sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Vista como vilã por anos, a banha de porco está de volta à cozinha

Queridinho da cozinha até o início do século 20, o ingrediente é visto hoje como uma opção mais saudável do que os óleos vegetais

Por: Bruna Marini especial

Vista como vilã por anos, a banha de porco está de volta à cozinha Diogo Sallaberry/Agencia RBS

Uma comida com sabor acentuado e ao mesmo tempo saudável é o desejo de qualquer pessoa que visa uma boa alimentação. A banha de porco, vista como uma vilã desde a introdução dos óleos vegetais, nas primeiras décadas do século 20, tem ganhado defensores: por ser uma gordura natural e de origem animal, é apontada como um ingrediente benéfico para a saúde, além de deixar o alimento mais apetitoso.

— Até 1911, quando era somente utilizada a banha, não havia índices de infarto, problemas cardíacos e obesidade — revela o médico e homeopata Claudio Rhein.

Segundo Rhein, o ingrediente é saudável para as artérias, porque não as deixa enrijecidas:

— Ela aumenta o colesterol bom (HDL) e diminui o colesterol ruim (LDL), deixa os vasos sanguíneos "tranquilos" e a contração do coração preservada.

Para o chef de cozinha Giovani Toigo Machado, a banha é indispensável. Há 13 anos trabalhando na área, ele dá continuidade ao que aprendeu na cozinha com o pai e em seus cursos.
— Toda a comida de panela ficaria melhor se preparada com banha — conta Giovani.

O chef geralmente utiliza o ingrediente quando elabora pratos da culinária clássica italiana, como o menarosto (técnica de preparo e cozimento de carnes no espeto) e carnes de panela.

— Até o perfume dela é diferente — diz o chef, ao ressaltar que o cheiro da banha é mais suave do que o azeite.

Segundo Machado, a aromatização da gordura intensifica o sabor do prato. O processo pode ser feito com temperos como alho, louro, alecrim e tomilho, dependendo do gosto de cada um.

 A dona de casa Odila Pedron Tomazoni, 63 anos, costuma usar a banha em frituras e no tempero do feijão.

— Antigamente as pessoas só cozinhavam com banha de porco, era o ingrediente secreto de nossos avós — conta Odila.

O gostinho da comida fez com que dona Odila seguisse utilizando o ingrediente em seus preparos:

— A banha, além de mais benéfica, dá um sabor especial à comida — diz.

Para saber a procedência do ingrediente, é necessário conhecer a alimentação do animal.

— O ideal é comprar de produtores quem criam porcos com comida natural, como o milho, e evitam rações e hormônios — explica Rhein.

O médico ainda destaca que a banha não é a "salvadora da Pátria", mas é uma opção saudável em relação aos azeites, assim como o óleo de coco. Além disso, é possível reutilizá-la sem causar danos à saúde.

Vantagens

Rica em ácido oleico, a banha pode ser uma ótima aliada contra a depressão. Além disso, a gordura do animal criado com alimentação natural é farta em ômega 3.

Estudo

Um estudo do Dr. Paul White, da University of Cambridge, mostra que em 1911, quando o óleo vegetal foi introduzido no mercado norte-americano, não havia nenhum registro de infarto do miocárdio nos EUA. Em 1930, foram 300 casos, e em 1960, 30 mil.

Curiosidades

:: Os óleos vegetais (algodão, milho, soja e girassol) in natura, ou seja, antes do processo de aquecimento, são boas alternativas para uso. Porém, depois de receberem calor, como na fritura, eles sofrem reações químicas prejudiciais para a saúde humana.


:: Antigamente, quando não existia energia elétrica, era praticamente impossível conservar alimentos frescos por muito tempo. Uma opção era imergir a carne na banha de porco, onde se mantinha preservada por vários meses.

Receita mantém a tradição e usa banha para tornar o prato mais saudável e não deixar cheiro na comida. Foto: Diogo Sallaberry/ Agência RBS






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