Calah Alexander
Ela descobriu esse
"apelido" ao ver a própria face num vídeo do YouTube. Mas o apelido
não é só cruel: é essencialmente falso.
O que você faria se
estivesse navegando na internet e achasse um vídeo chamado “A mulher mais feia
do mundo”, com 4 milhões de visualizações, e percebesse que o rosto exibido
nele é o seu próprio?
Você choraria? Eu
choraria.
Você leria todos e cada
um dos milhares de comentários execráveis, alguns dos quais recomendando que
você se matasse para fazer um favor ao mundo? Eu leria.
Você se deixaria abalar
dolorosamente e cairia em desespero? Eu, provavelmente, sim.
Ou será que você
escolheria um caminho diferente e mais corajoso?
Será que você
transformaria esse momento traumático no impulso para levantar a voz
incansavelmente contra o assédio covarde, para questionar os nossos frívolos
padrões de beleza e para testemunhar o que significa ser essencialmente uma
pessoa bela?
Lizzie Velasquez
escolheu este outro caminho.
Ela nasceu quatro
semanas antes do previsto e os médicos ficaram tão impactados com a sua
aparência que primeiro levaram uma fotografia Polaroid aos seus pais a fim de
prepará-los para verem a própria filha. Mas os pais não quiseram a foto: eles
queriam a sua bebê e exigiram que os médicos a levassem imediatamente até eles.
O diagnóstico de Lizzie
é de síndrome progeroide neonatal, um transtorno genético que lhe dificulta ganhar
peso e que a deixou cega do olho direito e com visão limitada no esquerdo.
Lizzie cresceu no Texas sabendo que o seu aspecto era diferente do das outras
crianças, mas também consciente de que o profundo amor dos pais e das irmãs por
ela lhe assentava os alicerces da confiança e da segurança pessoal.
Foi essa confiança
alicerçada no amor de seus pais o que a salvou naquele dia em que ela encontrou
a própria imagem no vídeo do YouTube chamado “A mulher mais feia do mundo”,
quando tinha 17 anos.
Depois de ler todos os
comentários, procurando desesperadamente uma pessoa que a defendesse, foi
buscar a mãe na sala de estar.
“Se aquele vídeo tinha
me machucado tanto, eu não conseguia imaginar o quanto ele iria machucar a
minha mãe. E acredito que, naquele momento, se acendeu para mim uma luz: eu não
estava disposta a ficar ali sentada e deixar que aquelas palavras fossem a
definição de quem eu sou”.
Um ano mais tarde, o
diretor da sua escola pediu a Lizzie para fazer um discurso aos alunos do
instituto. O diretor lhe garantiu com antecedência que haveria professores por
perto para acalmar os estudantes se eles se alvoroçassem. Não precisou: na
metade do discurso, quando Lizzie levantou o olhar para o auditório, seus
companheiros estavam todos em absoluto silêncio e totalmente concentrados nela.
Alguns até começaram a chorar. Naquele momento, Lizzie sentiu que a “barreira
de ser diferente” desaparecia e que todos eram apenas “um grupo de pessoas”.
A experiência foi um
ponto de virada para ela, que, desde então, se tornou conferencista
motivacional e uma ardente defensora do respeito a todos e do fim do assédio.
Foi palestrante no Tedx Talks, escreveu livros e tem seu próprio canal no
YouTube. Durante toda a vida, Lizzie confiou na sua fé católica para superar os
momentos mais escuros.
“Foi a minha rocha esse
tempo todo. Basta dedicar um tempo sozinha a rezar e falar com Deus para saber
que Ele está aqui para mim”.
Demonstrando que a
verdadeira beleza só pode ser vista pelos olhos da alma, Lizzie também
declarou:
“Deus me abençoou com a
maior bênção da minha vida, que é a minha síndrome”.
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