Toda a história de
Israel é orientada para Jesus, o qual constitui o fato histórico por excelência
que dá valor para todo o Antigo Testamento. De fato, Jesus reconhece a
autoridade divina do Antigo Testamento e até fixa como objetivo de sua missão o
cumprimento perfeito de todo ele ao afirmar “não vim abolir a lei e os profetas...”
(Mt 5,17). A lei e os Profetas significam todo o Antigo Testamento. Como
enviado do Pai ele cumpriu o Antigo Testamento no arco de toda a sua existência
humana, ou seja, desde seu nascimento até o envio do Espírito Santo para sua
Igreja. Nele encontra o cumprimento de toda a revelação de Deus (2Cor 1,20).
Visto que as promessas do Antigo Testamento foram todas realizadas no Verbo
feito carne: “Nós vos anunciamos a boa notícia: Deus cumpriu para nós, os
filhos a promessa feita a nossos pais...” (At 13,32s). Foi Jesus mesmo na
Sinagoga de Nazaré que depois da leitura do texto de Isaías (61,1s) proclamou
solenemente: “Hoje realizou-se essa Escritura que acabaste de ouvir....” (Lc
4,21).
É claro portanto, que o
Antigo Testamento era uma promessa, da qual os cristãos são os beneficiários
(Gal 3,19). Os escritores do Novo Testamento interpretaram e aplicaram as
profecias do Antigo Testamento em base à compreensão da história que é aquela
dos próprios profetas, onde foi estabelecido o plano de Deus manifestado em
diversas maneiras e modos, durante a história de Israel e por fim colocado em
plena luz nos acontecimentos hauridos nos evangelhos. Pois bem, desta plena luz
dos acontecimentos que explicitam o plano de Deus e que são marcantes nos
evangelhos, José, o Carpinteiro de Nazaré, tomará parte de modo intenso, ainda
que de uma maneira silenciosa e sem pronunciar uma palavra.
Dentro do contexto do
Antigo Testamento podemos apresentar o significado das genealogias apresentadas
no Novo Testamento pelos dois evangelistas Mateus e Lucas, os quais foram
objeto de muitas discussões desde o
início dos primeiros séculos da Igreja. Os judeus esperavam um herdeiro e
sucessor do Rei Davi e este, nos desígnios de Deus, se concentrava em Jesus, o
qual como o Messias seria escolhido da casa de Davi. Portanto, a davidicidade
torna-se a “conditio sine qua non” da messianidade. Em vista desta promessa, o
ponto central do primeiro capítulo de Mateus coloca Maria grávida pelo Espírito
Santo antes de coabitar com José (1, 18), explicitando desta forma a realização
da promessa messiânica.
A árvore genealógica que Mateus (1,
1-17) apresenta, quer demonstrar que
Jesus é descendente de Abraão e portanto Judeu, e descendente de Davi e
por isso Messias do povo hebraico. Assim, na genealogia de Mateus aparece a
messianidade e a davidicidade de Jesus, demonstrando com isso que a promessa de
Deus feita a Davi concretiza-se através da presença do esposo de Maria, José,
apresentado como “Filho de Davi”, o qual dá a Jesus a ascendência davídica.
Na seqüência dos
versículos 18-25, Mateus revela o encontro do divino com o humano realizado na
instituição da família, onde Maria, Mãe de Jesus está comprometida em casamento
com José (v 18), também se a presença do Espírito Santo em Maria parece que
tivesse de comportar uma cisão do vínculo matrimonial (v 19). Deus contudo,
escolhe uma família humana para o honroso inserimento de seu Filho no mundo.
No momento culminante
da história da salvação, José é o filho de Davi escolhido por Deus e preparado
(o evangelista o denomina Justo) para ser o esposo da mãe de Jesus e para dar o
nome a este Menino singular concebido por obra do Espírito Santo. Face a isso
não faltam teólogos que propõem a
teologia de São José nos Tratados como o da encarnação, com o objetivo de
realçá-lo como o Filho de Davi que garantiu a Jesus a sua messianidade.
Outrossim, indicam também a teologia Josefina no Tratado de Mariologia, onde se
deveria lembrar que a honra de Maria Virgem e Mãe, está ligada ao fato dela ser
a “esposa de José”.
É fundamental termos em
consideração a afirmação de Mateus (1,16) o qual não diz que José “gerou
Jesus”, mas que “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus”.
Nesta afirmação o evangelista deixa claro a concepção virginal de Jesus,
explicitando que José não é o seu pai natural. Mesmo que Mateus tivesse dito:
“José gerou Jesus”, continuava contudo afirmando a concepção virginal de Jesus,
pois a palavra “gerar” na Bíblia nem sempre se refere à geração física, podendo
também entender aquela geração puramente legal, já que os hebreus viam e
aceitavam sem problema em suas genealogias também os pais adotivos, sem uma
distinção rigorosa entre ambas. Com isso, José sendo simplesmente pai legal,
ele, de direito transmitiu a descendência a Jesus. Portanto, por meio de José
Jesus é descendente de Davi e herdeiro da promessa divina.
Sabemos que os hebreus
viam como condição necessária para a chegada do Messias prometido, que este
fosse da descendência de Davi (2Sam 7,16; 1Cr 17,14). A única exceção eram os
monges de Quamram, os quais esperavam um Reino onde o representante fosse da
classe sacerdotal.
Questões para o
aprofundamento pessoal
1. Leia e tome conhecimento do relato sobre a
árvore genealógica em Mt 1,1-17 e procure dar uma explicação para o versículo
16.
2. Em Jesus, Deus cumpriu a promessa feita a
Abraão, por que a presença de José é indispensável no relato da genealogia de
Jesus?
3. Quais as duas características essenciais
que Mateus evidencia no relato de sua genealogia a respeito de Jesus ligado a
José?
Postado por Centro de
Espiritualidade Josefino Marelliana
Nenhum comentário:
Postar um comentário