quarta-feira, 1 de agosto de 2018

O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO E A VIDA DE JOSÉ EM NAZARÉ (CURSO DE JOSEFOLOGIA - PARTE I - CAPÍTULO 04)



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José, conforme nos ensinam os relatos da infância de Jesus, era  carpinteiro. Herdou essa  profissão do  pai, pois era costume o pai transmitir a profissão ao filho. Portanto, desde a adolescência ele pertencia à  categoria dos artesãos. Analisando os costumes da época, podemos inferir com toda probabilidade que José era dono de uma oficina, portanto muito mais que um simples carpinteiro. 

Não fabricava somente móveis, portas e  janelas, como nos  vem à mente que pensamos nos afazeres de um carpinteiro, mas a sua  profissão era muito ampla, abrangendo outras aptidões, segundo as necessidades da pequena Nazaré, onde morava e que com certeza, não oferecia possibilidades de mão-de-obra especializada. José não foi carpinteiro em Jerusalém, ou em Tiberíades, Jerico ou Cafarnaum, onde viviam a aristocracia e a burguesia, e  onde poderia ter executado com maior satisfação trabalhos mais refinados e móveis de luxo.  Ao contrário exerceu a sua dura e obscura profissão em um lugarejo perdido nas montanhas, fora de mão, em um  lugar de lavradores  rústicos, com  casas pobres e muito simples. Assim, teve que se adaptar produzindo objetos rústicos e com técnica atrasada.

Sendo um artesão, um artífice  que, além de  trabalhar com madeira e ferro,  também se adaptava às necessidades dos nazarenos, era uma pessoa muito conhecida, de confiança e benquisto pelos habitantes de sua pequena cidade. Podemos supor que executava a maior parte de seu  trabalho num canto da sua humilde casa.

Naturalmente a sua profissão facilitava o contato com muitas pessoas, inclusive de fora de Nazaré e das regiões circunvizinhas. Neste sentido, não é lógico afirmar que José tenha vivido toda a sua vida confinado no seu pequeno mundo de  trabalho. Podemos dizer que conhecia o seu país e a forma variada do seu trabalho facilitava a sua presença nas casas cujos moradores solicitavam os seus préstimos, assim como o contato com pessoas de outras regiões, de onde provinham, sem dúvida,  materiais  para  o seu  trabalho.

O dia de um  hebreu começava bem cedo com  o  trabalho, mas já às 09:00 horas, José, fiel à tradição do seu  povo,  interrompia as atividades para recitar a oração prescrita pela lei. Ali mesmo, no recanto da sua  oficina, em pé, voltado  para o  Templo de Jerusalém e com as mãos erguidas para o  céu, rezava esta oração: "Escuta  Israel: O Senhor é o nosso Deus,  o Senhor é um só. Amarás o senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças..."

Após cumprir essa obrigação religiosa, retornava ao serviço: afinal, era com o suor do seu rosto, com a força de seus músculos e com os calos de suas mãos que tirava o sustento para si e para a sua família.

Ao meio-dia havia outra interrupção no  trabalho e, de novo, outro momento de oração,  na qual rezava lembrando a obediência aos mandamentos  divinos,  o amor exclusivo do coração e da alma ao Senhor. Deus e a promessa das  bênçãos divinas. Depois dessa oração, a primeira parte da jornada de  trabalho estava terminada.

Fazia-se então a refeição. Após um  breve descanso, voltava-se à atividade normalmente, mas às 15h00 estava previsto um outro intervalo para o  terceiro momento de oração do dia. E aqui mais uma vez José, como de resto o bom israelita, elevava seus pensamentos a Deus, recordando as proezas da saída do Egito, na qual Javé colocou- se como o Deus do seu povo. Portanto, competia ao  povo lembrar e pôr em prática todos os mandamentos. Feito esse momento de oração, retomava-se  novamente o  trabalho, até o fim da  jornada.

Assim, aquele pequeno recanto da casa pobre de Nazaré foi o palco que  acolheu por muitos anos as três personagens mais importantes que viveram na terra: Jesus, Maria e José. Seus dias transcorriam calmamente. Nada ali se  manifestava  grandioso, portentoso ou extraordinário. José,  imperturbável ao  barulho da serra e do  martelo, procurava dias após dia cadenciar tudo com suas orações e meditações. Animado  por esse espírito, todos os seus trabalhos assumiam um significado profundo e imenso diante de Deus. Afinal, era ali, de  maneira escondida, que se  processava um grande mistério: um artesão  pobre ensinava ao próprio  Filho de Deus uma  profissão e este lhe obedecia colocando em prática todos os  seus ensinamentos.

Na verdade, José se apresenta como  um homem completo para o seu tempo. Era seguro de si, possuía todos os requisitos de um homem instruído para a sua  época, embora não  fosse um homem de cátedra, mas um homem prático, capaz de  tomar decisões coerentes e pertinentes à sua missão. Esse artesão desconhecido foi, efetivamente, um gigante de espírito. Descendente da tribo de Judá e da  antiga dinastia da família do rei Davi,  teve Nazaré da Galiléia como sua morada e a carpintaria como local de trabalho. Eis uma breve síntese deste leigo que viveu na Palestina no tempo do dominador Herodes, em que César Augusto e Tibério imperavam com todo esplendor.

Esta personagem saiu naturalmente da simplicidade e com a sua escolha sublime por  parte de Deus, tornou-se o elo fundamental de ligação com a genealogia messiânica, particularmente pela aceitação imediata dos desígnios de Deus a seu respeito e da disposição de cumpri-los. Sua característica foi justamente o devotamente total de sua vida ao serviço da encarnação e da missão redentora do Filho de Deus, missão única e grandiosa. Por isso, foi enriquecido abundantemente com dons especiais por parte de Deus, e sua vida, iluminada por uma luz divina.

Até o presente momento procuramos projetar, ainda que palidamente, o  contexto sócio-cultural-religioso do tempo em que São José viveu. Toca-nos agora concentrar nossas atenções mais na pessoa e no  ministério que o nosso ilustre santo personagem desenvolveu no cumprimento fiel da sua vocação ao lado de Jesus e de Maria, sua esposa. Tenho consciência da limitação desta abordagem, visto que não se trata de uma análise profunda e pormenorizada sobretudo da parte teológica do nosso assunto em questão, porém procurei espelhar-me o mais genuinamente possível no que de melhor existe neste assunto.

Questões para o aprofundamento pessoal

1.    O que significa a profissão de José?

2.    Como era geralmente dividida a jornada de José?


Postado por Centro de Espiritualidade Josefino Marelliana

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