Parece estranho, mas essas alternativas de alimentação são encaradas com seriedade crescente por muita gente – e gente importante
A necessidade de dobrar a produção mundial de alimentos nas próximas três décadas está levando governos, cientistas e empreendedores a explorar novas (e por que não dizer, repulsivas) fontes de nutrientes e a alargar o conceito do que pode ser considerado comida. Em laboratórios e criadouros ao redor do planeta são desenvolvidos agora, com vistas a forrar o seu estômago em um futuro próximo, soluções como bifes de proveta, insetos comestíveis e até mesmo formas de alimentação sem alimento.
Ainda que pareçam esquisitice, essas alternativas passaram a ser encaradas com seriedade crescente por muita gente – e gente importante. Há uma semana, aOrganização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) reuniu na Holanda especialistas de todo o planeta para a conferência Insetos para Alimentar o Mundo, que se estendeu por quatro dias. No ano passado, a entidade já havia publicado um bem documentado e alentado relatório apontando a ingestão de grilos, gafanhotos, baratas e outras 1,9 mil espécies do grupo mais desprezado do reino animal como rumo a seguir para manter a humanidade de barriga cheia nos anos vindouros.
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Por falar em Holanda, o governo do reino europeu tem se notabilizado por despejar milhões de euros em pesquisas que tentam produzir carne em laboratório, sem necessidade de animais. No ano passado, um grupo da Universidade de Maastricht serviu os primeiros hambúrgueres artificiais. O custo ainda é proibitivo, mas a expectativa é de que em até duas décadas os distritos industrias de grandes cidades possam disputar a instalação de fábricas de bifes ou coxas de galinha.
– A produção mundial de carne cresce como resultado do aumento da população e do aumento do consumo per capita, mas isso não é desejável, porque produzir carne tem um impacto ambiental muito negativo – disse ao jornal Zero Hora Bernard Roelen, um dos cientistas holandeses que estão tentando produzir carne sem bichos.
CINCO RAZÕES PARA COMER INSETOS
1) Eles apresentam quantidades de proteínas similares às encontradas nas carnes que consumimos – os gafanhotos podem ter até três vezes mais. Também são ricos em outros micronutrientes, como ferro e zinco.
2) O rendimento do inseto é de 100%. Nada vai fora.
3) São uma alternativa de produção de proteínas que protege o ambiente, por ocuparem menos espaço, multiplicarem-se mais rápido e consumirem menos recursos. Produzem uma grama em peso para cada duas gramas que comem – enquanto as vacas precisam de oito.
4) O custo de produção é baixo, porque eles usam fontes de alimentos que homens e animais não aproveitam. São recicladores naturais, podendo viver de papelão, estrume e resquícios de alimentos.
5) Por serem geneticamente distantes do homem, é improvável que uma doença pule de uma espécie para a outra, um risco maior quando se trata de mamíferos.
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