíquica, afetiva, emocional, social e
espiritual
Assim como em nossa
vida profissional e afetiva, a maturidade é importante também na vida
espiritual. A maturidade de fé é colocada de forma muito frequente nos escritos
de São Paulo. Ele próprio passou de infantil, imaturo na fé, para um maduro na
fé. Jeremias também passou por esse processo, de espiritualidade infantil, para
uma maturidade na fé. E, a Bíblia está repleta de exemplos.
Não podemos achar que
já estamos prontos e nos colocarmos numa atitude imutável. Frases como: “Eu fui
sempre assim, eu não mudo”, ou “Desde criança sou assim e na minha idade já não
há muito que mudar” estão erradas. O itinerário e a maturidade cristã são
etapas próprias da virtude da prudência que é fruto da maturidade psíquica,
afetiva, física e espiritual.
Uma pessoa madura na
fé, que constitui maturidade na vida cristã, consegue integrar, consegue
trabalhar a sua vida psíquica, afetiva, emocional, social, e espiritual. Negar
um desses aspectos é forjar uma falsa maturidade.
Existem pessoas que
carregam neuroses afetivas, por exemplo: de um pai de uma mãe que marcaram
negativamente e causaram traumas. Se essa neurose não curada é transferida para
a religião, é transferida para Deus, essa neurose que é afetiva, se torna uma neurose
espiritual. A neurose que é transferida para Deus acaba gerando uma imagem
distorcida do Deus verdadeiro para um Deus punitivo, vingativo ou justiceiro.
Pessoas fanáticas são
exemplo de uma neurose espiritual. Pessoas que não conseguem conviver em paz
dentro de um ambiente religioso. Pessoas que não conseguem somar numa pastoral
podem sofrer de neurose espiritual.
Há pessoas que são
excelentes trabalhando sozinhas. Capazes de levar um caminhão carregado de
toras, mas se pedirmos que carreguem junto com os demais, não sabem dividir o
peso. Essas características que herdamos, traumas que trazemos são obstáculos
para a maturidade da fé.
Um dos elementos da
maturidade da espiritualidade é colocar a razão sobre a paixão. O texto da
Carta aos Efésios nos ajudará a entender. São Paulo fala:
“Até que todos nós cheguemos à unidade da fé e
do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homens feitos, de
acordo com a idade madura da plenitude de Cristo a estatura da maturidade de
Cristo” (Ef 4,13).
Portanto, a meta de
todo o cristão é chegar à maturidade da pessoa em Cristo.
A força dinâmica e o
amadurecimento da vida espiritual estão
na Primeira Carta aos Tessalonicenses:
“Com efeito, diante de
Deus, nosso Pai, pensamos continuamente nas obras de vossa fé, nos sacrifícios
de vossa caridade e na firmeza de vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo,
sob o olhar de Deus, nosso Pai” (1Tes 1,3).
Temos neste trecho
palavras importantes: maturidade espiritual e obras de fé. Quem é maduro
transforma a fé em obras. A fé descomprometida é uma fé mágica, supersticiosa e
a superstição é sinal de imaturidade.
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