Ganho de peso estaria relacionado à saciedade e ao poder de atração dos alimentos
Ter um grande apetite está ligado ao crescimento infantil de forma acelerada e a uma predisposição genética para a obesidade, de acordo com dois artigos publicados no JAMA Pediatrics.
O primeiro estudo constatou que o ganho de peso está relacionado a dois aspectos-chave referentes ao apetite, ou seja, a menor capacidade de resposta de saciedade e a maior capacidade de atração dos alimentos (aumento da vontade de comer devido ao cheiro, por exemplo). Além disso, os textos também revelam que as crianças com maior apetite crescem mais rapidamente até a idade de 15 meses, tendendo à obesidade.
Os autores usaram dados de gêmeos não-idênticos do mesmo sexo nascidos no Reino Unido em 2007. Quando testadas, as crianças selecionadas apresentaram respostas diferentes aos três meses de idade, e após o período de crescimento até os 15 meses, os resultados foram comparados. Aqueles que eram mais sensíveis à comida ou demonstraram menor à saciedade cresceram mais rápido que seus irmãos gêmeos.
— A obesidade é um problema importante na saúde da criança. Identificar os fatores que promovem ou protegem contra o ganho de peso poderia ajudar a reconhecer alvos para a intervenção e prevenção de obesidade no futuro. Estes resultados são extremamente poderosos porque estávamos comparando as crianças da mesma idade e do mesmo sexo crescendo na mesma família, a fim de revelar o papel que o apetite desempenha no crescimento infantil— diz a professora Jane Wardle.
O segundo estudo lança luz sobre o caminho que o apetite, especialmente a baixa capacidade de resposta à saciedade, funciona como um dos mecanismos por detrás da predisposição genética para a obesidade.
Os pesquisadores acessaram dados de 2.258 crianças de 10 anos de idade nascidos no Reino Unido entre 1994 e 1996. A equipe criou um escore de risco de obesidade poligênica para cada criança para estimar a sua suscetibilidade genética para a obesidade. As pontuações mais altas indicaram maior predisposição genética para a obesidade. Os números foram examinados para determinar a correlação com a capacidade de resposta das crianças à saciedade e à adiposidade (gordura corporal).
— Como esperado, verificou-se que as crianças com uma pontuação maior eram mais propensas a ter uma cintura e IMC maiores. Isto sugere que a sensibilidade à saciedade poderia ser alvo de intervenções farmacológicas e comportamentais para prevenir ou tratar a obesidade. Por exemplo, poderiam ser ensinadas técnicas que possam melhorar os seus sinais na criança ao comer. Outra abordagem poderia ser a de proporcionar aconselhamento para os pais e as crianças sobre o tamanho das porções adequadas, limitando o acesso a guloseimas fora das refeições— afirma a médica Clare Llewellyn.
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