Por: Papo de pai
Pergunto para a minha filha mais velha o que ela
mais gosta em mim. Helen, com seis anos, nem pensa muito e responde: “De
brincar com você”. “E o que menos gosta do papai?” Eu me arrisco na pergunta.
Pergunto para a minha filha mais velha o que ela
mais gosta em mim. Helen, com seis anos, nem pensa muito e responde: “De
brincar com você”. “E o que menos gosta do papai?” Eu me arrisco na pergunta.
“Quando você trabalha muito e não tem tempo para
brincar comigo.”
Responde tranquilamente enquanto brincamos juntos no
balanço do parquinho.
Sempre trabalhei muito, incluindo noites e finais de
semana, não pela obrigação em si, mas porque sempre gostei (e gosto) muito do
que faço. Mas a chegada de duas filhas implicou em repensar o que é fazer o que
gosto.
Antes, uma frase de Steve Jobs era um mantra para
mim.“Quando tinha 17 anos, li uma frase que dizia algo como: Se viver cada dia
como se fosse o último, um dia estará certo. Isto me impressionou muito e nos
33 anos seguintes e olho no espelho todas as manhãs e me pergunto: Se hoje
fosse o meu último dia, eu gostaria de ter feito o que farei hoje? E se a
resposta for “não” por muitos dias seguidos, eu sei que preciso mudar algo” –
disse Jobs. Esta lógica me ajudou a fazer o que realmente quero e gosto de
fazer. E era feliz com isto.
Mas com a vinda da primeira filha e principalmente
com a chegada da segunda, eu me dei conta que a reflexão do Steve Jobs era
individualista demais. E apesar de Jobs ter sido um gênio como empreendedor,
foi um fracasso como pai.
Foi aí que me deparei com outra reflexão feita por
John Doerr, um dos principais investidores do Vale do Silício, que, por
coincidência, era um dos mentores de negócios do próprio Steve Jobs. No
discurso para os formandos da Rice University em 2007, Doerr confidenciou: “Há
dez anos, eu não estava priorizando a minha família. Eu viajava muito. E
qualquer trabalho era uma prioridade maior do que ficar com a família. Quando
comecei a perder alguns almoços ou jantares em casa, ficou fácil não estar mais
presente. Um dia eu percebi que minha filha Esther estava andando e Mary já
estava no jardim de infância. E Ann (sua esposa) foi diagnosticada com câncer
(ela se curou depois).
Tudo mudou. Eu mudei. E passei a colocar a família
como a minha principal prioridade. Estar em casa às noites passou a ser a minha
principal prioridade. E não era só estar presente. Eu declarei que entre seis e
dez da noite não responderia nenhuma mensagem. Todas as reuniões de negócio,
jantares e viagens deveriam passar no seguinte teste: Isto é mais importante do
que estar em casa hoje à noite? Desde que adotei este teste, tenho jantado em
casa quase todas as noites. Eu não tenho medo de fracassar. Só não posso
fracassar em uma situação: com minha família e minhas filhas. Quando fracasso
como investidor, eu posso perder algum dinheiro e um pouco de orgulho. Mas se
fracasso como pai, eu perco o amor e a convivência que jamais poderá ser
recuperado!”
Este depoimento foi o mais marcante em minha vida e
desde então tento passar muito mais tempo com minhas filhas. Agora, quando me
olho no espelho todas as manhãs eu me questiono: Será que tenho feito o que
quero e gosto e também sido um bom pai e bastante presente? E se a resposta for
“não” por muitos dias seguidos, eu sei que preciso mudar algo.
Daí a minha admiração cada vez maior por
empreendedores que não só construíram grandes negócios (independentemente do
tamanho que atingiram), mas que também se esforçaram para ser grandes pais.
De todos eles, Walt Disney talvez tenha sido o mais
icônico. Não só por ter criado um negócio que incentivava a diversão familiar,
mas também por deixar o ícone fora da sua residência. “Um homem jamais deve
negligenciar sua família em favor do seu negócio.” – dizia. Disney sempre se
orgulhou de ser um pai presente e apaixonado que protegia suas filhas da sua
enorme fama. Em família, era só um pai alegre que adorava contar histórias e
brincar com suas filhas nos parquinhos da cidade. Só com seis anos, sua
primeira filha, Diane, se deu conta que seu pai era “o” Walt Disney. Neste
momento, ela pediu um autógrafo ao pai…
E agora, enquanto vou ao parquinho brincar com
minhas filhas, lembro que todos os pais também podem ser Walt Disneys.
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