A Mãe de Jesus, invocada com os mais variados
títulos em todo o mundo, é lembrada, especialmente no mês de maio, como a
Senhora de Fátima.
Neste Ano Mariano, além dos 300 anos de Aparecida,
também celebramos o primeiro centenário das aparições de Nossa Senhora em
Fátima, Portugal. Aí, manifestando-se a três crianças pobres, Lúcia, Francisco
e Jacinta, que cuidavam de um pequeno rebanho de ovelhas, a Mãe de Jesus, com
muita simplicidade, fazia-lhes constantes e maternais apelos à conversão, à
penitência e à oração perseverante pela conversão dos pecadores, especialmente
a oração do santo Rosário. Eis aí, o núcleo da mensagem de Fátima que nada mais
é do que o centro do Evangelho de Nosso Senhor: conversão, penitência, oração e
missão.
Maria é um autêntico modelo para quem busca
ardentemente se identificar com Jesus e viver os valores do Evangelho. Ela não
só escutou atenta e calorosamente a Palavra de Deus e a pôs em prática, como
também concebeu em seu ventre virginal o Verbo de Deus que se fez homem e se tornou
o nosso eterno Redentor. A Palavra do Senhor encontrou acolhida no coração de
Maria e em seu ventre puríssimo se encarnou e veio fazer morada entre nós.
Assim se expressou o Papa Leão XIII em 1897: “Deus a escolheu desde a
eternidade para vir a ser Mãe do Verbo, que se encarnaria; e, por este motivo,
entre todas as criaturas mais belas na ordem da natureza, da graça e da glória,
o Senhor a distinguiu com privilégios tais, que a Igreja com razão aplica a ela
aquelas palavras das Santas Escrituras: “Saí da boca do Altíssimo, primogênita
antes de toda criatura” (Eclo 24, 5).
Nos Evangelhos percebe-se com nitidez como Maria foi
importante a Deus Pai e à Trindade Santíssima, primeiramente, e, em seguida,
foi igualmente importante para Jesus e à sua Igreja. Sim, a Igreja também, de
certa forma, foi gerada no ventre puríssimo de Nossa Senhora. Por fim, Maria é
admiravelmente muito significativa para todos nós que seguimos Jesus como seus
discípulos missionários. Assim como apresentou Jesus no templo, ela também,
hoje, apresenta-nos a Jesus no santuário celeste para que sejamos nós também
agraciados com sua bondade e misericórdia, com sua paz e salvação. Assim como
acompanhou seu filho em sua missão até à cruz no calvário, assim também
acompanha a Igreja desde Pentecostes até os dias de hoje, onde vivemos uma
realidade marcada por tantos sofrimentos físicos, espirituais e morais. Diante
disso, os apelos da Senhora de Fátima são sempre atuais: conversão, penitência,
oração perseverante e missão. Quem acolhe estes apelos marianos, jamais vai se
excluir de um sério e responsável engajamento na ação evangelizadora da Igreja.
Celebrando com sinceridade este Ano Mariano,
continuemos firmes em nosso caminho, sempre mais revigorados em nossa ação
missionária, para que a força do Evangelho transforme, desde as bases, as
estruturas da sociedade para que todos nós, à semelhança da “serva do Senhor”
sejamos verdadeiros servidores de Deus e do seu povo, especialmente cuidando
dos mais desprovidos. Assim, “pela graça do Espírito Santo, à semelhança de
Maria, conservemos a integridade de nossa fé, uma sólida esperança e sincera
caridade” (Cf. LG 64), onde nossa vida, sempre mais perfeitamente, possa se
transformar em serviço. Como nos ensina o papa Francisco, olhemos para Maria e
“voltemos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto”.
Por Dom Celso Antônio Marchiori – Bispo de Apucarana
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