Monica Costa
A recomendação
quaresmal da Igreja é realmente saudável?
Na Quaresma, a Igreja
recomenda que jejuemos na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, além
de evitar comer carne toda sexta-feira. Mas essa recomendação é realmente
benéfica para a saúde?
Para começar, falamos
sobre dois termos diferentes: jejum e abstinência.
Os benefícios do jejum
Lembre-se de que o
jejum recomendado pela Igreja é realizar apenas refeições frugais, para pessoas
saudáveis com mais de 18 anos e menos de 60 anos, e apenas nesses dois dias.
No entanto, existem
fiéis que optam por um jejum radical que consiste em beber apenas água ou, no
máximo, comer um pouco de pão, como forma de expressar sua religiosidade. Essa
prática mais radical tem uma tradição antiga e está presente em quase todas as
religiões.
Moisés e Jesus jejuaram
por 40 dias, o Ramadã muçulmano evita comer qualquer coisa durante o dia por 30
dias. Mahatma Gandhi praticava jejum regularmente, para alguns exemplos.
Do ponto de vista
médico, considera-se que jejuamos quando ingerimos menos de 300 calorias por
dia e nos alimentamos apenas de líquidos.
Quando fazemos um jejum
prolongado ou intermitente, voluntário e controlado, o corpo começa a consumir
as suas reservas, o que pode ser uma prática muito saudável se for feita com
bom senso, prudência e orientação médica.
Na maioria das
sociedades ocidentais, comemos mais do que nosso corpo realmente precisa e isso
produz não apenas obesidade, mas também uma sobrecarga de trabalho para nosso
corpo. Quando nosso corpo não trabalha para digerir, ele se dedica à “limpeza”
e isso é bom porque:
Elimina toxinas
Melhora o equilíbrio
corporal
Ajuda a baixar o
colesterol
Ajuda o sistema
imunológico
Existem estudos que
comprovam que o jejum pode ser bom para dores crônicas e doenças reumatológicas
e inflamatórias.
Mas se as reservas
acabarem, o corpo se desequilibra e isso começa a afetar alguns órgãos, como o
fígado e os rins. É por isso que, se optarmos por um jejum radical por muitos
dias, primeiro devemos ter certeza de que estamos saudáveis para isso, e depois
ouvir o nosso corpo e começar a comer quando começarmos a sentir náuseas, dor
de cabeça ou irritabilidade.
Os benefícios da
retirada de carne
Lembre-se de que a
Igreja recomenda apenas abster-se de carne às sextas-feiras durante a Quaresma,
e nas sextas-feiras do resto do ano pode-se substituir essa abstinência por uma
obra de piedade ou caridade.
No ano passado, a
Organização Mundial da Saúde emitiu um relatório aconselhando a reduzir o
consumo de carne vermelha como medida de prevenção do câncer colorretal. Este é
o último de muitos relatórios e estudos que mostram que comer carne vermelha em
excesso é prejudicial ao coração e à saúde.
No entanto, a carne
fornece muitos nutrientes, como proteínas, ferro, vitaminas A e B, zinco e
ácidos graxos essenciais. Por esse motivo, se decidirmos mudar para o
vegetarianismo e parar de comer carne durante a Quaresma, devemos fazê-lo sob o
acompanhamento de um bom nutricionista, que irá nos ensinar as porções e
substituições adequadas.
O fato é que, nas
sociedades ocidentais, costumamos comer carne em excesso, principalmente
vermelha e processada, o que afeta substancialmente a formação de colesterol.
Portanto, eliminar a carne de nossa dieta uma vez por semana, substituindo-a
por proteínas de vegetais ou peixes, certamente trará benefícios para nossa
saúde.