Michael Rennier
Ela também não foi uma
pessoa fácil, mas aprendeu a dominar a arte da empatia
Santa Teresa de Lisieux
era conhecida como uma mulher tranquila e modesta. E com ela aprendemos que não
dá para apelidar de “pequena flor” alguém que propaga insultos no Twitter ou
que publica críticas contras os outros.
Santa Teresinha
desenvolveu a habilidade de lidar com gente desagradável com tanta doçura que
essas pessoas antipáticas pensavam, erroneamente, que ela tinha um carinho
especial por elas.
Todos temos pessoas
chatas a nossa volta, não é mesmo? Às vezes não nos damos bem com elas, já que
elas dão a impressão de que só existem para nos aborrecer.
Essas pessoas que nos
fazem bufar estão sempre na mesma festa em que estamos. Assim, tentamos evitar
qualquer contato visual quando cruzamos com elas e logo pegamos o telefone para
fingir que estamos checando mensagens importantíssimas. Vai dizer que você
nunca fez isso?
Porém, não conseguimos
escapar completamente delas, porque, como mostra a experiência de Santa Teresa,
elas estão por todas as partes, inclusive nos conventos. Santa Teresa dominou
rapidamente a arte de tratar com pessoas difíceis e aprendeu a mostrar empatia
por elas. Talvez porque a própria Teresinha tenha sido uma pessoa difícil em sua
juventude.
Ao contrário do que
muitos pensam, Santa Teresa de Lisieux nasceu com um temperamento violento. De
acordo com a mãe dela, a menina fazia birras terríveis quando as coisas não
saíam do jeito dela e se jogava no chão como uma desesperada, pensando que tudo
estava perdido. “Havia momentos em que a birra era mais forte e ela perdia a
respiração”, dizia a mãe.
Santa Teresa também diz
em sua biografia que, se não tivesse tido pais tão bons, que a ajudaram a
remediar esse defeito de caráter, ela poderia – facilmente – “ter saído muito
má”.
Quando entrou para a
vida religiosa, ela escreveu: “tudo neste convento me agradou”. Mas,
rapidamente aprendeu que precisava melhorar seu comportamento antipático e que
o mesmo acontecia com as mulheres com quem convivia.
Ela, inclusive, teve
problemas com uma de suas superioras, que era severa com ela. “Não podia cruzar
com ela sem ter que beijar o chão”, conta Teresa, que afirma que o simples fato
de fazer a limpeza do chão se transformava em motivo para ser humilhada.
“Recordo que, certa vez, havia deixado uma teia de aranha no claustro e ela me
disse diante da comunidade: ‘Pensei que o claustro tivesse sido varrido por uma
menina de 15 anos’”.
Essa humilhação foi só
uma de uma série de acusações de preguiça. A superiora frequentemente
reclamava: “Esta menina não faz absolutamente nada”. Entretanto, Teresa teve
que aprender a conviver com a superiora, pois, para o bem ou para o mal, elas
passaram a maior parte do tempo juntas. Mas a situação só piorava e, com o
tempo, Teresa percebeu que tinha que aprender a lidar com pessoas antipáticas.
E deixou conselhos para quem também tem que enfrentar este tipo de desafio.
Busque seu valor
autêntico
As pessoas antipáticas
são incansavelmente negativas. Elas encontram sempre algo de que não gostam e,
certo ou não, concentram-se sempre nisso.
A madre superiora, por exemplo, havia decretado que Teresa era
preguiçosa e lembrava disso a toda hora. Teresa resolveu esse problema,
deixando de dar importância ao que sua detratora pensava e buscando seu
verdadeiro valor interior.
Ela decidiu fazer seu
trabalho silenciosamente e sem chamar a atenção, visando satisfazer sua própria
estima e honrar a Deus. Na realidade, ela sempre dava o crédito de seu trabalho
a outras pessoas, poi sabia que isso as deixaria alegres. Quando ela parou de
se preocupar com o fato da superiora apreciar ou não o seu trabalho, ela
conseguiu se liberar da negatividade.
Não desperdice energias
em vão
Com isso, Teresa não
quer dizer que devemos ser indolentes, mas que quando nos acusam ou nos julgam
erroneamente, não devemos entrar nessa guerra. Quando a superiora a acusava de
preguiçosa, Teresa podia ter contestado e começado uma disputa verbal. Mas
sabia que não adiantar nada.
Por exemplo, conta a
história que apareceu um vaso quebrado no convento e que a madre acusou Teresa
de não ter recolhido os pedaços. Ela entendeu que não importava quem havia
quebrado o vaso e que não valia a pena o esforço para provar sua inocência.
Assim, como ninguém assumiu a culpa, Teresa recolheu os cacos. Com o tempo, as
ações dizem mais do que as palavras.
Aperfeiçoe sua
capacidade de amar
É fácil amar sua
família e seus amigos, mas é difícil amar uma pessoa que parece não ter
capacidade de redenção. Teresa fala de uma freira de quem sentia aversão
natural, e de como entendeu que o amor é uma atitude, não um sentimento, já que
essa freira a ensinou a amar melhor.
“Eu tratava de
prestar-lhe todos os serviços que eu podia. Quando sentia a tentação de
contestá-la de maneira desagradável, limitava-me a me dirigir a ela da maneira
mais encantadora possível: com meu sorriso”, disse Teresa. Depois de certo
tempo, ela confessou que seus sentimentos começaram a mudar de verdade.
Definitivamente, uma
pessoa difícil só pode nos prejudicar se nós permitirmos. Como Teresa
demonstrou, sempre há uma alternativa. Talvez seja difícil ou até pareça
impossível. Mas esse exemplo nos revela que até a pessoa mais antipática do
mundo pode transformar-se em santa.
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