Prof. Felipe Aquino
Deus usa da natureza
para nos fazer pacientes, já que esta lição é fundamental para nossa salvação
São Tiago diz que a
paciência nos leva à perfeição, a meta de nossa vida cristã. “É preciso que a
paciência efetue a sua obra a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza
alguma” (Tg 1,4). Ele chega a dizer que é uma “suma alegria” passar por diversas
provações, já que elas produzem em nós a paciência (Tg 1,2). É impressionante
esse “suma alegria”. Os santos dizem que há dois tipos de martírio: o da morte
pela espada; e o da morte lenta, também por amor a Deus, pela paciência.
Não há barreira
espiritual que não caia pela força da paciência, que é fruto da fé e do
abandono da vida em Deus. Foi pela paciência que Abraão esperou o seu Isaac, 25
anos após a promessa de Deus. Foi pela paciência que Jó venceu as provações e
agradou a Deus. Foi pela paciência que a Igreja venceu todos os seus inimigos
até hoje: o império romano, as heresias, as perseguições, o comunismo, o
ateísmo, os pecados dos seus filhos, etc. Sem paciência não é possível o
crescimento humano e espiritual.
Quando os nossos
pecados e fraquezas nos assustam e nos desanimam, é preciso ter paciência
conosco e aceitar a nossa dura realidade. Assim os santos chegaram à santidade.
Quando é difícil caminhar depressa, então é preciso ter paciência e aceitar
caminhar devagar. José e Maria salvaram o Menino das mãos de Herodes, indo
passo a passo até o Egito. A pressa é inimiga da perfeição.
Quando o trabalho de
cada dia se torna monótono e cansativo, é preciso fazê-lo com paciência,
oferecendo cada gota de suor a Deus. Quando a oração se torna difícil, é
preciso mantê-la com paciência, deixando que ela mesma aumente em nós essa
virtude. Quando o obstáculo é intransponível às nossas possibilidades, é
preciso saber esperar as circunstâncias mudarem, a graça de Deus agir, e tudo
acontecer. Santa Teresa D’Ávila, doutora da Igreja, nos ensina: “Nada te
perturbe; nada te espante. Tudo passa. Só Deus não muda; a paciência tudo
alcança. Quem a Deus tem nada lhe falta: Só Deus Basta!”
Quando o sofrimento se
faz presente, é preciso não se desesperar, e fazer como os passarinhos que,
quietinhos no ninho, esperam a tempestade passar… O remédio é a paciência!
“O sofrimento aceito
com paciência é o mais rápido caminho da santificação”, nos garante São
Francisco de Sales, com sua autoridade de doutor da Igreja. Foi o santo da
paciência; nada lhe tirava o sorriso dos lábios.
Maria, nossa Mãe, é a
mulher da paciência. Sempre soube esperar o desígnio de Deus se cumprir, sem se
afobar, sem gritar, sem reclamar… A paciência é amiga do silêncio e da fé.
“Meu filho, se entrares
para o serviço de Deus (…) prepara a tua alma para a provação; humilha teu
coração, espera com paciência… sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus,
espera com paciência” (Eclo 2,1-3).
Deus usa da natureza
para nos fazer pacientes, já que esta lição é fundamental para nossa salvação.
Para que todos pudessem sem se cansar aprender essa lição, Deus a colocou como
a base da criação. Você semeia o grão de milho e tem de esperar pacientemente
seis meses para colher a espiga. Primeiro o grão germina; gera a plantinha que
cresce e se fortalece aos poucos, sem cessar e sem correr, silenciosamente. Se
adapta ao solo, ao clima, ao tempo… Depois vêm as flores e por fim o fruto.
Toda a natureza nos dá
essa lição: crescer devagar, sem parar, com paciência e em silêncio. Nós fomos
uma única célula no ventre caloroso da mãe, ela se dividiu em duas… em milhões,
aos poucos, lentamente. E assim Deus nos teceu no seio materno, como a mulher
vai tricotando uma blusa, ponto por ponto, sem parar, sem correr. Que lição de
vida!
É Deus nos falando pelo
espelho da natureza. Feliz de quem sabe contemplá-la e aprender as suas belas
lições. Tudo que a gente fizer sem paciência e sem contar com a natureza, ela
mesma se incumbe de destruir. Deus atrelou nossa vida na paciência que a
natureza nos ensina sem cessar.
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