Quem é São José?
Quais são as suas
características?
Qual é o modelo de
santidade que ele representa para os cristãos?
Estas são
interrogações, entre muitas outras, que temos o direito de fazer.
Tentaremos mostrar tudo
isso neste Curso, sem esgotar o assunto.
Aliás, diante desta
personalidade rica e ao mesmo tempo poliédrica percebemos que, quanto mais
descobrimos, mais temos para encontrar.
De São José, na
verdade, sabemos muito pouco. O seu nome é citado nos evangelhos apenas
quatorze vezes, e os evangelistas lhe dedicam apenas vinte e seis versículos,
mas não mencionam nenhuma palavra dele. Claro que isso não nos deve parecer
estranho, pois os evangelistas estavam preocupados em narrar a vida de Jesus e
o seu ministério. Não possuímos nem mesmo referências sobre o ano nem sobre o
lugar onde nasceu. Não sabemos o nome da sua mãe e existem controvérsias a
respeito do nome do seu pai (Para os que pensam que a genealogia de Lucas
(3,23) dá a linhagem de Maria, e a de Mateus (1,16), dá a de José, Jacó seria o
pai de José e Heli o seu sogro. O uso da palavra "pai" no hebraico e
no grego, permitiriam que esta fosse usada no lugar de sogro. Para os que
pensam que ambas as genealogias dão a linhagem de José, Jacó e Heli seriam
irmãos, e segundo o costume, quando Heli morreu, Jacó teria tomado a sua viúva
como esposa, e José seria filho de Jacó no sentido literal, e de Heli no
sentido legal. Segundo a lei dos Judeus ( Dt 25,5), o irmão deveria continuar a
descendência de um irmão morto casando-se com a viúva deste. É possível que
José tenha sido filho de Jacó por nascimento, mas filho de Heli por adoção).
Entrou em cena quase
desapercebidamente. Não há nenhuma menção sobre a sua vida nem sobre a sua
morte, e esse silêncio permanecerá por muitos séculos. Entretanto, foi a ele
que Jesus submeteu-se como filho, e foi com ele e nele que Maria encontrou um
grande amor e força para desempenhar com perfeição a sua missão sublime.
Na verdade, o mistério de
São José está na eloqüência do seu silêncio e no primado do seu amor, sendo
assim, a imagem terrestre da bondade de Deus. O seu silêncio é impressionante.
Ele é o mais escondido de todos os santos. Talvez por isso tenha exercido e
continue exercendo um fascínio na alma de incontáveis devotos. O seu abandono
aos desígnios de Deus é total, não pede explicações, não contesta e, mesmo
quando entra em cena, aparece quase que de modo obscuro. Se é verdade que, ao
referir-se a ele, os evangelhos não usam muitas palavras, é indiscutível que a
sua pessoa está envolvida por um halo de luz tão cristalino, que resume a
essência do que ele representava, quando afirmam que "era um homem
justo" (Mt 1.9).
Era justo com Deus,
depositando nele a mais profunda confiança em toda a sua vida. Era justo com o
próximo, pois vivia com Jesus e Maria na mais perfeita caridade. Era justo
consigo mesmo, pois foi sempre fiel à vocação que recebeu.
São José é um santo no
sentido mais amplo da palavra, afirmava um grande devoto josefino. Foi um homem
à parte, reservado, retirado, separado. Um homem em quem se diria que tudo é
interior. Um homem de Deus, todo de Deus, todo em Deus. Admirado com a extrema
simplicidade e os traços de santidade com que José se apresenta, outro grande
devoto do nosso santo, Olier, assim se expressou em suas considerações sobre
ele:
José "foi dado à
humanidade para exprimir visivelmente as adoráveis perfeições do Pai, para ser
a sua imagem aos olhos do Filho de Deus". Então. como deve ser excelsa a
sua santidade, a beleza desse grande santo que Deus Pai criou com suas mãos
para representar a si mesmo ao Filho unigênito.
São José é, no dizer do
Papa Paulo VI, "a luz que difunde os seus raios benéficos na casa de Deus
que é a Igreja: preenche-a com profundas e inefáveis recordações da vida à cena
deste mundo do Verbo de Deus, feito homem por nós e para nós, e que viveu sob a
proteção, a guia e a autoridade do artesão pobre de Nazaré" (Paulo VI ,
Alocução de 19 de março de 1966). Deus, para realizar o seu grande desígnio de
amor, quis servir-se de suas criaturas, entre as quais escolheu duas de seu
especial agrado, Maria e José, como testemunhas conscientes e agentes livres e
responsáveis. Por isso a participação desses dois astros de primeira grandeza
na história da salvação os coloca no centro da história do mundo.
Deus procurou, em todas
as gerações, quem pudesse ser escolhido e dado como companheiro àquela que
escolhera como mãe do seu Filho eterno. Considerou a fé inabalável de Abraão, a
pureza de alma de Isaac, a infatigável paciência e resignação de Jacó, a
mansidão e a santidade de Davi, mas o seu olhar divino não repousou em nenhum
deles. Foi além, pois só em José encontrou o homem que procurava, e sobre ele
recai a sua escolha. "O Senhor encontrou José segundo o seu coração e lhe
confiou com plena segurança o mais misterioso e sagrado segredo do seu coração.
Desvendou a ele a obscuridade e os segredos da sua sabedoria, concedendo-lhe
que conhecesse o mistério desconhecido de todos os príncipes deste mundo (Hom.
Super Missus est, PL 183, 70).
"São dele os
pesos, as responsabilidades, os riscos e as fadigas da pequena e singular
família. É dele o serviço, o trabalho, e o sacrifício, na penumbra do quadro
evangélico, no qual é agradável contemplá-lo" (Paulo VI, Homilia de 19 de
março de 1969).
Portanto, ninguém pode
ignorar o lugar que São José ocupa na hierarquia dos Santos. Se aprofundarmos a
sua vida perceberemos que imitá-lo nos parecerá fácil, pois está muito perto de
nós. Ele conheceu a luta do dia-a-dia. E a amargura, sendo igual a nós. A
amável e singular serenidade que se irradia deste simples leigo com uma grande
missão aos olhos de Deus, nos convida afetivamente a nos aproximarmos dele com
mais familiaridade, para conhecer e seguir o seu ensinamento, que nos foi
transmitido com tanta discrição.
Por isso, nós,
católicos, tributamos aos nossos santos um culto de veneração, considerando
sempre a dignidade que lhes foi concedida por Deus e os seus exemplos que
edificam a nossa vida.
São José fala pouco, mas
vive intensamente aquilo que faz, não se subtraindo de nenhuma responsabilidade
que a vontade do Senhor lhe impõe. Por isso ele nos oferece um exemplo de
atraente disponibilidade à vontade de Deus, exemplo de calma em cada
acontecimento, de confiança embebida de sobre-humana fé e caridade, assim como
do grande meio da oração (João XXIII, Felicitações apresentadas ao Sacro
Colégio em 17 de março de 1963). Por ter sido escolhido como esposo de Maria e
pai de Jesus, e devida à abundância de graças que recebeu de Deus, a Igreja
sempre lhe tributou um culto especial.
Esse é o motivo porque
São José vive na alma do nosso povo, pois o povo o conhece como o carpinteiro
de Nazaré, de mãos calejadas por causa do manejo do martelo e do serrote.
Mediante os quais tirava o sustento para si com o suor do seu rosto. Ele é um
santo que não se encontra na grande galeria dos doutores da Igreja, nem dos
sábios, nem mesmo entre aqueles que se revestiram do poder de conduzir a nossa
Igreja. Nos céus não o colocamos entre os querubins e os exércitos celestes.
Com seu estilo silencioso e humilde de vida, quase desconhecido, ele se
assemelha muito ao nosso povo.
Em síntese, os trechos
da Sagrada Escritura que falam sobre o nosso Santo podem ser resumidos nos
seguintes:
Descendente da casa de
Davi - Mt 1,16 / Lc 1,27.
Esposo de Maria - Mt
1,18.
Pai de Jesus - Mt 1,20;
13,55 / Lc 3,23; Jo 1,45 ; 6,42.
Perplexidade diante do
mistério da encarnação - Mt 1,19.
Viagem a Belém para o
recenseamento ordenado por César Augusto - Lc 2,4-6.
Fuga ao Egito e volta
com Maria e o Menino para Nazaré - Mt 2, 14. 19-23.
Perda e encontro de
Jesus aos 12 anos no Templo de Jerusalém; em seguida o Menino desceu com eles a
Nazaré, onde lhes era submisso - Lc 2,48.
Era um homem justo - Mt
1,19.
Portanto, os dados dos
evangelistas sobre São José são estes: era justo, filho de Davi, esposo de
Maria, pai de Jesus e carpinteiro. São poucas informações, mas de importância
fundamental, como todas as da Sagrada Escritura, pois são como sementes cheias
de vitalidade e de conteúdos inexauríveis.
Questões para o
aprofundamento pessoal
1. Quantas vezes os
evangelhos o mencionam? E qual ou quais seriam seu (s) pai (s)?
2. Como Mateus o
define?
3. Dê uma síntese do
que os evangelhos falam dele.
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