segunda-feira, 14 de abril de 2014

Alimentos naturais podem ser tão ou mais saudáveis que a ração para pets

À base de alimentos que podem ser crus ou cozidos, com ou sem ossos, a alimentação natural ganha cada vez mais adeptos

Alimentos naturais podem ser tão ou mais saudáveis que a ração para pets Rafaela Ely/Agencia RBS
Duda não come beterraba inteira, assim como também prefere o peixe picadinho. Bela não se importa com as grandes porções, e devora uma coxa inteira de frango em segundos. Repleta de legumes e carnes, a alimentação balanceada das duas cadelas — uma golden retriever e outra mistura de pastor alemão com weimaraner — foi uma opção do marceneiro Felipe Hart, 28 anos, para manter a saúde das pets.
Com cada vez mais adeptos entre tutores de cães e gatos, a alimentação natural tem sido uma opção para quem deseja oferecer aos animais uma refeição diferenciada, à base de alimentos que podem ser crus ou cozidos, com ou sem ossos.
— Em sua origem, cães e gatos são animais com hábitos carnívoros e os alimentos de origem animal são a base da sua pirâmide alimentar. Não podemos confundir em nenhum momento a alimentação humana com a de cães e gatos, e nem mesmo as dietas desses dois animais distintos — explica o veterinário Luciano Trevizan, professor adjunto do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Hart optou pela comida natural para seus cães depois de uma busca incansável por uma boa alimentação para o buldogue da mãe dele, chamado Miguel, que, com cinco anos, não conseguia mais comer ração. Além da mandíbula desparelha, que dificultava a mastigação, a ração não era mais a sua refeição preferida.
O primeiro passo foi misturar pedacinhos de carne cozida à dieta industrializada. Não deu certo. Hart testou uma alimentação natural totalmente crua e, meses depois, a mudança já era visível. Hoje, dois anos depois, o buldogue deixou de produzir remela escura, melhorou o aspecto da pelagem, livrou-se das otites e se tornou menos agressivo, conta o marceneiro.
Saúde em dia com a alimentação natural
Os benefícios também puderam ser comprovados com Duda e Bela, que fazem exames de sangue a cada três meses para verificar se a saúde está em dia.
— Minhas cadelas nunca ficaram doentes, o sistema imunológico está sempre a mil, cicatrizam depressa e não pegam pulgas ou carrapatos. As fezes, por exemplo, mudaram completamente, de grandes de fedidas para “torrõeszinhos” esbranquiçados e sem cheiro — afirma Hart.
Na dieta diária das duas peludas, além de legumes triturados e carne, há uma complementação com cápsulas de cálcio e óleo de coco, uma colher de iogurte natural, azeite de oliva, levedo de cerveja e alho.
  Legumes triturados e carne crua fazem parte do cardápio Foto: 
  Rafaela Ely/Agência RBS 
Refeições adequadas
Apesar de bem aceita pelos pets, a grande dificuldade encontrada pelos tutores adeptos à dieta é ter tempo para preparar as refeições e encontrar os alimentos adequados. Cortes como dorso, cabeça e pé de frango, ideais para a alimentação crua, não estão facilmente disponíveis.
Se as dificuldades pesarem demais na hora de escolher a dieta dos pets, o mais importante a ser considerado é a saúde dos animais. Trevizan destaca que, de uma forma geral, cães e gatos podem ser alimentados tanto com alimentos caseiros quanto com rações. O que não pode ser dispensado é a presença e a disponibilidade dos nutrientes para o animal.
— Dietas caseiras não são restos alimentares de humanos. Devem ser baseadas em ingredientes normalmente usados por humanos, mas em proporções adequadas para conter os nutrientes na quantidade ideal para a espécie que se está alimentando. Desse ponto de vista, alimentar animais com rações é muito mais prático, fácil e seguro, basta encontrar o alimento certo para seu animal e fornecê-lo adequadamente — fala Trevizan.
Para acertar na dieta
A alimentação de gatos e cachorros é muito diferente da humana. Veja dicas para não errar no cardápio dos pets:
- O alho é seguro em pequenas quantidades, mas em excesso pode causar gases e impõe risco de anemia, principalmente aos gatos. Quando bem dosado, fortalece o sistema imune contra pulgas e vermes. Para cães, também combate o colesterol, ajuda no controle da glicemia, reduz o risco de derrames, alivia quadros inflamatórios e auxilia o combate a tumores.
- Frutas são bons petiscos, mas sem exageros devido a frutose.
- Não é indicado mesclar os dois tipos de alimentação (ração e comida), pois a combinação pode gerar excesso de nutrientes.
- Gatos fazem inúmeras refeições ao longo do dia e gostam de alimentos frescos. Troque a ração pelo menos duas vezes ao dia.
- Filhotes de cães após o desmame alimentam-se com mais frequência. O recomendado é fornecer quatro refeições diárias.
- Animais adultos podem fazer apenas uma refeição ao dia. Para os maiores, recomenda-se que haja duas refeições.
- Alimentos caseiros precisam de maior higienização dos comedouros e menos tempo de exposição, pois tendem a fermentar.
- Gatos não costumam buscar líquidos. Por isso, o consumo de água deve ser incentivado, principalmente daqueles que consomem ração.
- Observe as informações sobre nutrientes e energia na embalagem da ração para cálcular a quantidade de alimento que o animal precisa.
- Seguindo a alimentação natural, há métodos que calculam a quantidade de energia a ser consumida pelo animal de acordo com o peso corporal. Deve-se levar em conta a necessidade de energia do pet.
- O leite de vaca deve ser fornecido com restrições, pois tem propriedades nutricionais diferentes do leite da gata e da cadela.
(Fontes: site Cachorro Verde e professor Luciano Trevizan)
Alimentos não recomendados
- Chocolate: deve ser evitado por causa da teobromina, substância que o fígado dos pets não metaboliza. Pode causar taquicardia, espasmos musculares, vômitos e diarreia. Quanto mais puro o chocolate, maior a intoxicação.
- Cebola: a substância chamada “n-propil disulfito” pode provocar um tipo grave de anemia nos pets. Os gatos são ainda mais sensíveis ao vegetal.
- Batata inglesa: os vegetais da família das solanáceas – batatas, tomate, berinjela, jiló e pimentão – contêm um glicoalcaloide chamado solanina, capaz de afetar o sistema nervoso central e provocar transtornos gastrintestinais. Tubérculos como batata-doce, inhame, mandioquinha e o cará não contêm solanina.
- Carambola: possui de ácido oxálico insolúvel, que prejudica os rins. Pode causar salivação, inapetência, vômitos, diarreia, prostração, fraqueza, tremores, presença de sangue ou cristais na urina e alterações da sede.
- Uvas e passas: mesmo orgânicas ou em pequenas quantidades, com ou sem casca e com ou sem sementes podem subitamente danificar os rins.
- Pimenta malagueta: pode causar gastrite e até úlcera
- Osso de ave cozido: o cozimento altera a estrutura molecular do colágeno do osso, tornando-o mais rígido ao ser partido, e aumentando risco de perfuração gastrintestinal.
- Sementes de maçã e pera: liberam pequenas doses de ácido cianídrico no estômago, um tipo de veneno.
(Fonte: site Cachorro Verde)

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