Bitury terra formosa
Florescente e radiosa
Orgulho do meu sertão
Eu me vou para a Bahia
E vou sem ter alegria
No meu pobre coração
No correr da minha vida
Levarei da despedida
Imortal recordação
Desta gente tão bondosa
Do jardim pleno de rosa
Da Virgem da Conceição
Vou
deixar a formosura
Desta natureza pura
Que reveste o meu sertão
E vou sem ter a certeza
De encontrar outra beleza
Muito além noutro rincão
Vou transportando saudade
De São Pedro e da cidade
E de São Sebastião
Minha gratidão primeira
Dedicando a padroeira
Da Matriz da conceição
A meu povo hospitaleiro
Delicado a prazenteiro
Desejo felicidade
Sei que vou sentir tristeza
Comoção na natureza
Ao deixar esta cidade
Ao lado desta riqueza
Vou deixar tanta pobreza
Chorando com saudade
Vou me lembrar em Tucano
Do povo pernambucano
Onde achei fraternidade
A
Dona Mocinha Moura
E Dona Ester bemfeitora
Agradeço a caridade
Professor Ulisses Lima
Que merece a nossa estima
Vai ficar nesta cidade
Diplomata inteligente
Musicista competente
Homem de capacidade
Nunca foi politiqueiro
É amigo verdadeiro
E tem personalidade
Quando descambo estas serras
Sinto amor a minha terra
Êste sertão altaneiro
Meu pensamento descança
Lá no alto da Balança
Terra que me viu primeiro
Levo da Serra do Vento
Um profundo sentimento
Meu coração Brasileiro
Levo gratidão do povo
Do Araçá e Campo Novo
Que sempre foi pioneiro
Quando pensando percorro
Sítios Pelada e Socorro
Sinto profunda saudade
Boa Vista e Bananeira
Caiana e Carrapateira
Terras de fecundidade...
Subindo a serra formosa
Do Caboclo a Santa Rosa
Eu sinto felicidade
Não sei onde achar de novo
Outra terra e outro povo
De tanta simplicidade
Vou
suportar o martírio
Da saudade do Profírio
Que me foi primordial
Sítios Muquêm e Jacinta
Vão fazer com que eu sinta
Uma aflição cordial
Vou deixar mui pesaroso
O meu sacristão zeloso
Tão bom que não tem igual
Bernadete e Terezinha
Bem perto da Igrejinha
Na casa Paroquial
Olha! Meu Pe. Assis querido!...
Meu coração vai ferido
Min’alma vai pezarosa
Vou p’ra onde já conheço
Pelo que muito padeço
Prevendo espinhos sem rosa
Enquanto assim me despeço
Dão Marinho lhe peço
Uma bênção poderosa
Pois no sertão da Bahia a luta de cada dia
Sei que vai ser perigosa
Deixo Paulinho e Clemente
Na viola e no repente
Cantando com vibração
Aza branca e Zé da silva
Versando com voz ativa
Causando satisfação
Na cidade e pelas serras
Valorizam minha terra
Cantando com perfeição
Sentirei constantemente
A viola do Clemente
Tocando em meu coração
Deixando a família Penha
É natural que eu tenha
Uma tristeza de morte!...
De volta para Tucano
Levo o triste desengano
De quem já perdeu a sorte
Deixando êste povo amigo
Que sempre foi bom comigo
Permita Deus que suporte?...
Na ordem da natureza
Não existe uma grandeza
Que nesta dor me conforte
Regressando à minha terra
Estendi por estas serras
Um grande contentamento
E deixei lá na Bahia
O povo que me queria
Chorando com sentimento
Hoje vou deixar de novo
Minha terra e meu bom povo
Chorando com desalento
O que Deus faz é bem feito
Levo amor dentro do peito
Lembrança no pensamento
Data deste Poema 03 de Março de 1969
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