Redação da Aleteia
Aparelhos foram
desconectados no hospital por ordem judicial contrária à vontade dos seus pais
O porta-voz vaticano
Alessandro Gisotti manifestou a tristeza do Papa Francisco e os pêsames da
Santa Sé pela morte do francês Vincent Lambert, que, desde 2008, dependia da
alimentação e da hidratação artificiais fornecidas pelo hospital de Reims, onde
estava internado desde um acidente de carro que o deixou tetraplégico.
“Recebemos com pesar a
notícia da morte de Vincent Lambert. Rezamos a fim de que o Senhor o acolha em
Sua Casa. Expressamos proximidade aos seus entes queridos e a todos aqueles
que, até o último momento, se empenharam em assisti-lo com amor e dedicação”.
Diante do uso de seu caso
por ativistas pró-eutanásia, o Papa Francisco havia recordado:
“Deus é o único Dono da
vida do início até o fim natural e é nosso dever protegê-la sempre e não ceder
à cultura do descarte”.
Em 20 de maio, dia em
que os médicos desconectaram os aparelhos que mantinham Vincent em vida e os
reconectaram após recurso judicial dos seus pais, o Papa Francisco pediu
orações “por aqueles que vivem em estado de grave enfermidade“, fazendo menção
direta ao caso que comovia e dividia a opinião pública francesa. Ao longo do
pontificado, Francisco tem denunciado recorrentemente a cultura do descarte.
O drama que dividiu uma
família
Os pais de Vincent,
Pierre e Viviane, lutaram nos tribunais franceses desde 2013 para manter o
filho vivo. No entanto, alguns de seus irmãos, assim como sua esposa, Rachel,
pediam a desconexão dos aparelhos por considerarem que o estado de Vincent era
irreversível e lhe acarretava sofrimento desnecessário.
A ação dos defensores
da vida
Grupos defensores do
direito de Lambert à vida divulgaram no mês passado vídeos que mostram lágrimas
e algumas tênues reações emocionais no rosto do homem em seu leito hospitalar,
sugerindo que, embora paralisado, ele podia manter algum grau de consciência e
de sensibilidade a estímulos. Casos de pacientes que passaram anos e até
décadas em coma e depois recobraram a consciência foram apontados como prova de
que nunca se pode negar taxativamente o potencial de reversão de um quadro como
o de Lambert, por mais remoto que pareça.
Assassinato premeditado
Segundo o jornal
francês Le Figaro, os advogados dos pais de Lambert deverão apresentar denúncia
de “assassinato premeditado” contra os médicos por suspenderem o tratamento do
filho, mesmo após a sentença judicial que autorizou a desconexão.
Reação da Igreja
A Igreja vinha
defendendo a vida de Vincent Lambert desde o começo do caso, como a defende em
quaisquer casos desde a concepção até a morte natural.
Além das manifestações
do Papa Francisco e do Vaticano, bispos de toda a França tinham exortado os fiéis
católicos a rezarem por Lambert e a se manifestarem em sua defesa. Dom Eric de
Moulins-Beaufort, arcebispo de Reims, a cidade onde Vincent Lambert está
internado, declarou em 13 de maio, juntamente com o bispo auxiliar dom Bruno
Feillet:
“Está em jogo a honra
de uma sociedade humana ao não deixar que um de seus membros morra de fome ou
de sede e ao fazer todo o possível para manter os cuidados adequados até a
morte. Estamos rezando e convidamos a rezar, para que a nossa sociedade
francesa não empreenda o caminho da eutanásia”.
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