domingo, 19 de maio de 2019

Ela salvou o filho do aborto – e ele a salvou da morte


Por: Sempre Família / Aleteia Brasil


Lucas viveu 26 minutos inesquecíveis à luz deste mundo. "Sempre dizíamos que Deus havia nos dado o Lucas e somente ele nos tiraria"

Quando a primeira ecografia permitiu que, na 12ª semana de gestação, todos ouvissem com intensa emoção o coraçãozinho de Lucas batendo, o médico de repente mudou de expressão.

Era o ano de 2011. Logo depois que a primeira filha, Maria Isabela, de 3 anos, foi gentilmente acompanhada para fora do consultório para que o médico pudesse conversar com mais tranquilidade com a nutricionista Simone Marquesine e seu esposo, a alegria da nova gravidez passou a conviver com algo que Simone descreveu assim ao site pró-vida Sempre Família:

“Parecia que havia perdido o chão. Uma tristeza profunda tomou conta do meu coração e tudo parecia uma mentira”.

O exame estava mostrando que o bebê tinha má formação. A calota craniana não tinha se fechado. O diagnóstico era de encefalocele occipital, agenesia renal, espinha bífida e microcefalia.

O obstetra que avaliou em seguida aquele exame contou a Simone que, em 30 anos de medicina, só tinha visto um caso semelhante anteriormente – e o primeiro bebê não tinha sobrevivido.

Nas semanas seguintes, muita gente perguntava à família o que eles iriam fazer.

“Para nós não havia dúvida alguma. Sempre dizíamos que Deus havia nos dado o Lucas e somente ele nos tiraria. Imagina! Eu já havia ouvido seu coraçãozinho bater e, mesmo que não tivesse, não teríamos a coragem de fazer um aborto”.

O casal combinou com o médico levar a gestação até a 38ª semana, quando o pulmão do bebê estaria pronto para a cesárea. Depois do nascimento seria estudada uma cirurgia neurológica.

Na espera que parecia eterna, Simone se alicerçou na fé e no apoio de amigos e família. As orações da sua comunidade a confortavam e traziam a experiência da companhia:

“Além dos parentes, irmãos, amigos, sabia que Jesus estaria conosco até o fim”.

As muitas incertezas, porém, estavam sempre à sombra. O casal consultou de neuropediatra a geneticista e fez novos exames.

“Foram nove meses em que pude amar e lutar pelo ‘Luquinhas’. Eu ficava angustiada às vezes, ouvindo que ele seria incompatível com a vida, mas pedia a Deus que fizesse o melhor para ele. Claro, ouvi de algumas pessoas que era melhor abortar, mas ignorei. Jamais faria isso”.

Lucas retribui: chega a vez dele de salvar a mãe!

Entre a 35ª e a 36ª semana de gestação, dores intensas e inchaço na perna levaram Simone ao médico vascular, cujo diagnóstico gerou mais um susto: ela estava com trombose e foi internada imediatamente para aplicação de anticoagulante. Os coágulos estavam perto da virilha e um deles, de grande extensão, ficava numa artéria próxima do coração.

Nesse contexto angustiante, uma surpresa deixou Simone arrepiada:

“[O médico] me disse com essas palavras: ‘Seu bebê é quem te salvou, pois a gravidez fez pressão e impediu que o coágulo se deslocasse. No estágio em que você está, poderia ser fatal a qualquer momento’”.

O que o médico vascular não sabia era que Lucas tinha má formação – e que muita gente tinha “recomendado” que Simone fizesse um aborto.

A cesárea seria de alto risco por causa da possível hemorragia, o que obrigou Simone a um tratamento de 20 dias durante os quais nem podia levantar-se da cama para evitar o deslocamento do coágulo. Foram dias de terrível dor não somente física, mas principalmente emocional: quanto tempo o filhinho estaria com ela?

“Durante aqueles dias, agradeci muito ao Lucas por me salvar e também disse o quanto o amava, mesmo sem vê-lo”.

E nasce Luquinhas, para uma visita de 26 minutos à luz deste mundo!

Em 12 de maio, véspera do Dia das Mães, Lucas nasceu com 1,8 kg para estar com sua família durante inesquecíveis 26 minutos.

“Não consegui vê-lo pois, como o médico havia previsto, tive muita hemorragia e fiquei no Centro de Terapia Intensiva por quatro dias. Minha mãe, minha sogra, uma amiga e meu esposo disseram que ele era lindo e perfeito; que visivelmente não tinha má formação”.

No CTI, Simone ainda dava forças para outra mãe, que tinha perdido a filha.

“Só podia ser Deus mesmo para me sustentar naquele momento”.

Dois dias depois, o marido e alguns familiares e amigos fizeram o sepultamento do pequeno grande Lucas.

“Com muita dor não pude participar desse momento também, pois estava fazendo transfusão de sangue. Fiquei muito fraca por causa da hemorragia”.

Simone passou 30 dias no hospital até poder voltar para casa.

“Terminei a licença maternidade, tomei medicamento para secar o leite, fiz tratamento para a trombose, tudo com muita luta, mas com a maior certeza do meu coração: fiz o que era certo. Quem diria que, sete anos depois, eu iria contar essa história, próximo da mesma data, o Dia das Mães. Me emociono como se fosse hoje e me sinto muito honrada por Deus me escolher para viver essa história”.

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