Por: Ary Waldir Ramos
Díaz
Fortes testemunhos das
vítimas de abuso sexual aos bispos que participam do encontro sobre proteção a
menores, no Vaticano
“A primeira coisa que
fizeram foi me chamar de mentiroso, darem-me as costas e dizerem que eu e os
outros éramos inimigos da Igreja”, disse um homem vítima de abusos, que
agradeceu ao Papa Francisco pela oportunidade que teve de dar seu testemunho,
através de mensagem de áudio, no encontro sobre a proteção dos menores na
Igreja.
No início do encontro,
o Papa convidou os bispos a ouvir as vítimas e o testemunho de quem passou pelo
inferno dos abusos sexuais mas não perdeu a fé e, hoje, é capaz de rezar por quem
não entendeu seus sofrimentos.
“Para um católico, é
difícil falar sobre o abuso sexual. Mas, uma vez que alguém tem a coragem de
contar, no meu caso, por exemplo, a primeira coisa que pensei foi que as
pessoas da Igreja iam me ouvir e respeitar. Mas elas me chamaram de mentiroso
[…]”, disse uma vítima.
Os testemunhos em
áudio-mensagem (com identidade protegida) das vítimas servirão de catequese e
de terapia para eles e para membros da Igreja, além de serem pedras pesadas na
indigesta consciência de quem não fez nada e se “livrou” do problema.
Vejas alguns trechos
dos testemunhos:
Só pedir perdão não
funciona
Uma vítima de abuso foi
direta: “Perdões falsos, perdões obrigados já não funcionam. É preciso
acreditar nas vítimas, respeitá-las e cuidar delas. É preciso estar com as
vítimas, acompanhá-las”.
Bispo que encobre os
casos é um assassino da alma
Palavras de quem foi
queimado pela injustiça: “Vocês são os doutores das almas, no entanto, com
exceções, se transformaram em assassinos das almas, em assassinos da fé. Que
contradição mais espantosa!”
O que Jesus vai pensar disso?
A pergunta de um homem
que ainda tem fé, apesar de tudo: “O que Jesus pensa, o que Maria pensa quando
vê seus pastores serem os que traem as ovelhas. Eu lhes peço, por favor, que
colaborem com a justiça, que tenham um especial cuidado com as vítimas”.
A ponta do iceberg
Estamos vendo, a cada
dia, a ponta do iceberg. Quando a Igreja quer que se diga que isso já acabou,
continuam aparecendo casos. Por quê? Porque é como se trata um câncer: tem que
tratar o câncer inteiro, não apenas tirar o tumor; é preciso fazer quimioterapia,
radioterapia, é preciso fazer tratamentos”.
Não podemos continuar
com este crime
As vítimas pedem que a
luta contra os abusos seja uma realidade. “Não podemos continuar com este
crime, de encobrir os abusos na Igreja. Espero que Jesus e Maria os ilumine e
que, de uma vez por todas, colaboremos com a justiça e extirpemos este câncer
que está acabando com a Igreja. E é isso o que o demônio quer.”
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