Miriam Diez Bosch
Reflexões do bispo
auxiliar de Los Angeles, Robert Barron
É difícil entender a
existência de um Deus infinitamente bom e um inferno também eterno. O bispo
auxiliar de Los Angeles, Robert Barron, um dos líderes mais tecnológicos que a
Igreja tem, conhecido por sua forte presença nas redes sociais, admite que “muitos
cristãos que aceitam com agrado as doutrinas sobre o céu e o inferno acham os
ensinamentos sobre o purgatório extravagantes e arbitrários, sem fundamento
bíblico”.
“Deus não envia ninguém
ao inferno, mas as pessoas escolhem ir para lá livremente. As portas do inferno
estão sempre fechadas a chaves e por dentro”, disse o escritor Lewis. “Se há
seres humanos no inferno, é porque eles insistiram claramente nisso”, escreve
Barron, no livro Catolicismo (recentemente lançado em espanhol). O autor é
doutor em Teologia, mestre em Filosofia e bispo auxiliar desde 2015.
Monsenhor Barron
considera que “não podemos declarar com total certeza que alguém – nem sequer
Judas ou Hitler – tenha escolhido trancar definitivamente a porta ao amor
divino”. E prossegue: “A liturgia nos motiva a rezar por todos os mortos e,
como a lei da oração é a lei da fé, precisamos nos agarrar à esperança da
salvação”.
Purgatório
Para muitos cristãos, o
purgatório aparece como um resíduo da Idade Média, um ensinamento supersticioso
e supérfluo, sem claro suporte bíblico. Segundo o Catecismo da Igreja Católica,
“os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados,
mesmo conhecendo sua eterna salvação, depois da morte passam por uma
purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do
céu. A Igreja chama de ‘purgatório’ esta purificação final dos eleitos” (CIC
1030-1031).
Sem dúvida, a palavra
purgatório não está na escritura, “mas também não estão Encarnação e Trindade”,
declara Barron. No entanto, pode-se argumentar que as sementes da ideia do
purgatório estão sim no livro de Macabeus (II Macabeus 12, 44-46).
O Céu
O Céu nunca teve boa
fama entre os pensadores. Marx e Freud apontam a existência do céu como “sinal
de ingenuidade”.
O bispo Barron acredita
que “parte da inteligência da tradição católica reside no fato de não rejeitar nada”. Tudo o que se trata em um
compêndio sobre Catolicismo (Deus, Jesus, Igreja, Sacramentos, Liturgia…) “está
aí para nos levar para o Céu”, recorda o bispo norte-americano.
O Céu é, portanto, o
destino e o sentido que alimenta tantos crentes. Ele tem sido imaginado de
muitas maneiras: vida, luz, paz, banquete de núpcias, vinho do Reino, casa do
Pai, Jerusalém celeste, paraíso (CIC 1027).
“Muitos cristãos são
mais platônicos do que bíblicos ao conceber o fim da vida espiritual com a
saída deste mundo e a partida para o céu”, aponta Barron. Ele ainda sugere
“pensar no céu como uma espécie de jogo”, com muitos participantes em torno de
um objetivo comum e com todas as suas capacidades e energias totalmente
empenhadas.
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