Por Estadão Conteúdo
O jejum intermitente
faz você descobrir uma energia nova. Entenda o que essa dieta pode fazer por
você
São Paulo – “A
conhecida dieta de comer em pequenos intervalos de tempo é uma ideia atrasada e
não ajuda a perder peso”, afirma o médico e bioquímico Moacir Rosa,
especialista em emagrecimento e ganho de massa muscular. De acordo com ele,
alimentar-se de três em três horas faz o corpo desaprender a queimar gordura,
porque o organismo para de produzir corpos cetônicos – substâncias formadas
pela destruição de gordura para a geração de energia.
Conhecido no YouTube
por inúmeras dicas de vida saudável, Moacir Rosa analisa que a melhor forma de
emagrecer é pelo jejum intermitente, em que a pessoa passa até 20 horas sem
ingerir comida. “Quanto mais tempo em jejum, mais fico energizado. Estudo
melhor e a minha capacidade intelectual se torna mais poderosa”, relata.
De acordo com o médico,
isso acontece porque há a produção de energia extra e alterações hormonais,
como o aumento do GH – relacionado à juventude – e da testosterona. “O
organismo fica com menos calorias para queimar, fazendo com que o corpo
priorize as funções fisiológicas normais”, diz.
Ele alerta ainda que
muitas pessoas confundem fome com sede, porque as duas regiões do hipotálamo
que identificam essas percepções ficam próximas umas das outras. Leia a
entrevista na íntegra.
1. Qual é o jeito
errado de fazer jejum intermitente?
O primeiro passo é
pensá-lo como um complemento da reeducação alimentar. A maioria das pessoas
quer resultados rápidos e fáceis, mas isso não é possível. Hoje, estamos
invadidos por industrializados, de alto índice glicêmico e com elevada concentração
de carboidratos e conservantes: pizza, refrigerante, hambúrguer, biscoito
recheado e outras besteiras. Então, o primeiro passo é trocar essas substâncias
comestíveis, que nem alimento é, por comida de verdade.
Se você faz um jejum
sem essa mudança de hábito, você sente fraqueza e mal-estar, porque seu
organismo não vai estar no processo de cetoadaptação. Ou seja, quando você fica
em jejum, o corpo começa a queimar gordura, e essa gordura se transforma em
corpos cetônicos (energia gerada pela escassez de carboidratos). Se você comeu
carboidratos por muitos anos, como a maioria das pessoas, o corpo desaprende a
queimar gordura e, consequentemente, não consegue produzir essas substâncias
energéticas. Assim, os corpos cetônicos demoram mais para serem produzidos no
começo e as pessoas sentem fraqueza por ficar muito tempo sem se alimentar.
Por isso, o organismo
precisa se cetoadaptar com alimentação saudável antes de tudo, para o corpo
reaprender a queimar gordura e voltar a produzir corpos cetônicos.
2. Alguns leigos dizem
que o jejum intermitente pode ser prejudicial à saúde a longo prazo. Isso é
verdade?
O ser humano de hoje
não é nada diferente do nosso ancestral de 20 mil anos atrás, que era nômade e
precisava caçar. Então, nossa realidade fisiológica é suportar o jejum, porque
a natureza entende que precisamos de energia para ir atrás do nosso alimento.
Grandes felinos na África ficam muitos dias sem comer, e quanto mais tempo eles
passam assim, mais alertas ficam e mais energia sentem para poder ir atrás da
presa. Com a gente não é diferente, somos preparados [por natureza] para o
jejum intermitente. Basta ficar cetoadaptado e fazer o corpo desaprender a
comer porcaria.
3. Existe algum exemplo
prático disso?
Eu sou. Faço jejum
intermitente com frequência e quanto mais horas eu fico nele, mais eu me sinto
energizado. Estudo melhor, a minha capacidade intelectual e cognitiva se torna
mais poderosa e eu até faço exercício nesse período do dia. Então, depois que
você está adaptado e passa pelos primeiros passos, você fica mais alerta, mais
forte e o seu raciocínio melhora. Exatamente porque a natureza entende que você
precisa buscar alimentos.
4. Como começar um
jejum intermitente?
Procurando um bom
nutricionista, o que infelizmente está difícil no Brasil. Nossa medicina (na
área nutricional) está muito atrasada em relação à Europa e aos Estados Unidos.
Então, hoje, encontrar um nutrólogo ou nutricionista que use essa ferramenta de
jejum intermitente é mais complicado. Muitos ainda estão atrasados e aconselham
o paciente a comer de três em três horas, sendo que essa é a pior coisa que um
ser humano pode fazer. Os nossos ancestrais não tinham alimento de três em três
horas. Então a melhor forma de começar é procurar um profissional que esteja
versado nesse assunto e que já tenha feito um curso sobre o tema no exterior.
5. Qual tipo de pessoa
não pode fazer jejum intermitente?
Não recomendo para
crianças, porque elas têm uma necessidade calórica muito alta por estarem em
fase de crescimento. Um bebê, por exemplo, dobra de tamanho em um ano.
Também não é
interessante para atletas de alta performance, porque eles têm uma necessidade
calórica muito grande, precisam de uma construção muscular muito forte e isso
cria a necessidade de ingerir mais calorias, proteínas e gorduras. O que eu
indico a esses esportistas é um jejum de 15 horas a 16 horas, pelo menos uma
vez por semana, para o corpo não desacostumar a queimar gordura.
Os diabéticos são outro
público que demanda cuidado. Não pelo quadro de diabete, mas porque essas
pessoas tomam remédios que reduzem o índice de glicose. Então, se você está em
jejum intermitente e toma um medicamento hipoglicêmico, você tem grandes
chances de ter tontura e desmaiar. O jejum pode até ser feito, mas por
recomendação médica.
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