Por Daniel Magnoni
Antes de realizar
qualquer dieta é necessário consultar um especialista para receber orientações
nutricionais adequadas
Por muitos anos, os
profissionais de saúde continuadamente informaram aos pacientes e a população
de forma geral, conceitos relacionados à escolha saudável, criando a ideia de
que reduzir gordura saturada, sal e açúcar, aliado ao consumo de frutas,
legumes e vegetais finalizaria o processo de saúde e prevenção de doenças. Na
verdade, o entendimento atual conduz a uma nova série de observações críticas,
desde a escolha, passando pela aquisição e terminando na ingestão dos
alimentos.
O mundo vegetariano:
essa é uma dúvida frequente no meu consultório. Os pacientes, com dietas mal
orientadas, podem apresentar déficits de peso, deficiências na dosagem
sanguínea de vitaminas (B12 e D), ferro, cálcio e zinco, bem como de proteínas
e funções metabólicas. Com isso, desenvolvem anemia, deficiências ósseas, queda
da imunidade e perda da massa magra (músculos), além de algumas variações
hormonais.Nesses pacientes, é muito importante a avaliação clínica e laboratorial
rotineira.
A avaliação individual
correta pode prevenir problemas sérios de saúde, liberando à prática alimentar
no mundo vegano com maior segurança. Eu tenho especial atenção em pacientes
idosos, executivos(as) com alimentação irregular, praticantes de atividade
física intensa, gestantes e crianças em crescimento, sem falar em períodos de
pós internação hospitalar.
Tipos
de dieta
Existem diversos grupos
dentro do mundo vegetariano:
Vegetariano: Não come
nenhum tipo de carne;
Ovovegetariano: Não
come nenhum tipo de carne e de ovos;
Lactovegetariano: Não
come nenhum tipo de carne, leite e derivados. Come ovos;
Ovolacteovegetariano:
Não come nenhum tipo de carne, leite e derivados e ovos;
Vegetariano estrito:
Não come produtos de origem animal de forma radical, não ingere mel, por
exemplo;
Vegano: Semelhante ao
vegetariano estrito, também não consome produtos testados em animais.
Outra moda, paralela ao
mundo vegetariano é a da dieta flexitariana. Essa é uma das novidades no mundo
fashion das dietas da moda. O trabalho, que gerou a fama, foi publicado em uma
revista conceituada: Journal of Obesity and Metabolic Disorders. Basicamente
indica restrição calórica, escolha balanceada dos alimentos e macronutrientes e
ingesta de carne (qualquer tipo), duas vezes por semana.
Fome oculta
Outro tópico de grande
relevância é a fome oculta. É bom conhecer detalhes e entender as grandes
preocupações em saúde pública focada em alimentação e nutrição. A fome oculta é
a deficiência de micronutrientes (vitaminas e minerais) que frequentemente não
mostra sinais ou sintomas, mas que pode levar a alterações silenciosas e
resultar em sequelas a longo prazo. Atualmente, a deficiência de
micronutrientes afeta mais de 2 bilhões de pessoas no planeta.
Ela ocorre quando a
qualidade dos alimentos ingeridos não atinge as necessidades do indivíduo.
Acomete principalmente as crianças devido à maior demanda de micronutrientes
nesse período, em decorrência do crescimento e do desenvolvimento. Não importa
o peso da criança, a fome oculta pode afetar os mais magros, os mais obesos, ou
até mesmo aquela com peso adequado.
O grupo dos idosos, com
má alimentação, também podem apresentar sérias deficiências. Entre os minerais
que resultam em carência nutricional, podemos destacar o ferro, o zinco, o
iodo, o selênio, o cálcio, o magnésio e o fósforo. No mundo, são mais
frequentes as deficiências de ferro, zinco e iodo, sendo a de ferro a mais
prevalente.
Nutrientes
O ferro é um mineral
essencial para o transporte de oxigênio, para o desenvolvimento cerebral e atua
no sistema imunológico. A principal consequência da carência de ferro é a
anemia, e, na criança, pode afetar o crescimento, causar déficit de
aprendizagem e de cognição, além de aumentar o número e a gravidade dos quadros
infecciosos. Garantir a ingestão de carnes, espinafre, ostras, fígado, ervilha
e legumes, é a melhor forma de prevenir a sua deficiência.
O zinco também é
importante para o desenvolvimento e crescimento da criança, e atua nos sistemas
imune e reprodutivo, na cognição, na visão e no paladar. Portanto, a sua deficiência
pode levar ao retardo de crescimento e da puberdade, assim como alterações de
pele e de cicatrização, no paladar e falta de apetite. Como principal fonte de
zinco temos: ostras, carnes e vísceras, grãos integrais, castanhas, cereais,
legumes e tubérculos. A síndrome da fadiga crônica, comum em executivos, pode
ser desencadeada pela deficiência de zinco.
O cálcio, encontrado
principalmente no leite e nos produtos lácteos, é o mineral mais abundante no
corpo humano, e, juntamente com o fósforo, compõe os ossos e os dentes. inda
atua na contração muscular, na manutenção da pressão arterial, na coagulação e
na oxidação de gordura, diminuindo a massa gorda. Idosos com níveis baixos,
pode apresentar indícios de osteopenia e osteoporose.
No Brasil, a deficiência
de iodo tem sido combatida com a iodização do sal. O iodo compõe os hormônios
da tireoide e também atua no crescimento e no desenvolvimento cerebral. Daí a
sua carência gerar hipotireoidismo, retardo mental e atraso cognitivo. Nos
alimentos, o iodo está presente nos alimentos marinhos, sal iodado, leite e
ovo.
Alguns alimentos podem
dificultar ou favorecer a absorção dos minerais. A ingestão de frutas cítricas
junto aos alimentos fonte de ferro, por exemplo, aumentam a sua absorção, porém
o refrigerante e o leite podem atrapalhar, por isso se recomenda evitar a
ingestão de leite durante as refeições principais. Em altas doses, o ferro
prejudica a absorção de cobre e zinco, sendo um dos motivos por que se deve
evitar a associação, na mesma refeição, de industrializados fortificados (por
exemplo, fórmulas lácteas e cereais infantis).As dosagens rotineiras, por meio
de exames laboratoriais, devem avaliar esses minerais e a necessidade de
reposição.
Boa alimentação
Uma alimentação
balanceada, com a presença de carboidratos, proteínas, lipídios, sais minerais
(cálcio, zinco, cobre, potássio, magnésio) e vitaminas, é indispensável para
alcançar saúde e qualidade de vida. A utilização exclusiva de medicamentos não
resolve. Por essas e outras razões, o ideal é selecionar alimentos em bom
estado e com alto valor nutricional, capazes de atender as necessidades do
corpo humano.
Na atualidade, um dos
pontos mais importantes é a observação da segurança alimentar, higiene na
embalagem e na conservação dos produtos nas prateleiras. Aliás, frutas e
verduras frescas tendem a ter mais vitaminas em comparação àquelas que
permanecem nas prateleiras. Desta forma, sucos consumidos após o preparo
certamente são melhores dos conservados em geladeiras. A degradação ocorre
ainda durante o transporte, quanto mais rápido for o consumo após a colheita,
maior é o valor nutricional.
A cor e o odor também
são fatores importantes, tanto como sinal da qualidade, quanto como estímulo à
escolha do consumidor. Um alimento passado ou estragado deve ser evitado. A
presença de bactérias, fungos e vírus podem acarretar uma infecção ou
intoxicação alimentar. A temperatura ambiente favorece a multiplicação desses
microrganismos. Portanto, um clima ameno reduz a proliferação dos organismos
que deterioram os alimentos e os mantêm nutritivos.
Pessoas com uso de
diuréticos, medicamentos para diabetes e outras terapias de doenças crônicas,
necessitam, no mínimo, de cinco porções diárias de produtos do reino vegetal e
a checagem laboratorial do nível sanguíneo de minerais é extremamente
importante. Com tantas opções no mercado, a observação dos alimentos é
ferramenta fundamental para boas escolhas.
Uma verdura adequada
para consumo deve apresentar intensa coloração verde, sem manchas ou furos,
ausente da presença de insetos ou odor de decomposição. Outras questões dignas
de atenção são frutas e legumes descascados, pois são mais suscetíveis de
contaminação. Além da verificação do estado daqueles alimentos que são
comercializados em caixas, como morangos e uvas, saber compreender o rótulo das
embalagens também ajuda a encontrar a melhor alternativa.Por fim alimentação e
nutrição devem ser vistos em um novo enfoque, no qual devemos nos situar além
da escolha saudável.
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