quarta-feira, 10 de abril de 2019

CIÊNCIA - Dez pontos que explicam por que o jejum intermitente ajuda a emagrecer


Por Estadão Conteúdo

O jejum intermitente faz você descobrir uma energia nova. Entenda o que essa dieta pode fazer por você

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São Paulo – “A conhecida dieta de comer em pequenos intervalos de tempo é uma ideia atrasada e não ajuda a perder peso”, afirma o médico e bioquímico Moacir Rosa, especialista em emagrecimento e ganho de massa muscular. De acordo com ele, alimentar-se de três em três horas faz o corpo desaprender a queimar gordura, porque o organismo para de produzir corpos cetônicos – substâncias formadas pela destruição de gordura para a geração de energia.

Conhecido no YouTube por inúmeras dicas de vida saudável, Moacir Rosa analisa que a melhor forma de emagrecer é pelo jejum intermitente, em que a pessoa passa até 20 horas sem ingerir comida. “Quanto mais tempo em jejum, mais fico energizado. Estudo melhor e a minha capacidade intelectual se torna mais poderosa”, relata.

De acordo com o médico, isso acontece porque há a produção de energia extra e alterações hormonais, como o aumento do GH – relacionado à juventude – e da testosterona. “O organismo fica com menos calorias para queimar, fazendo com que o corpo priorize as funções fisiológicas normais”, diz.

Ele alerta ainda que muitas pessoas confundem fome com sede, porque as duas regiões do hipotálamo que identificam essas percepções ficam próximas umas das outras. Leia a entrevista na íntegra.


1. Qual é o jeito errado de fazer jejum intermitente?

O primeiro passo é pensá-lo como um complemento da reeducação alimentar. A maioria das pessoas quer resultados rápidos e fáceis, mas isso não é possível. Hoje, estamos invadidos por industrializados, de alto índice glicêmico e com elevada concentração de carboidratos e conservantes: pizza, refrigerante, hambúrguer, biscoito recheado e outras besteiras. Então, o primeiro passo é trocar essas substâncias comestíveis, que nem alimento é, por comida de verdade.

Se você faz um jejum sem essa mudança de hábito, você sente fraqueza e mal-estar, porque seu organismo não vai estar no processo de cetoadaptação. Ou seja, quando você fica em jejum, o corpo começa a queimar gordura, e essa gordura se transforma em corpos cetônicos (energia gerada pela escassez de carboidratos). Se você comeu carboidratos por muitos anos, como a maioria das pessoas, o corpo desaprende a queimar gordura e, consequentemente, não consegue produzir essas substâncias energéticas. Assim, os corpos cetônicos demoram mais para serem produzidos no começo e as pessoas sentem fraqueza por ficar muito tempo sem se alimentar.

Por isso, o organismo precisa se cetoadaptar com alimentação saudável antes de tudo, para o corpo reaprender a queimar gordura e voltar a produzir corpos cetônicos.

2. Alguns leigos dizem que o jejum intermitente pode ser prejudicial à saúde a longo prazo. Isso é verdade?

O ser humano de hoje não é nada diferente do nosso ancestral de 20 mil anos atrás, que era nômade e precisava caçar. Então, nossa realidade fisiológica é suportar o jejum, porque a natureza entende que precisamos de energia para ir atrás do nosso alimento. Grandes felinos na África ficam muitos dias sem comer, e quanto mais tempo eles passam assim, mais alertas ficam e mais energia sentem para poder ir atrás da presa. Com a gente não é diferente, somos preparados [por natureza] para o jejum intermitente. Basta ficar cetoadaptado e fazer o corpo desaprender a comer porcaria.

3. Existe algum exemplo prático disso?

Eu sou. Faço jejum intermitente com frequência e quanto mais horas eu fico nele, mais eu me sinto energizado. Estudo melhor, a minha capacidade intelectual e cognitiva se torna mais poderosa e eu até faço exercício nesse período do dia. Então, depois que você está adaptado e passa pelos primeiros passos, você fica mais alerta, mais forte e o seu raciocínio melhora. Exatamente porque a natureza entende que você precisa buscar alimentos.

4. Como começar um jejum intermitente?

Procurando um bom nutricionista, o que infelizmente está difícil no Brasil. Nossa medicina (na área nutricional) está muito atrasada em relação à Europa e aos Estados Unidos. Então, hoje, encontrar um nutrólogo ou nutricionista que use essa ferramenta de jejum intermitente é mais complicado. Muitos ainda estão atrasados e aconselham o paciente a comer de três em três horas, sendo que essa é a pior coisa que um ser humano pode fazer. Os nossos ancestrais não tinham alimento de três em três horas. Então a melhor forma de começar é procurar um profissional que esteja versado nesse assunto e que já tenha feito um curso sobre o tema no exterior.

5. Qual tipo de pessoa não pode fazer jejum intermitente?

Não recomendo para crianças, porque elas têm uma necessidade calórica muito alta por estarem em fase de crescimento. Um bebê, por exemplo, dobra de tamanho em um ano.

Também não é interessante para atletas de alta performance, porque eles têm uma necessidade calórica muito grande, precisam de uma construção muscular muito forte e isso cria a necessidade de ingerir mais calorias, proteínas e gorduras. O que eu indico a esses esportistas é um jejum de 15 horas a 16 horas, pelo menos uma vez por semana, para o corpo não desacostumar a queimar gordura.


Os diabéticos são outro público que demanda cuidado. Não pelo quadro de diabete, mas porque essas pessoas tomam remédios que reduzem o índice de glicose. Então, se você está em jejum intermitente e toma um medicamento hipoglicêmico, você tem grandes chances de ter tontura e desmaiar. O jejum pode até ser feito, mas por recomendação médica.

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