Por: Lillian Fallon
Foram alguns dos meus
dias mais difíceis, mas obrigaram-me a fazer algo que nunca tinha feito antes
“Acho que é isso”,
pensei em um estacionamento do Walmart. Sentada no carro dos meus pais,
encostei-me ao volante e olhei para o letreiro luminoso do Walmart. O
estacionamento estava lotado. Carros circulavam como abutres, esperando por um
lugar. As pessoas saíam pelas portas deslizantes de calça de moletom e
chinelos, segurando recibos e empurrando carrinhos cheios de compras.
Eu estava desempregado
havia sete meses. Saí de Nova York depois de quatro anos trabalhando como
editora em uma revista no coração de Manhattan. Eu estava de volta à casa dos
meus pais na pequena cidade em que cresci. Sentei-me no mesmo carro velho e
ofegante que aprendi a dirigir, com as mesmas roupas que usava no ensino médio.
Depois de meses de
pedidos de emprego ignorados através do Linkedin, percebi que poderia ser isso
mesmo. “Isso” é uma vida mediana. A vida em uma cidade pequena, dirigindo em
torno de um estacionamento do Walmart às 22h, uma pizza congelada, o cabelo
bagunçado.
Durante anos, imaginara
meu futuro com roupas fabulosas como nos filmes, mudando ao ritmo da música
animada, enquanto eu cruzava as movimentadas ruas de Nova York a caminho de
coquetéis, reuniões de negócios e festas nas coberturas. Por um tempo minha
vida foi assim, mas depois tudo desabou.
Enquanto eu estava
sentada no estacionamento, um pensamento bateu na minha consciência como um
livro caindo em uma sala vazia: “Quando os sonhos não se realizam e não temos
mais nada – o que resta?”
Meses de orações não
respondidas e o completo desmoronamento do meu orgulho e identidade acabaram me
levando a uma encruzilhada. Naquele momento crítico, resolvi que tinha de
encontrar um jeito de ser feliz. Eu precisava. Se outras pessoas puderam
encontrar a felicidade em uma vida normal, isso significava alguma coisa. Elas
não precisaram de um sonho ou grande sucesso para atingir a felicidade.
“Então, se as pessoas
podem encontrar a felicidade em uma vida simples, elas devem encontrar alegria
em coisas simples, certo?”, pensei comigo enquanto dirigia para casa. Naquela
semana, comecei a me concentrar nas pequenas coisas – coisas que desconsiderei
no passado como menos importantes do que seguir uma carreira de alto nível.
Um dia eu me encontrei
na casa do meu vizinho por horas, apenas rindo e conversando. Eu fui para o
café da manhã e acabei passando o dia inteiro, desfrutando o momento. Meus dias
começaram a seguir essa fórmula. Comecei a aprender violão, escrever para
publicações que amava, investindo em meus relacionamentos e falando com Deus.
Todos esses momentos simples, “curtindo o momento”, foram me preenchendo, até
um dia percebi que estava feliz. Feliz sem o luxuoso apartamento de Nova York,
sem um guarda-roupa caro, sem uma carreira poderosa.
Eu não estava
perguntando: “como vou conseguir o que quero?”; mas “o que realmente importa?”
Quando eu parei de perseguir obsessivamente o meu sonho, tudo realmente se
resumia em uma coisa: ir para o céu. Quando nos despirmos das nossas buscas
pelo sucesso terrestre, o que nos resta? Bem, a única coisa que realmente importa.
Sempre que chegamos a
um momento de sofrimento na vida, inevitavelmente questionamos o propósito de
tudo. Por que isso está acontecendo? Qual o significado? Para mim, o sofrimento
do desemprego prolongado me forçou a pensar sobre o quadro geral e sobre o que
é realmente a vida. E assim, as prioridades da minha vida se reorganizaram. De
repente, eu não queria uma carreira importante em uma cidade em ritmo
acelerado, eu não ansiava por sucesso e reconhecimento. Eu só queria encontrar
significado no dia-a-dia. Quando reflito sobre isso, acho que sempre fui mais
feliz ao apreciar as pequenas coisas.
Todos chegamos a
momentos de encruzilhada, que é quando quando devemos decidir entre ver o pior
ou o melhor em uma situação difícil. A promessa de Deus é que o bem vencerá o
mal, mas nós temos livre arbítrio. Nós devemos escolher seguir o bem.
Embora esse período de
desemprego tenha sido provavelmente um dos momentos mais difíceis da minha
vida, isso me forçou a encontrar a verdadeira alegria e eu não a trocaria por
todo sucesso do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário