quarta-feira, 10 de abril de 2019

Saúde - Entrou na academia e seu peso aumentou? A ciência explica




A prática de exercícios físicos e a manutenção de uma dieta saudável - feita com acompanhamento médico - levam a um estilo de vida saudável, diminuindo inúmeros riscos de saúde, incluindo câncer. 

Para perder peso, a recomendação é manter uma alimentação balanceada e praticar exercícios físicos diariamente, seja uma corrida no parque ou ir à academia. No entanto, para algumas pessoas, se exercitar traz efeitos opostos, ou seja, eles ganham peso ao invés de perder. E por que isso acontece? A ciência ainda está tentando desvendar todos os mecanismos envolvidos neste fenômeno, mas há explicações que podem indicar como e por que esse processo acontece.

Por exemplo, diversos estudos indicam que pessoas magras acostumadas a fazer exercícios aeróbicos tendem a comer a quantidade certa para compensar as calorias extras que queimam. Já indivíduos acima do peso estão mais propensos a comer demais. Segundo especialistas, isso acontece porque os processos fisiológicos mudam nas pessoas que se exercitam mais, como hormônios intestinais sendo liberados em diferentes concentrações durante a ingestão de alimentos, o que poderia ser um alarme para avisar sobre a real quantidade de comida necessária para fazer essa compensação. Ainda assim, essa é apenas uma das hipóteses.

Os pesquisadores ainda acreditam que outros fatores podem influenciar essa balança metabólica, como características genéticas. A psicologia das pessoas também pode ter papel importante nesses resultados já que algumas pessoas tendem a usar a comida como recompensa, ou seja, elas podem se exercitar bastante, mas acabam se “premiando” com comida por terem feito isso. Outra possível explicação é que os sinais de apetite de pessoas que perdem ou ganham peso é diferente em relação a quem mantêm o peso estável. E é claro, o tempo de atividade gasto durante o dia – seja para se exercitar ou realizar tarefas que gastam energia – também podem interferir nesses aspectos.


O apetite

Primeiro é preciso entender que o corpo humano não é capaz de detectar imediatamente as mudanças no gasto de energia para nos proporcionar a quantidade de apetite necessária para equilibrar essa equação. Por isso, sentimos fome várias vezes por dia, independente de termos ficado na cama o dia inteiro ou termos realizado uma faxina completa na casa. Outro problema é que nossos corpos liberam sinais biológicos muito mais fortes sobre o nosso apetite quando não comemos o suficiente do que quando comemos demais.

Por quê? Bem, tudo é uma questão de evolução. Lá começo da vida humana, não havia tanta comida disponível, então nossos ancestrais precisavam comer o máximo possível quando havia alimento, assim o corpo ficaria abastecido para enfrentar os dias de fome que viriam. Ainda que essa não seja mais a realidade para grande parte das pessoas, aparentemente, esse mecanismo ainda está presente no organismo humano.

Metabolismo

Agora vem as diferenças no apetite entre pessoas magras e acima do peso. Estudo de 2013 descobriu que as pessoas com sobrepeso sentem mais fome e consomem mais calorias do que as pessoas mais magras. Até aqui parece que não tem grandes novidades já que isso parece bem óbvio. Mas os pesquisadores ingleses também revelaram o motivo desse comportamento: tudo passa pelo metabolismo.

De acordo com os resultados, pessoas com excesso de peso têm taxa metabólica de repouso mais alta. Essa taxa, também chamada de metabolismo basal, está relacionada a queima de energia durante períodos de repouso, podendo ser de até 70% da queima de caloria diária. Por causa disso, a equipe propôs que essa taxa pudesse influenciar no tamanho das refeições das pessoas. Eles ainda indicaram que a composição corporal do indivíduo – especificamente sua quantidade de massa muscular – pode controlar essa taxa metabólica.

Essa correlação gerou a seguinte justificativa: a taxa metabólica estaria apenas atuando como intermediária, direcionando as informações sobre a composição corporal para o hipotálamo – parte do cérebro envolvida em processos metabólicos, incluindo a fome. Isso significa que o apetite seria determinado pelo tamanho do indivíduo. Mas ainda há muito a ser descoberto antes de considerar essa explicação como definitiva.

Tamanho importa

Outro estudo, publicado em janeiro no International Journal of Obesity, revelou que a quantidade de movimento realizado pelas pessoas influencia no quanto elas comem assim como as taxas metabólicas de repouso. Essa movimentação não estava relacionada a prática de exercícios físicos, mas a realização de tarefas diárias. Os pesquisadores notaram neste cenário que as pessoas com sobrepeso também tendiam a comer mais.

Portanto, parece que o tamanho do indivíduo pode influenciar nos resultados do ganho ou perda de peso. No entanto, pesquisadores concordam que há mais perguntas do que resposta no momento. O importante é que a prática de exercícios físicos e a manutenção de uma dieta saudável – feita com acompanhamento médico – levam a um estilo de vida saudável, diminuindo inúmeros riscos de saúde, incluindo câncer. Então, movimente-se. E coma adequadamente.

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