Por: Ajuda à Igreja que Sofre
Fundação pontifícia ACN
(Ajuda à Igreja que Sofre) apresenta a nova edição (14ª) do relatório sobre
“Liberdade Religiosa no Mundo – 2018”
61% da população
mundial vive em países onde a liberdade religiosa não é respeitada. Em outras
palavras, 6 em cada 10 pessoas em todo o mundo não podem expressar sua fé com
total liberdade. O dado é uma das conclusões da 14ª edição do relatório sobre
“Liberdade Religiosa no Mundo – 2018”, lançado hoje pela fundação pontifícia
ACN (Ajuda à Igreja que Sofre).
O relatório analisa 196
países do mundo, examinando o grau em que o direito básico à liberdade
religiosa é respeitado em relação às religiões praticadas no mundo, conforme
definido no Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.
Graves violações da
liberdade religiosa foram detectadas em de 38 países
Em 17 países, prevalece
a discriminação com base na fé religiosa, enquanto nos outros 21, há uma
perseguição total das minorias religiosas, em alguns casos, até o ponto de
morte.
O relatório revela que
de uma forma geral, em todo o mundo, o respeito pela liberdade religiosa se
agravou, e em alguns dos países mais carentes do ponto de vista da liberdade
religiosa, a situação se deteriorou nos últimos dois anos.
Em reação a esse
desenvolvimento, o Presidente Executivo da ACN, Thomas Heine-Geldern, recorda
que “o Papa Francisco, assim como seus antecessores imediatos, todos
enfatizaram que a liberdade religiosa é um direito humano fundamental enraizado
na dignidade do homem. Como uma fundação papal, consideramos ser nosso dever
chamar a atenção mundial para esse vínculo intrínseco entre a liberdade
religiosa e a dignidade humana por meio de informações adequadas”.
No cinturão do meio da
África, a liberdade religiosa é ameaçada pelo avanço do islamismo jihadista,
enquanto em países como a Índia há uma preocupação real com o crescimento do
“ultranacionalismo” hindu, que resultou em um declínio acentuado na liberdade
religiosa no país nos últimos dois anos.
O relatório produzido
pela ACN indica que em 22 países a razão dos ataques à liberdade religiosa está
enraizada no islamismo radical, enquanto que em outros países as causas
dominantes estão enraizadas, notadamente, no autoritarismo de Estados ou
governos que seguem uma política de nacionalismo extremo.
Tais estados
nacionalistas autoritários ou extremos totalizam 16 no total, embora, ao mesmo
tempo, representem uma população de mais de 3 bilhões de pessoas, já que
incluem países como China, Índia, Coréia do Norte, Birmânia (Mianmar), Vietnã e
Quirguistão.
Um dado positivo, no
entanto, é apontado no caso da Síria e do Iraque, que indicam melhorias em
termos de liberdade religiosa. Após a derrota militar do Estado Islâmico (EI),
as minorias religiosas começaram a voltar para suas antigas casas, mais
notavelmente no caso dos cristãos das cidades e aldeias das planícies de
Nínive, no Iraque.
O “Liberdade Religiosa
no Mundo – 2018” ainda estima que cerca de 327 milhões de cristãos vivam em
países onde enfrentam perseguição religiosa e 178 milhões em países onde existe
discriminação por motivos religiosos. Como resultado, um em cada cinco cristãos
em todo o mundo vive em um país onde há perseguição ou discriminação religiosa.
“Infelizmente, uma
melhora perceptível na liberdade religiosa ainda está longe”, conclui Thomas
Heine-Geldern. “Portanto, mesmo este 14º relatório sobre a liberdade religiosa
no mundo não será o último que a ACN terá de preparar para cumprir a sua missão
de informação.”
(Recorte Brasil)
Panorama geral da liberdade religiosa no Brasil
O panorama geral da
liberdade religiosa no Brasil mantém as mesmas características observadas no
último relatório da ACN: (1) fragilidade das comunidades religiosas
afro-brasileiras, (2) violência contra os muçulmanos, pouco observada por serem
uma proporção pequena da população, (3) maior agressividade para com as demais
religiões da parte das comunidades neopentecostais.
As principais mudanças
ocorridas nesse contexto se devem à atual crise econômica, política e moral,
reconhecida pelos principais grupos políticos e sociais do País, ainda que
compreendida de forma diferente por cada um deles. A falta de recursos
financeiros tende a reduzir os investimentos em programas sociais de defesa dos
direitos humanos, ainda mais numa dimensão onde os problemas são pouco
reconhecidos pela população brasileira, como é a liberdade religiosa. Por outro
lado, a crescente polarização da sociedade tende a envolver também os grupos
religiosos, aumentando os conflitos entre eles e deles com o Estado.
Sintoma desse processo é
o aumento da perseguição às religiões afro-brasileiras por facções criminosas
cujos membros se converteram ao neopentecostalismo. Mostra tanto a dificuldade
do Estado para manter a ordem pública como o aumento da agressividade entre os
grupos sociais.
O Brasil não é um país
com graves conflitos religiosos, mas os dados atuais indicam que o processo de
reconhecimento da intolerância religiosa que via acontecendo no período recente
poderá ser prejudicado pela crise que o País atravessa.
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