A consultora da Abeaço, Thais Fagury, foi a segunda palestrante do Seminário de Alimentos e Bebidas, realizado pelo Sebrae em parceria com Sinduspan MT e Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço), na quinta-feira (24). Ela abordou o tema "Saúde e Nutrição na Lata de Aço”. Graduada em engenharia de alimentos pelo Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia, Tais é gerente executiva da Abeaço, onde desenvolve projetos nas áreas de comunicação, educação, meio ambiente e marketing, com o objetivo de fomentar a utilização da embalagem de aço no país.
A especialista resumiu a história da embalagem de alimentos no mundo. Data de 1802, o primeiro sistema de conserva composto de vidro e rolhas de cortiça. As primeiras latas de aço entraram em cena em 1810 para abastecer as tropas de Napoleão. Oito anos depois, estas embalagens começaram a chegar aos consumidores, contendo pescados. Até 1830, as latas não traziam rótulo das empresas responsáveis pelos conteúdos, mas apenas dos fabricantes da embalagem. Finalmente, a partir de 1847, os nomes dos produtos passam a ser colocados nas latas.
De 1930 em diante, as latas de aço se tornam mais populares. A primeira cerveja envasada em lata data de 1935. No início, a produção era de 10 latas/dia. Hoje, a produção é de 4 mil latas/minuto. Desde 1970, começou a reciclagem e reaproveitamento do material no pós-consumo.
"A embalagem de aço é antiga, mas não é antiquada”, afirmou Tais. Os alimentos enlatados preservam mais o valor nutritivo e sabor dos produtos e são 100% recicláveis”, resumiu a palestrante.
Há resistência do consumidor em relação às latas e um certo desconhecimento sobre as vantagens da embalagem em aço no Brasil, segundo ela. Fora do país já é comum até o envasamento de saladas em latas, informou. O renomado chef Ferradrian, considerado o primeiro do mundo de 2009 a 2011, serve em latas seus famosos pratos.
"As latas oferecem barreira total para oxigênio e luz, segundo pesquisas científicas. Por este motivo, as propriedades dos alimentos é preservada por mais tempo”, esclareceu Tais. O uso de conservantes é uma opção dos fabricantes do conteúdo que vai nas embalagens, segundo ela.
No mercado internacional já há comida em latas para micro-ondas, produto ainda inexistente no Brasil. Cheseburger embalado em recipientes de aço está no mercado sueco e pode ser consumido frio ou esquentado em banho-maria. É um produto destinado ao mercado de aventura.
Atualmente os alimentos envasados em latas amassadas podem ser consumidos, pois há uma película interna altamente elástica e resistente a deformações, que não compromete a qualidade. Antes, isso não ocorria e o alimento era contaminado pelo ferro. Conteúdos de latas estufadas, ao contrário, nunca devem ser consumidos, pois indica falha no processamento e pode haver presença de micro organismos nocivos à saúde, alertou.
Abeaço e Sebrae estão desenvolvendo programa de reciclagem das embalagens de aço no pós-consumo. Estudo de ecoeficiência realizado, que considera desde a colheita até o consumo final dos alimentos enlatados, aponta excelentes resultados. As embalagens de aço são mais ecoeficientes do que as de plásticos, cartonadas, entre outras. Evitam totalmente a entrada de oxigênio e luz, que provocam oxidação e degradação rápidas dos alimentos, além da perda das qualidades nutricionais.
A degradação da lata leva dez anos, mas o ciclo do material é simples. Basta separar os resíduos, encaminhá-los às siderurgias para serem transformados em novo aço, infinitas vezes, argumentou a especialista.
"O aço vira lata, carro, fogão, avião, etc O Brasil recicla 47% das latas, depois do consumo. O aço é o material mais reciclado do mundo”, enfatizou Tais.