Queridinho da cozinha até o início do século 20, o
ingrediente é visto hoje como uma opção mais saudável do que os óleos vegetais
Por: Bruna Marini especial
Uma comida com sabor acentuado e ao mesmo tempo saudável é o
desejo de qualquer pessoa que visa uma boa alimentação. A banha de porco, vista
como uma vilã desde a introdução dos óleos vegetais, nas primeiras décadas do
século 20, tem ganhado defensores: por ser uma gordura natural e de origem
animal, é apontada como um ingrediente benéfico para a saúde, além de deixar o
alimento mais apetitoso.
— Até 1911, quando era somente utilizada a banha, não havia
índices de infarto, problemas cardíacos e obesidade — revela o médico e
homeopata Claudio Rhein.
Segundo Rhein, o ingrediente é saudável para as artérias, porque
não as deixa enrijecidas:
— Ela aumenta o colesterol bom (HDL) e diminui o colesterol
ruim (LDL), deixa os vasos sanguíneos "tranquilos" e a contração do
coração preservada.
Para o chef de cozinha Giovani Toigo Machado, a banha é
indispensável. Há 13 anos trabalhando na área, ele dá continuidade ao que
aprendeu na cozinha com o pai e em seus cursos.
— Toda a comida de panela ficaria melhor se preparada com
banha — conta Giovani.
O chef geralmente utiliza o ingrediente quando elabora
pratos da culinária clássica italiana, como o menarosto (técnica de preparo e
cozimento de carnes no espeto) e carnes de panela.
— Até o perfume dela é diferente — diz o chef, ao ressaltar
que o cheiro da banha é mais suave do que o azeite.
Segundo Machado, a aromatização da gordura intensifica o
sabor do prato. O processo pode ser feito com temperos como alho, louro,
alecrim e tomilho, dependendo do gosto de cada um.
A dona de casa Odila
Pedron Tomazoni, 63 anos, costuma usar a banha em frituras e no tempero do
feijão.
— Antigamente as pessoas só cozinhavam com banha de porco,
era o ingrediente secreto de nossos avós — conta Odila.
O gostinho da comida fez com que dona Odila seguisse
utilizando o ingrediente em seus preparos:
— A banha, além de mais benéfica, dá um sabor especial à
comida — diz.
Para saber a procedência do ingrediente, é necessário
conhecer a alimentação do animal.
— O ideal é comprar de produtores quem criam porcos com
comida natural, como o milho, e evitam rações e hormônios — explica Rhein.
O médico ainda destaca que a banha não é a "salvadora
da Pátria", mas é uma opção saudável em relação aos azeites, assim como o
óleo de coco. Além disso, é possível reutilizá-la sem causar danos à saúde.
Vantagens
Rica em ácido oleico, a banha pode ser uma ótima aliada
contra a depressão. Além disso, a gordura do animal criado com alimentação
natural é farta em ômega 3.
Estudo
Um estudo do Dr. Paul White, da University of Cambridge,
mostra que em 1911, quando o óleo vegetal foi introduzido no mercado
norte-americano, não havia nenhum registro de infarto do miocárdio nos EUA. Em
1930, foram 300 casos, e em 1960, 30 mil.
Curiosidades
:: Os óleos vegetais (algodão, milho, soja e girassol) in
natura, ou seja, antes do processo de aquecimento, são boas alternativas para
uso. Porém, depois de receberem calor, como na fritura, eles sofrem reações
químicas prejudiciais para a saúde humana.
:: Antigamente, quando não existia energia elétrica, era
praticamente impossível conservar alimentos frescos por muito tempo. Uma opção
era imergir a carne na banha de porco, onde se mantinha preservada por vários
meses.
Receita mantém a tradição e usa banha para tornar o prato mais saudável e não deixar cheiro na comida. Foto: Diogo Sallaberry/ Agência RBS
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