Redação da Aleteia
Naufrágio de dois
barcos, com total entre 250 e 350 imigrantes a bordo, pode ter matado mais de
150 pessoas
Ao rezar neste domingo
pelas vítimas de mais um naufrágio de imigrantes no Mar Mediterrâneo, o Papa
Francisco clamou a Deus de modo doloroso e arrepiante:
“Por que, Pai?”
Dois barcos, com um
total estimado entre 250 e 350 imigrantes a bordo, naufragaram na quinta-feira
a 120 km de Trípoli, na Líbia, matando mais de 150 pessoas de acordo com
estimativas divulgadas pela ONU. Os números ainda não foram oficialmente
confirmados. Até sábado, 55 corpos haviam sido retirados do mar e 134 pessoas
tinham sido resgatadas vivas.
O Papa Francisco, que
em setembro de 2016 já tinha definido o Mar Mediterrâneo como um “grande
cemitério”, derramou seu sofrimento pela enésima tragédia desta onda migratória
descontrolada e pediu que os fiéis presentes na Praça São Pedro rezassem pelas
vítimas e pelas suas famílias:
“Soube com dor da
notícia do dramático naufrágio, ocorrido nos últimos dias, nas águas do
Mediterrâneo, em que perderam a vida dezenas de migrantes, incluindo mulheres e
crianças. Renovo um apelo sincero para que a comunidade internacional aja com
prontidão e decisão, para evitar o repetir-se de tragédias similares e garantir
a segurança e a dignidade de todos. Convido vocês a rezarem comigo pelas
vítimas e pelas suas famílias. E também, do fundo do coração, a perguntarem:
‘Por que, Pai?'”.
Trágico recorde do ano
Qualquer que venha a
ser o número final de mortos oficialmente confirmados, já é a maior tragédia de
2019 no Mar Mediterrâneo.
Líbia, uma tragédia
também em terra
Com a Líbia fragmentada
pela guerra civil entre milícias após a derrubada do sanguinário ditador Muamar
Kadafi, traficantes de seres humanos se aproveitaram do caos no país para
transformá-lo na principal plataforma de envio de migrantes forçados e refugiados
para o sul da Europa, nas chamadas “viagens da morte” via Mediterrâneo.
A maioria dos migrantes
vem de países miseráveis da África subsaariana. A Líbia é usada como ponto de
passagem para os embarques, arranjados por máfias que exploram o desespero dos
migrantes para lhes vender a arriscadíssima tentativa de uma vida melhor no
primeiro mundo.
A União Europeia apoiou
a Itália no treinamento da Guarda Costeira da Líbia para que o país passasse a
fazer resgates no mar. Por um lado, a medida procura conter o fluxo
descontrolado de migrantes que se arriscam mortalmente no Mediterrâneo e cuja
quantidade não está sendo absorvida adequadamente pelos países europeus. Por
outro, os migrantes que são alcançados em pleno mar pelas forças líbias são
levados de volta ao país e submetidos a inúmeras formas de violação dos
direitos humanos, tornando o dilema dos migrantes um dos mais dramáticos da
história recente da humanidade.
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