sábado, 24 de novembro de 2018

61% da população mundial vive em países onde a liberdade religiosa não é respeitada


Por: Ajuda à Igreja que Sofre

CRUCIFIX

Fundação pontifícia ACN (Ajuda à Igreja que Sofre) apresenta a nova edição (14ª) do relatório sobre “Liberdade Religiosa no Mundo – 2018”

61% da população mundial vive em países onde a liberdade religiosa não é respeitada. Em outras palavras, 6 em cada 10 pessoas em todo o mundo não podem expressar sua fé com total liberdade. O dado é uma das conclusões da 14ª edição do relatório sobre “Liberdade Religiosa no Mundo – 2018”, lançado hoje pela fundação pontifícia ACN (Ajuda à Igreja que Sofre).

O relatório analisa 196 países do mundo, examinando o grau em que o direito básico à liberdade religiosa é respeitado em relação às religiões praticadas no mundo, conforme definido no Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.

Graves violações da liberdade religiosa foram detectadas em de 38 países

Em 17 países, prevalece a discriminação com base na fé religiosa, enquanto nos outros 21, há uma perseguição total das minorias religiosas, em alguns casos, até o ponto de morte.

O relatório revela que de uma forma geral, em todo o mundo, o respeito pela liberdade religiosa se agravou, e em alguns dos países mais carentes do ponto de vista da liberdade religiosa, a situação se deteriorou nos últimos dois anos.

Em reação a esse desenvolvimento, o Presidente Executivo da ACN, Thomas Heine-Geldern, recorda que “o Papa Francisco, assim como seus antecessores imediatos, todos enfatizaram que a liberdade religiosa é um direito humano fundamental enraizado na dignidade do homem. Como uma fundação papal, consideramos ser nosso dever chamar a atenção mundial para esse vínculo intrínseco entre a liberdade religiosa e a dignidade humana por meio de informações adequadas”.

No cinturão do meio da África, a liberdade religiosa é ameaçada pelo avanço do islamismo jihadista, enquanto em países como a Índia há uma preocupação real com o crescimento do “ultranacionalismo” hindu, que resultou em um declínio acentuado na liberdade religiosa no país nos últimos dois anos.

O relatório produzido pela ACN indica que em 22 países a razão dos ataques à liberdade religiosa está enraizada no islamismo radical, enquanto que em outros países as causas dominantes estão enraizadas, notadamente, no autoritarismo de Estados ou governos que seguem uma política de nacionalismo extremo.

Tais estados nacionalistas autoritários ou extremos totalizam 16 no total, embora, ao mesmo tempo, representem uma população de mais de 3 bilhões de pessoas, já que incluem países como China, Índia, Coréia do Norte, Birmânia (Mianmar), Vietnã e Quirguistão.

Um dado positivo, no entanto, é apontado no caso da Síria e do Iraque, que indicam melhorias em termos de liberdade religiosa. Após a derrota militar do Estado Islâmico (EI), as minorias religiosas começaram a voltar para suas antigas casas, mais notavelmente no caso dos cristãos das cidades e aldeias das planícies de Nínive, no Iraque.

O “Liberdade Religiosa no Mundo – 2018” ainda estima que cerca de 327 milhões de cristãos vivam em países onde enfrentam perseguição religiosa e 178 milhões em países onde existe discriminação por motivos religiosos. Como resultado, um em cada cinco cristãos em todo o mundo vive em um país onde há perseguição ou discriminação religiosa.

“Infelizmente, uma melhora perceptível na liberdade religiosa ainda está longe”, conclui Thomas Heine-Geldern. “Portanto, mesmo este 14º relatório sobre a liberdade religiosa no mundo não será o último que a ACN terá de preparar para cumprir a sua missão de informação.”

(Recorte Brasil) Panorama geral da liberdade religiosa no Brasil

O panorama geral da liberdade religiosa no Brasil mantém as mesmas características observadas no último relatório da ACN: (1) fragilidade das comunidades religiosas afro-brasileiras, (2) violência contra os muçulmanos, pouco observada por serem uma proporção pequena da população, (3) maior agressividade para com as demais religiões da parte das comunidades neopentecostais.

As principais mudanças ocorridas nesse contexto se devem à atual crise econômica, política e moral, reconhecida pelos principais grupos políticos e sociais do País, ainda que compreendida de forma diferente por cada um deles. A falta de recursos financeiros tende a reduzir os investimentos em programas sociais de defesa dos direitos humanos, ainda mais numa dimensão onde os problemas são pouco reconhecidos pela população brasileira, como é a liberdade religiosa. Por outro lado, a crescente polarização da sociedade tende a envolver também os grupos religiosos, aumentando os conflitos entre eles e deles com o Estado.

Sintoma desse processo é o aumento da perseguição às religiões afro-brasileiras por facções criminosas cujos membros se converteram ao neopentecostalismo. Mostra tanto a dificuldade do Estado para manter a ordem pública como o aumento da agressividade entre os grupos sociais.

O Brasil não é um país com graves conflitos religiosos, mas os dados atuais indicam que o processo de reconhecimento da intolerância religiosa que via acontecendo no período recente poderá ser prejudicado pela crise que o País atravessa.

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