Edifa
A fênix é esse pássaro
mítico que, quando morre, se incendeia e renasce imediatamente de suas cinzas.
O cristão que entra na Quaresma na quarta-feira de cinzas é como uma fênix. No
entanto, ele deve ter cuidado para não queimar suas asas
O cristão que entra na
Quaresma tem tanto orgulho de si quanto a fênix tem orgulho de suas penas,
cores e porte altivo. E então, de repente, sobrecarregado pelo seu pecado, ele
desaparece em meio à fumaça. Renascendo, ele precisa recomeçar, como se algo
lhe escapasse, como se uma rachadura em seu ser o impedisse de ser eterno.
Quando o amor da fênix
se transforma em orgulho
O cristão pode se
considerar orgulhoso por ser cristão. O tempo pode não mais apagar aquilo que
custa caro. Corneille (escritor francês) fez Polyeucte (Peça teatral) dizer:
“Um cristão não tem medo de nada, não esconde nada: aos olhos de todos, ele
sempre é cristão“. O cristão tem o seu olhar atraído pela beleza das cores da
vida. Ele acaricia as plumas da pureza de seu coração, ele tem orgulho de si
mesmo, que foi salvo sem mérito algum, mas que sabe que é amado. Se Cristo é o
único salvador dos homens, não vemos o porque não podemos dizer que todos nós
precisamos da salvação e que sofremos por não saber disso.
No entanto, o amor
próprio da fênix pode se transformar em orgulho. É quando o belo pássaro desaparece
carbonizado. O cristão derrapa no orgulho, não por não por se considerara muito
orgulhoso de sua fé, mas quando reduz a graça ao simples querer da natureza, a
exigência espiritual em defesa de uma cultura. O orgulho é a raiz do pecado,
mas acima de tudo é a loucura de acreditar que é possível ser cristão sem
colocar as suas bases em Cristo. A combustão do cristão é a secularização. O
monte de cinzas é o resultado fatal de seu erro, que pode, no entanto, se
transformar em penitência, especialmente nesta quarta-feira de cinzas.
O cristão, uma fênix
perdoada que ressuscita com o Senhor
A fênix renasce do seu
monte de cinzas. Como ela foi capaz de fazer isso com as suas próprias forças?
Para nascer, é preciso ser gerado. Ninguém pode dar vida a si mesmo, só é
possível recebê-la. A fênix que renasce como se nada tivesse acontecido é como
o cristão que deve tudo ao seu Senhor e que foi perdoado. Somente a graça dá a
vida e assim o perdão é recebido. É impossível dar a si mesmo as condições de
seu perdão, pretendendo um acordo negociado com Deus.
O perdão é
incondicional, mas podemos ouvi-lo pela voz humana do sacerdote, como no
Evangelho, pela voz humana de Jesus. “Somente Deus pode perdoar pecados”,
objetaram os judeus; mais uma razão para esperar tudo do perdão sacramental,
aquele que vem de Deus.
Irmão Thierry-Dominique
Humbrech
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