Fr Robert McTeigue, SJ
Este dos sete pecados
capitais é um veneno sem antídoto
Oque é pior: inveja ou
ciúme?
Essa é uma pergunta um
pouco complicada. As pessoas as usam alternadamente, então é como perguntar: “O
que é mais redondo – um círculo ou uma esfera?”
A inveja é listada como
um dos sete pecados capitais. Estamos dando uma nova olhada nos sete pecados
capitais (leia sobre outros aqui).
O Catecismo afirma:
“Inveja é a tristeza que se experimenta perante o bem alheio e o desejo
imoderado de se apropriar dele. É um vício capital”.
Ciúme e inveja diferem
significativamente. E eu acho que a inveja é o pior dos dois. Esta ilustração
pode ajudar a explicar o porquê.
Eu participei de uma
festa de aniversário no quintal de um menino de 5 anos de idade. Os pais de
Mikey pareciam ter comprado os cinco primeiros corredores da loja de brinquedos
para a ocasião. Mike foi o primeiro a sair, correndo de pacote em pacote,
gritando de alegria. As coisas ficaram feias quando as outras crianças correram
para o quintal com ele, igualmente encantadas com os pacotes. Ele correu de
criança em criança, pegando pacotes e gritando: “MEU!” Ele estava ficando
sobrecarregado. No outro extremo do quintal estava o Grande Prêmio: um jipe
movido a bateria, com espaço suficiente para Mikey e sua pilhagem – seu carro
de fuga! Ele empilhou pacotes nos bancos dianteiros e traseiros e olhou para
escapar. Para seu horror, ele viu que não seria capaz de colocar todos os seus
presentes no carro. Havia crianças demais de quem se defender, e não havia
espaço suficiente para todos os presentes. Desesperado, ele gritou:
“NÃOOOOOOO!” Pensei comigo: “Se Dante tivesse visto isso, haveria outro canto
no Inferno.”
A inveja é pior porque
é um veneno sempre expansivo. O ciúme pode dizer: “Não quero que você tenha o
que eu tenho!” A inveja diz: “Quero ter o que você tem (sem merecer)!” Na pior
das hipóteses, a inveja diz: “Eu não quero que você tenha o que você tem. ”São
João Vianney tinha essas palavras terríveis sobre a inveja:
“A Inveja, meus filhos,
segue o orgulho; quem tem inveja tem orgulho. Veja, a inveja nos chega do
inferno; os demônios pecaram por orgulho, pecaram também por inveja, invejando
nossa glória, nossa felicidade. Por que invejamos a felicidade e os bens dos
outros? Porque somos orgulhosos; gostaríamos de ser os únicos possuidores de
talentos, riquezas, estima e amor de todo o mundo! Nós odiamos nossos iguais,
porque eles são nossos iguais; nossos inferiores, pelo medo de que eles possam
se igualar a nós; nossos superiores, porque estão acima de nós.”
“Da mesma forma, meus
filhos, que o diabo, após sua queda, sentiu, e ainda sente, raiva extrema por
nos ver herdeiros da glória do bom Deus, o homem invejoso sente tristeza ao ver
a prosperidade espiritual e temporal de seu vizinho. Meus filhos, andamos nos
passos do diabo; como ele, ficamos irritados com o bem e nos alegramos com o
mal.”
A inveja não é
racional; e não nos traz nenhum bem. Satanás é a ilustração perfeita dessa
verdade. No entanto, a inveja pode ser uma estratégia política muito astuta:
“Eles têm porque você não tem; então eu tirarei deles para dar pra você.”
Somente uma pessoa de
mente clara e bom caráter pode resistir à oferta material em troca do voto. É
assim que as multidões são enganadas, e os tiranos são recompensados. A
história está repleta de exemplos sangrentos do que acontece quando a inveja
incendeia uma população.
No extremo mais
distante, a inveja pode levar à violência. Mais comumente, a inveja leva ao
ressentimento, à dívida e à perda da capacidade de desfrutar de qualquer coisa
que seja boa. O Antigo Testamento oferece muitos desses avisos. Aqui estão
apenas alguns:
O sentimento sadio é
vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos. (Provérbios 14, 30)
O ressentimento mata o
insensato, e a inveja destrói o tolo. (Jó 5, 2)
O Novo Testamento nos
exorta a elevar nossos corações acima das trivialidades:
Vocês cobiçam coisas, e
não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vocês vivem
a lutar e a fazer guerras. Não têm, porque não pedem. (Tiago 4, 2)
O pecado é uma
expressão do desejo irracional de colocar algum bem acima do bem supremo que é
Deus.
A inveja é
especialmente repulsiva porque gera rancor – uma inclinação a dizer (e, pior,
provocar): “Se eu (e somente eu) não posso ter isso – ninguém pode!”
Pensai nas coisas que
são de cima, e não nas que são da terra. (Colossenses 3, 2)
Vamos fazer um exame de
consciência esta semana e ver se o ídolo da inveja tem um santuário em nossos
corações. E então vamos confessar.
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