terça-feira, 31 de julho de 2018

A PROCEDÊNCIA DE JOSÉ (CURSO DE JOSEFOLOGIA - PARTE 1 - CAPÍTULO 02)


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De São José, na verdade, sabemos muito pouco. Não temos referência sobre o ano nem sobre o lugar do seu nascimento, não sabemos o nome da sua mãe. E existem controvérsias a respeito do nome do seu pai. Os evangelistas Mateus e Lucas o apresentam como descendente do rei Davi (Mt 1, 1-16,20. Lc 1, 27; 2, 4 ; 3,23-31).

No entanto, há uma divergência na genealogia que ambos os evangelistas trazem, pois Mateus percorre, todo o caminho da sua ascendência chegando a Jacó (Mt 1.16), enquanto Lucas diz que ele é filho de Levi (Lc 3.23). Esta questão não chegou até hoje a uma solução satisfatória por parte dos exegetas. Em todos os casos a função da genealogia é justamente fazer Jesus entrar na história humana e documentar que o Verbo se fez carne na linhagem davídica. O intuito do evangelista Mateus é fazer ver a sucessão legal, respeitando os direitos messiânicos de Davi a Jesus . Lucas, do seu lado, quer indicar a sucessão natural de Jesus. O melhor esclarecimento a respeito dessas duas posições podemos fazer, levando em conta a Lei do Levirato expressa no livro do Deuteronômio (Dt 25, 5-10) ela estabelece que a mulher que ficasse viúva devia tornar-se esposa do irmão do esposo falecido, e o primeiro filho desse casamento era considerado filho legal do primeiro marido e filho natural do segundo marido. Com isso, podemos salvar tanto a sucessão legal como a natural de Jesus.


Além das referências sobre a sua pessoa, podemos ainda afirmar que José era esposo de Maria (Lc 1, 27), que era justo (Mt 1,9) e que era conhecido como carpinteiro (Mt 13,55 ; Jo 1,15). Sobre a sua família possuímos ainda uma referência de Egesipo, o qual afirma que ele tinha um irmão chamado Cléofas (Eusébio, Hist. Eccl 3.11, em PG XX, col. 248) . Pertencente à antiga dinastia de Davi, como afirmamos, José viveu em Nazaré (Lc 1, 26; Mt 2,23) durante toda a sua vida, menos, é claro no breve período que passou exilado no Egito, para garantir a segurança da sua família (Mt 2, 13-21).


Não sabemos se nasceu em Nazaré, porém achamos com grande probabilidade que sim, pois ali viveu toda a sua vida.

Contudo, podemos afirmar com segurança que, segundo o costume da época, foi circuncidado no oitavo dia depois do nascimento e recebeu o nome de José, que significa "crescimento, aumento" , e ainda criança aprendeu a ler o hebraico da Torá.

Seu país, a Palestina, onde hoje se situa o território de Israel, localiza-se na parte oriental do mar Mediterrâneo, e é formado por uma longa faixa de terra de 240 por 150 quilômetros quadrados.
Possui uma planície de terras ricas e férteis, montanhosa e de caminhos sinuosos, com desertos desoladores em contraste com colinas verdejantes e oásis exuberantes, marcados pela presença imponente do rio Jordão e do lago de Genesaré, a cuja beleza se opõe o inóspito mar Morto. Sua área montanhosa com colinas de 500 a 900 metros, espalha-se pelas suas três regiões características, denominadas Galiléia, Samaria e Judéia.

O rio Jordão, que forma no seu percurso o lago de Genesaré, também conhecido como mar da Galiléia pela sua profundidade de até 45 metros com 2 quilômetros de comprimento por 11 de largura, é um rio muito importante na vida do povo hebreu, pois foi palco de inúmeros e relevantes acontecimentos na vida desse povo. Basta lembrar que em suas margens o profeta João Batista pregava a conversão e batizava, em suas águas o próprio Jesus foi batizado.

Após percorrer 350 quilômetros, ele deságua no mar Morto, o qual possui uma extensão de 85 quilômetros com aproximadamente 16 quilômetros de largura, atingindo uma profundidade de até 400 metros. Suas águas são densas de sal, o que não permite nenhum tipo de vida.

A Palestina de José é herdeira de uma história de muitos séculos antes do nascimento de Jesus, marcada por lutas, conquistas, derrotas, monarquias, deportações e exílios. Esteve envolvida por uma densa atmosfera política. E por uma ânsia de libertação, e alimentou sempre uma fé intensa em Javé, embora freqüentemente contaminada por idolatrias e infidelidades.

São José nasceu na época da dominação romana. De fato, desde o ano 63 antes de Cristo, o seu povo vivia sob o jugo dos romanos, que introduziram na Palestina muitas novidades e progresso, particularmente construções imponentes, assim como os seus ídolos e templos profanos para cultuar seus deuses, o que constituía uma afronta ao povo de José, que se julgava o único conhecedor do Deus verdadeiro. Esse comportamento dos dominadores romanos, bastante eclético e incompatível com as aspirações dos hebreus, gerou muitas revoltas, guerrilhas e revoluções armadas por parte de facções do povo, sempre com o intuito de libertar-se da dominação estrangeira.

Mas, se tantas adversidades contrastavam na vida deste povo, algo muito especial os unia: o Templo de Jerusalém. Era em volta dele que girava a vida religiosa, social e política dos hebreus. Foi construído pelo rei Salomão no século X antes de Cristo, destruído por Nabucodonosor em 516 antes de Cristo, reconstruído por Zorobabel, e depois novamente destruído por Herodes por volta do ano 20. a.C., quando José já era adolescente, para que outro mais suntuoso e rico ocupasse o seu lugar. Esse último só ficou pronto no ano 64 a. C.

José, fruto do seu tempo, estava envolvido por esta atmosfera mística e ao mesmo tempo tensa. Conhecia bem o Templo e, como hebreu, oferecia os seus sacrifícios a Deus. O átrio do edifício sagrado era palco todos os dias, desde manhã bem cedo, de sacrifícios e imolações de animais, que ocupavam todos os altares, construídos em grande blocos de pedra. Como bom hebreu, José pagava 10% de imposto ao Templo, taxa que era destinada a sustentar os 20 mil funcionários, do mais alto grau sacerdotal ao empregado mais humilde, que ali prestava serviços. José tinha consciência das distinções de classe e do modo de pensar da sua sociedade. Percebia a existência de uma hierarquia e sabia que no topo da pirâmide social se encontrava a classe dos saduceus, um grupo poderoso, constituído pelas pessoas mais influentes e ricas, que eram sacerdotes e administradores do Templo. Esse grupo era intransigente na observância da Lei Mosaica e contrário às mudanças, sobretudo aquelas que pudessem afetar a sua posição na sociedade. Gozava de privilégios, pois colaborava com os romanos. Apreciava a ordem externa e zelava pela conservação do Templo e pelo funcionamento ritualista dos sacrifícios.

Questões para o aprofundamento pessoal

1. Qual era sua nacionalidade e seu país?

2. O que significa a palavra José?

3. Descreva o país de José?


Sobre este Curso de Josefologia:

 Autor: Pe. José Antônio Bertloin, OSJ
 Contatos com autor: pebertolin@net21.com.br
 Organização do Curso e Publicação: Centro de Espiritualidade Josefino-Marelliana (Pastoral  Josefina)

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