Jennifer Christie
O menino completou 3 anos de bênçãos no mês
passado - e trouxe o bálsamo de que a família precisava para superar um trauma
dilacerante
Em 2014, publicamos o
testemunho dilacerante de Jennifer Christie, uma mulher que, violentada e
grávida do estuprador, contou em todos os momentos com o magnânimo apoio do
marido Jeff para dar à luz o menino inocente que aquele ato de violência tinha
gerado.
Existe uma corrente
ideológica que se vale desse tipo de drama para defender a crescente liberação
do aborto mediante um sofisma: a afirmação generalizante de que manter a
gravidez equivaleria a perpetuar a memória da violência sofrida – como se a
criança tivesse culpa e como se o trauma do aborto não fosse agravar ainda mais
o trauma do estupro.
Diante dessa corrente,
a história real de Jennifer, Jeff e SEU filho demonstra que o amor é o único
verdadeiro bálsamo. O filho acaba de completar 3 anos de idade no mês passado.
Ele trouxe consigo o melhor remédio que a família poderia imaginar para superar
aquela dor. Vale a pena reler o depoimento de Jennifer:
Em janeiro passado
(nota da redação: a referência é ao ano de 2014), durante uma viagem a negócios,
eu fiquei hospedada em um pequeno hotel de uma cidade universitária. Acho que,
geralmente, sou mais cuidadosa com o que acontece ao meu redor, mas havia tanta
neve e vento que eu não teria ouvido os passos dele nem sequer se ele viesse
pisando com força. Aconteceu tudo muito rápido. A porta foi aberta, eu me virei
para fechá-la e lá estava ele. Um homem corpulento. Meu primeiro instinto não
foi de medo, mas de confusão. No instante seguinte, ele me deu um soco no
rosto. Eu não me lembro de ter sido arrastada do quarto, mas fui encontrada na
escada. Não sei por quê. Talvez eu tenha tentado correr e pedir ajuda.
Os exames depois do
estupro deram negativo para HIV, gonorreia, clamídia, sífilis, herpes e dezenas
de outras coisas das quais eu nunca tinha ouvido falar. Deus é misericordioso.
No mês seguinte, eu
estava escalada para trabalhar em um navio de cruzeiro. No segundo dia, tive
uma disenteria e não melhorei com os antibióticos. Fui levada para um hospital
quando ancoramos em Cartagena, Colômbia. Passei por um ultrassom para averiguar
se havia alguma obstrução intestinal. Foi quando descobrimos que, dentro de
mim, existia algo do tamanho de uma ervilha.
Era o meu filho.
De novo a bordo do
navio, contei aos médicos uma versão abreviada da minha história, o que os
levou a me colocar em quarentena. Medo de suicídio? Risco de um surto psicótico
que me fizesse correr nua pelo navio? Quem vai saber… O que eu sei é que passei
a semana seguinte ouvindo uma equipe muito bem intencionada de médicos e
enfermeiras me consolando e dizendo o quanto seria “fácil lidar com isso”.
Traduzindo: seria “fácil” matar o bebê e “seguir a vida”. Fácil???
Muitas coisas foram
discutidas naquela semana em vários telefonemas transatlânticos para casa,
cheios de ruídos na linha e de lágrimas no meu rosto, mas aquela tal
possibilidade de “lidar com isso” nunca saiu dos meus lábios. Nem do meu
marido. Quando eu disse a ele que estava grávida, ele respondeu com a voz calma
e firme:
“Certo… Certo… Está
tudo bem. Está tudo bem, ok?“.
Perguntei: “O que você
quer dizer com tudo bem?”
“Eu quero dizer que nós
vamos conseguir. Nós vamos passar por isso. Vai ficar tudo bem. E… Eu amo
bebês. Nós vamos ter outro bebê! Meu amor, isto é um presente. É algo
maravilhoso, que veio de algo terrível. Nós vamos conseguir!“.
E eu comecei a sentir a
movimentação da alegria pela vida nova que se desenvolvia no meu ventre,
florescendo sob o meu coração! Esse novo amor cresceria com tanta garra que
acabaria com qualquer hesitação ou angústia. E o meu marido estava certo: nós
íamos conseguir!
Na minha última manhã a
bordo do navio, eu disse àquela equipe solidária:
“Se alguma vez vocês
pensarem neste assunto, se algum dia vocês se perguntarem o que aconteceu
comigo, saibam que eu tive um lindo bebê em outubro de 2014“.
A reação deles… os
olhares em seus rostos… A médica que tinha me empurrado o aborto com mais
veemência do que os outros… Ela tinha lágrimas nos olhos. Pela primeira vez, eu
pensei que Deus iria saber o que fazer com aquilo, com aquele pesadelo que eu
tinha sofrido.
Eu moro na Carolina do
Norte, nos Estados Unidos. O doutor que fez o parto dos meus dois filhos estava
concorrendo nas primárias republicanas para o Senado. Ele tem que responder às
pessoas o tempo todo sobre aquela questão infalível: “E em casos de estupro?“.
Bom, no meu caso, o meu
filho vai ter voz. Mas até ele poder usá-la, é responsabilidade minha e
privilégio meu falar por ele.
Durante a gravidez, eu
entrei e saí do hospital uma série de vezes. Fiquei mais dentro do que fora.
Tive pré-eclâmpsia e pressão arterial elevada. Foi aterrador quando, na 26ª
semana, eles me disseram que provavelmente eu teria que dar à luz naquela
noite. Aterrador porque eu queria desesperadamente que o meu filho vivesse! Mas
nós conseguimos atravessar todo aquele susto. Eu precisei ficar em repouso
absoluto, mas pelo menos estava em casa. Cada semana depois disso foi ainda
mais incrível, com a expectativa do quanto eu ficaria feliz quando ele
finalmente chegasse aos meus braços em segurança. Na parte emocional, eu estava
indo muito bem.
Tínhamos uma equipe de
médicos muito abençoada. Tudo é questão de confiar plenamente. Não era algo
novo. Eu tinha me sentido completamente fora de mim desde aquela violência
sofrida em janeiro. O meu mundo tinha sido abalado e não voltaria a ficar bem
até que o meu filho nascesse. Mas tudo aquilo me livrou da atitude arrogante e
autossuficiente de dizer a Deus: “Está tudo bem, eu encaro isso”.
O nosso pequeno menino
pode ter sido concebido num ato de violência, mas ele é um dom de Deus, um
presente delicioso que preencheu em nossa família uma lacuna que eu nunca tinha
percebido que existia. Ele nos tornou completos!
Eu me sinto
profundamente grata por ter entrado em contato com outras mães que também
engravidaram depois de sofrer um estupro. Nós somos sobreviventes. Não somos
apenas vítimas. E foi o meu filho quem me curou.
A pressão da comunidade
médica para abortar me abriu os olhos de uma forma impactante. Eles me disseram
muitas vezes o quanto seria “simples” e rápido “lidar com isso” e “seguir a
vida” depois que tudo “aquilo” tivesse acabado. Era de partir o coração ter que
ouvir isso vezes e mais vezes. Mesmo alguns amigos achavam que ter o bebê era
um erro, que eu não seria capaz emocionalmente.
Mas toda vez que nós,
mães sobrevivente de estupro, compartilhamos as nossas histórias, saímos mais
fortalecidas e fortalecemos os outros. Afinal, quantas vidas podem ser poupadas
quando se conta com esse apoio e com essa coragem?
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