A principal contribuição veio do grupo alimentação, que subiu 2% no período, maior avanço para meses de março desde o início do Plano Real, em julho de 1994. Em março daquele ano, o preço dos alimentos havia subido 47,11%.
Para o coordenador do IPC-Fipe, Rafael Costa Lima, além de alta, a inflação em março foi bastante concentrada. Apenas seis itens (tomate, batata, leite longa vida, etanol, feijão e gasolina), todos influenciados em maior ou menor grau pelo tempo seco, responderam por 52% da inflação no mês (0,39 ponto percentual da alta de 0,74% observada no período).
Dentro do grupo alimentação, os produtos in natura, mais sensíveis ao clima, tiveram a maior alta, de 8,31%, mas começam a dar sinais de perda de força. Na terceira quadrissemana do mês o aumento foi de 10,26%. Já as altas de soja, milho e bovinos ainda estão sendo repassadas ao varejo. Os produtos semielaborados subiram 2,52% em março, após deflação de 1,89% no mês anterior. "A seca afeta a pastagem e eleva o preço da ração", diz Costa Lima. As carnes bovinas subiram 1,82% em março, após queda de 0,69% em fevereiro.
O efeito da seca não ficou concentrado apenas nos alimentos. Principalmente por causa dos combustíveis, o grupo transportes foi a segunda principal influência positiva sobre o IPC-Fipe em março, ao acelerar de 0,49% para 0,81% na passagem mensal. A estiagem piorou a perspectiva de safra da cana-de-açúcar e com isso o etanol, já em alta por causa do período de entressafra, teve forte aumento de 6,33% em março. A gasolina, que tem etanol na composição, subiu 1,90% no mês.
Costa Lima avalia que tanto alimentos quanto transportes devem perder força em abril, e o índice deve ceder para 0,49% no mês. No entanto, a alta de 3,5% projetada para medicamentos e o aumento do IPI para bebidas frias devem impedir desaceleração mais pronunciada do índice no período. Para o ano, a Fipe elevou estimativa de 5% para 5,5%, por causa das pressões derivadas da seca.
Fonte: Tainara Machado, Valor Econômico
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