Restos mortais e
cemitério vaticano marcam novo capítulo do enigma que cerca o desaparecimento
de uma adolescente de 15 anos em 1983
A adolescente Emanuela
Orlandi tinha 15 anos de idade quando desapareceu misteriosamente em 22 de
junho de 1983, ao sair da escola de música de Santo Apolinário, em Roma. Nunca
houve nenhuma resposta oficial para o seu sumiço.
Emanuela era filha de
Ercole Orlandi, cidadão do Vaticano e funcionário da Prefeitura da Casa
Pontifícia.
Teorias conspiratórias
Uma das teorias que se
tornaram famosas a respeito do sumiço de Emanuela atribuiu o seu sequestro e assassinato
a uma ordem do arcebispo Paulius Casimir Marcinkus, na época presidente do
Instituto para as Obras de Religião, popularmente conhecido como “o banco do
Vaticano”. Segundo essa acusação, Marcinkus teria pretendido “mandar um recado”
ao pai da jovem porque ele “viu documentos que não devia ter visto”. Tal
acusação, que despertou indignação no Vaticano, foi feita em 2008, sem
apresentação de provas, por Sabrina Minardi, ex-namorada de Enrico De Pedis,
líder da organização Banda della Magliana, vinculada por investigações
policiais a grupos mafiosos e a militantes neofascitas italianos.
Em 2012, a família
Orlandi pediu a exumação de restos ósseos encontrados ao lado do túmulo de
Enrico De Pedis na Basílica de Santo Apolinário, mas os estudos forenses concluíram
que não se tratava de ossos da menina desaparecida.
Ainda em 2012, o
célebre exorcista pe. Gabriele Amorth afirmou que Emanuela foi raptada por um
membro da polícia do Vaticano para orgias sexuais e depois assassinada. O
exorcista disse ainda que o incidente envolveu agentes de uma embaixada
estrangeira não identificada.
Em 2018, ossos
encontrados no porão da Nunciatura de Roma também foram analisados como sendo
possivelmente de Emanuela, mas, de novo, as investigações científicas
descartaram a possibilidade porque os restos eram anteriores a 1964.
Em março de 2019, a
família Orlandi recebeu uma carta anônima que indicaria a localização do corpo
de Emanuela em um túmulo do Cemitério Teutônico, situado dentro dos muros do
Vaticano. A carta incluía a foto de um túmulo que deveria ser investigado, acompanhada
pela enigmática frase “Procurem onde o anjo indica”.
Descobertas recentes no
cemitério
Em 11 de julho, por
decreto do Promotor de Justiça do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano,
foram abertos no Cemitério Teutônico os túmulos das princesas alemãs Sophie von
Hohenlohe e Carlotta Federica de Mecklenburg. Para surpresa geral, no entanto,
nem sequer os restos das próprias princesas estavam dentro dos túmulos. Como o
Cemitério Teutônico havia passado por relevantes obras nas décadas de 1960 e
1970, devidas à expansão do Pontifício Colégio Teutônico, trabalha-se com a
hipótese de que os restos das princesas tenham sido transferidos naquela
ocasião. Dentro da mesma investigação em que se abriram esses túmulos, foram
encontradas ainda duas ossadas no porão do Colégio Teutônico: elas foram
submetidas à analise do professor Giovanni Arcudi e sua equipe, respeitando-se
protocolos internacionais e garantindo-se o acompanhamento do perito nomeado
pela família Orlandi. O resultado das análises desses ossos deverá ser
divulgado no próximo sábado, 27.
Porta-voz interino do
Vaticano, Alessandro Gisotti declarou sobre estes últimos procedimentos:
“A nova iniciativa
atesta, mais uma vez, depois das investigações do último dia 11, a
disponibilidade da Santa Sé para com a família de Emanuela Orlandi,
disponibilidade demonstrada desde o início, quando aceitou o pedido de
investigações no Campo Santo Teutônico, mesmo com base numa denúncia anônima”.
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