Pe. Henry Vargas Holguín
Depois de descobrir o significado deste gesto, você
terá muito orgulho de fazer o sinal da cruz
Pergunta
É correto usar a mão esquerda para fazer o sinal da
cruz? Sou canhota e às vezes o faço com a esquerda. Quando eu era criança,
minha mãe me ensinou que só se faz com a mão direita. É verdade ou mito?
Resposta
“O cristão começa o seu dia, as suas orações, as
suas atividades, pelo sinal da cruz ‘em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo. Amém’. O batizado consagra o dia à glória de Deus e apela para a graça
do Salvador, que lhe permite agir no Espírito, como filho do Pai. O sinal da
cruz fortalece-nos nas tentações e nas dificuldades” (Catecismo da Igreja
Católica, 2157).
A primeira pessoa a fazer o sinal da cruz foi o
próprio Jesus, que estendeu seus braços na cruz. E seus braços estendidos entre
o céu e a terra traçaram o sinal indelével da Aliança.
Nos primeiros séculos, era costume fazer o sinal da
cruz sobre a testa. Pouco a pouco, o costume se transformou no que conhecemos
hoje: fazer uma grande cruz sobre nós mesmos, da testa ao peito e do ombro esquerdo
ao direito.
E por que os padres abençoam com a mão direita?
Porque os antigos ícones mostram Cristo ou os
hierarcas da Igreja abençoando com a mão direita.
A direita nos recorda a alegria dos que foram
salvos, dos que fazem a vontade de Deus, já que o Filho colocará as ovelhas
fiéis à sua direita (Mt 25, 31).
Esta forma de fazer o sinal da cruz também tem um
significado teológico profundo.
O sinal da cruz começa com a mão direita da cabeça
até o peito, aceitando que nosso Senhor Jesus Cristo desceu do alto (isto é, do
Pai) à terra pela sua santa Encarnação.
O sinal da cruz continua, partindo do lado esquerdo,
onde está o coração, lugar no qual se guarda com amor o mistério pascal de
Jesus (sua dolorosa Paixão e Morte), a dirigindo-se depois ao lado direito,
recordando que Jesus está sentado à direita do Pai pela sua gloriosa Ascensão.
Ou seja, a cruz termina na glória celestial.
A Igreja sempre considerou o lado direito como
preponderante. É por isso que, para traçar o sinal da cruz, usa-se também a mão
direita.
Ao incensar o altar, também se começa sempre pelo
lado direito.
Nosso Senhor nos diz que, entre outras coisas, a
caridade também se faz com a mão direita: “Quando você der esmola, que sua mão
esquerda não saiba o que fez a direita” (Mt 6, 3).
Mas é importante fazer o sinal da cruz de maneira
especial?
Sim. Nós não temos nenhuma autoridade para mudar,
negar ou criticar, segundo nossa maneira de pensar, a tradição cristã que é
observada hoje e que começou há muitos séculos.
Precisamos levar em consideração que, no âmbito da
vida social, há protocolos que têm de ser respeitados, mesmo quando ainda não
conhecemos sua origem ou significado. Quando se cumprimenta alguém, dá-se a mão
direita, não a esquerda, por exemplo.
As regras de boas maneiras na sociedade não são
meras formalidades, mas expressam respeito e cordialidade. Quando, em nome da
espontaneidade, as pessoas deixam de lado as boas maneiras, podem acabar se
tornando até brutas, ásperas, toscas.
Na vida de piedade acontece a mesma coisa. A mão
direita é considerada mais “digna” e por isso a usamos.
Assim, por exemplo, o padre dá a comunhão com a mão
direita, ainda que seja canhoto. Não é proibido nem pecado que se dê a comunhão
com a esquerda, mas é uma questão de boa educação litúrgica, bem como um
detalhe de amor a Jesus.
De qualquer maneira, é bom conservar detalhes que
têm um significado e, se fazemos por amor, valem ainda mais. Não se trata de
formalismos vazios. Nossa fé dá sentido a estes gestos.
Utilizar a mão direita para as ações litúrgicas e/ou
religiosas nunca pode ser ofensivo para os canhotos. De fato, os bispos e
sacerdotes canhotos também fazem o sinal da cruz e dão bênçãos com a mão
direita.
Evidentemente, utilizar a direita, mais que uma
questão de fé, é uma convenção, que busca expressar uma maior dignidade no que
se faz – daí que signifique um maior respeito e, portanto, mais amor também.
Na liturgia, a elegância também é uma virtude e, se
os gestos são feitos com amor, seu significado e mérito serão maiores.
Valorizar a cruz
Quando entendemos o que a cruz implicou para Jesus a
favor nosso, quando recordamos que na cruz Jesus nos amou até o extremo, e se
nosso pequeno gesto do sinal da cruz é consciente, estaremos continuamente
reorientando nossa vida em boa direção, pois carregar a cruz é o que Jesus pede
para segui-lo.
Todo gesto simbólico pode nos ajudar a entrar em
comunhão com aquilo que o gesto significa, e isso é o mais importante.
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