Por: Lorena Moscoso
Você já percebeu como
algumas pessoas são capazes de atravessar momentos de sofrimento com certa
serenidade? A oração pode estar por trás disso
Algumas pessoas passam
pela dor, pela doença ou pela morte de um familiar com uma paz que chama a
atenção.
Em alguns casos, a
serenidade diante da morte é confundida com frieza. Às vezes, parece que quem
sofre uma perda provavelmente fica até sem lágrimas.
Mas há pessoas que
definitivamente carregam uma paz diferenciada, que, apesar de passar por uma
grande dor física e emocional, parece que têm espírito de pedra.
Esta qualidade não é
somente uma característica da personalidade, mas um fruto da oração, da fé e da
esperança por saber que tudo está nas mãos de Deus.
Lembro que, quando eu
tinha apenas dois anos, fui viajar com minha família. Visitávamos um parque ao
qual se chegava de trem.
Na hora de voltarmos
para casa, quando o trem começava a anunciar a partida, percebi que não havia
nenhum dos meus familiares ao meu redor. Senti um pavor imenso.
Naquele momento, eu
tinha a certeza de que não veria mais a minha família e que eu estava metida no
pesadelo mais cruel, do qual jamais eu sairia.
Eu girava sobre mim
mesma, abrindo e fechando os olhos para que as lágrimas escorressem e me
deixassem ver com maior clareza um rosto conhecido.
Mas eu não via ninguém
naquela multidão, que se apressava para subir no trem. Estava sozinha, estava
desesperada. Ninguém parava para me ajudar.
Após um tempo,
reconheci meu pai no meio das pessoas. Ele veio correndo e me tomou nos braços
para pegarmos o trem. Depois disso, não lembro de mais nada.
Esta experiência me faz
pensar muito em como nós nos sentimos quando atravessamos alguma preocupação,
dor, circunstâncias críticas e extremas.
Ficamos com o coração e
a mente divididos. Buscamos desesperadamente recursos que nos proporcionem
soluções, recordamos o passado e tememos o futuro.
A angústia se apodera
de toda a nossa existência e acabamos extenuados, pois não encontramos descanso
e prevemos uma catástrofe.
Ligados ao último fio
de esperança, recordamos o mais básico que, em algum momento, aprendemos:
juntamos as mãos e começamos a rezar.
A experiência de muitas
pessoas com a oração pode ser frustrante: não sabem como rezar porque não
conhecem a Cristo ou têm uma vida espiritual imatura. No entanto, fora um
sem-fim de resultados que uma prece bem
feita tem, a oração possui algo que não deixa de me assombrar: ela é capaz de
nos ancorar, de nos reunir e nos prender a algo maior.
Apesar do sofrimento,
quando oramos temos a convicção de que não estaremos à mercê de nossas emoções.
Estáveis e serenos,
temos a capacidade de ver e refletir com maior clareza sobre tudo o que
acontece.
A oração abre as portas
e mostra novos caminhos, transforma e cura.
Esta é a razão pela
qual vemos essas pessoas que levam suas crises com a maior serenidade.
Se elas se sentem
protegidas pelas mãos de Deus, Ele passa a ser o foco principal, a fonte de paz
e crescimento. Não sei ainda se saberia rezar quando tive aquela experiência
ainda tão pequena, mas posso ver que, talvez, a razão pela qual eu não me lembre
de nada mais depois de ter sido tomada nos braços do meu pai é o que me faz
descansar tranquila. A calma e a segurança tinham sido devolvidas ao meu
coração.
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