sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Por que Maria é chamada de “A Porta do Céu”?


ADF


Já parou para pensar que foi a Virgem Santíssima que deu um dos primeiros passos para a salvação do mundo?

Ezequiel, profetizando sobre Maria diz: “O Senhor disse-me: este pórtico ficará fechado. Ninguém o abrirá, ninguém aí passará, porque o Senhor Deus de Israel, aí passou; ele permanecerá fechado. O príncipe, entretanto, enquanto tal, poderá aí assentar-se para tomar sua refeição diante do Senhor.”

Agora isso está cumprido. Não apenas por Nosso Senhor vir de sua carne e ser seu Filho, mas, além disso, por ela ter tido um lugar na economia da Redenção; está cumprido em seu espírito e vontade, bem como em seu corpo.

Eva teve uma parte na queda do homem, embora fosse Adão nosso representante, cujo pecado nos fez pecadores. Foi Eva quem tudo iniciou ao tentar Adão! A Escritura diz: “A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente.”

Convinha, em seguida, pela misericórdia de Deus, que como a mulher iniciou a destruição do mundo, assim também a mulher deveria iniciar sua recuperação.

Como Eva abriu o caminho para o ato fatal do primeiro Adão, assim Maria deveria abrir o caminho para a grande realização do segundo Adão: justamente Nosso Senhor Jesus Cristo, que veio para salvar o mundo, morrendo na cruz por ele.

Por isso, Maria é chamada pelos Santos Padres uma segunda e melhor Eva, por ter dado o primeiro passo para a salvação da humanidade, a qual Eva levou à ruína.

Como e quando Maria tomou parte, e a parte inicial, na restauração do mundo? Foi quando o anjo Gabriel veio a ela anunciar a grande honra que lhe cabia como sua parte.

São Paulo nos exorta: “Oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus.”

E assim, no que diz respeito à Santíssima Virgem, era o desejo de Deus que ela aceitasse, voluntariamente e com pleno entendimento,
ser a Mãe de Nosso Senhor, não sendo um mero instrumento passivo, cuja maternidade não teria nenhum mérito e nenhuma recompensa.

Não era um destino fácil estar tão intimamente próxima do Redentor dos homens, como foi vivenciado mais tarde, quando ela padeceu com Ele. Portanto, ponderando bem as palavras do anjo, antes de dar-lhe sua resposta, primeiro ela pergunta se tão grande serviço implicaria na perda daquela virgindade, sobre a qual ela tinha feito seus votos.

Quando o anjo lhe respondeu que não, então, com pleno consentimento de um coração cheio, cheio do amor de Deus para com ela, e por sua própria humildade, ela disse: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.”

E foi por essa aceitação que ela se tornou “A Porta do Céu”.


Fonte: Livro: “Rosa Mística – Meditações sobre a Ladainha de Nossa Senhora”, Cardeal John Henry Newman. Ed. Cultor de Livros

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