Essas conclusões podem ser explicadas, segundo a pesquisa, pelos altos níveis de lactose e galactose
Ao contrário do que a crença popular indica, a alta ingestão de leite não previne fraturas, sugere uma pesquisa publicada pelo periódico médico British Medical Journal nesta semana. O estudo ainda cogita que consumir o líquido pode aumentar o risco de morte.
Essas conclusões podem ser explicadas, segundo a pesquisa, pelos altos níveis de lactose e galactose (tipos de açúcar) no leite — o que tem provocado estresse oxidativo e inflamação crônica em estudos com animais. No entanto, os cientistas ressaltam que houve apenas uma associação entre o consumo da bebida e os dois malefícios apontados. Um resultado sobre causa e efeito ainda precisa ser descoberto.
Os pesquisadores ainda dizem que os resultados "devem ser interpretados com cautela" e que mais estudos são necessários antes que qualquer conclusão definitiva seja feita.
O estudo foi realizado na Suécia, sob liderança do professor Karl Michaelsson. A intenção era descobrir se a ingestão elevada de leite pode aumentar o estresse oxidativo, o que, por sua vez, afeta o risco de mortalidade e de fratura. Dois grandes grupos de 61.433 mulheres, com idades entre 39 e 74 anos, e 45.339 homens, com idades entre 45 e 79 anos, completaram questionários de frequência alimentar para 96 alimentos, incluindo o leite, iogurte e queijo.
Informações sobre o estilo de vida, o peso e a altura foram recolhidos. Fatores como nível de escolaridade e estado civil também foram levados em conta. Registos nacionais foram usados para controlar as taxas de fratura e mortalidade.
As mulheres foram rastreadas por uma média de 20 anos, durante os quais 15.541 morreram e 17.252 tiveram uma fratura (sendo 4.259 delas no quadril). No grupo feminino, não houve redução no risco de fraturas após maior consumo de leite. Mas as que bebiam mais de três copos da bebida por dia (média de 680 ml) tiveram um risco maior de morte em comparação com as que ingeriam menos de um copo por dia (60 ml).
Já os homens foram monitorados por um período médio de 11 anos: 10.112 morreram e 5066 tiveram fraturas (sendo 1.166 delas no quadril). Eles também tiveram um risco maior de morte associado ao consumo de leite — embora menos significativo do que nas mulheres.
Por outro lado, uma alta ingestão de produtos lácteos fermentados com um baixo teor de lactose (como iogurte e queijo) foi associada a taxas reduzidas de mortalidade e de fraturas, especialmente em mulheres.
— Nossos resultados podem questionar a validade das recomendações de consumir grandes quantidades de leite para prevenir fraturas por fragilidade — diz o médico.
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