sexta-feira, 28 de julho de 2017

ALIMENTOS - 15 truques culinários para deixar a comida mais saudável

A maneira como você prepara os pratos pode fazer muita diferença no valor nutricional dos alimentos

Por: Camila Kosachenco / Artigo revisado por: José Francisco dos Santos Souza

15 truques culinários para deixar a comida mais saudável Gilmar Fraga / Arte ZH/Arte ZH

Um bom cozinheiro é aquele que sabe aproveitar o melhor de cada alimento, e isso não se restringe a sabor, aroma ou textura. O processo de cozimento, o corte escolhido e até os utensílios utilizados no preparo de um prato influenciam também no resultado nutricional. Ou seja: dá para usar a culinária a favor da saúde.

— Técnicas de gastronomia vêm também para agregar e potencializar os nutrientes dos alimentos — diz Luciane Scavone, chef docente da Escola de Educação Profissional de Gastronomia Aires Scavone.

Reunimos dicas preciosas de especialistas que vão fazer toda a diferença na hora de colocar a mão na massa e, ainda mais, depois que o alimento "cair" no estômago.

 COZINHAR MAIS SAUDÁVEL 

Deixe de molho

Alguns alimentos precisam ficar de molho para eliminar os chamados fatores antinutricionais. É o caso de leguminosas como feijão, grão de bico e lentilha.

‒ O ácido fítico é uma substância que dificulta o processo digestivo e pode impedir a absorção adequada de alguns nutrientes no organismo. Ao deixar esses alimentos de molho, ocorre a dissolução ou eliminação desses fatores antinutricionais ‒ explica a professora dos cursos de Gastronomia e Nutrição da Unisinos Sarah Winck de Almeida.


As leguminosas devem permanecer em um recipiente com água de oito a 12 horas e o líquido deve ser trocado ao longo do período.

Coma cozido

Alguns alimentos são "estimulados" pelo cozimento, como o tomate e a cenoura: quando submetidos a temperatura mais alta, tornam a absorção de determinados nutrientes no organismo mais fácil.

‒ O tomate aumenta a biodisponibilidade de licopeno, antioxidante que previne o envelhecimento das células. A cenoura aumenta o betacaroteno. Ela deve ser cozida no vapor ou na água, com casca, e ser retirada do líquido quando estiver "al dente" ‒ explica a nutricionista Antonia de Sousa Cunha, professora dos cursos de Gastronomia do Senac.

O espinafre também ganha ao ser cozido. Cru, ele apresenta níveis altos de ácido oxálico, substância que impede a absorção de cálcio e ferro.

Coma cru

A regra vale especialmente quando se fala em produtos ricos em vitamina C, como a couve, a goiaba e a laranja. A professora da Unisinos Sarah Winck de Almeida afirma que esse nutriente é bastante volátil, e acaba se perdendo quando submetido a altas temperaturas. Frutas em geral e folhosos como alface e rúcula também oferecem mais benefícios quando consumidos crus.

Não pique demais

Cebola e alho bem picadinhos podem até deixar alguns pratos mais gostosos, mas cortar demais os alimentos reduz o valor nutricional. Sarah explica que pedaços muitos pequenos deixam o produto com uma área de exposição grande, fazendo com que perca nutrientes para água usada no cozimento ou por causa do processo de oxidação.

Branqueie os alimentos

A técnica não tem como objetivo estimular cores e nutrientes dos alimentos. Esse resultado é possível por meio da imersão dos vegetais em água quente, seguido de um banho de água fria para estagnar o cozimento.
‒ O branqueamento na cenoura vai disponibilizar mais betacaroteno, por exemplo ‒ diz Luciane.

Outra forma de fazer o branqueamento é por meio do vapor. Fabio Loureiro, chef da Bendita Horta, diz que esse método é bastante comum na culinária asiática e consegue manter ainda mais características como textura, sabor e nutrientes.

Escolha o melhor método de cozimento

No vapor: a grande vantagem desse método é que o alimento não fica em contato direto com a água, evitando a perda de alguns nutrientes. É um dos processos mais indicados para preservar os nutrientes.
Na água: ocasiona a perda de nutrientes, mas pode favorecer alguns alimentos, como a batata-doce.

No forno: como dispensa o uso de óleo, o método faz com que o prato fique com menos gordura do que o assado, por exemplo.

Forno e vapor: preserva e concentra os nutrientes dos alimentos. Basta enrolar peixes e legumes em papel manteiga, como se fosse um pastel, e levar ao forno.

Sele a carne

Se você é da turma da carne bem passada, fique sabendo que esse tipo de preparo faz com que o alimento perca parte dos seus nutrientes - ferro, por exemplo, oxida com o calor. Para não cair no efeito "sola de sapato", a chef Luciane recomenda que a carne seja selada inclusive antes de ir para a churrasqueira.

Salteie os vegetais

Pouca gordura, pouca exposição ao fogo e legumes "voando" panela afora também podem ajudar a estimular os nutrientes e a absorção.

Use o micro-ondas ao seu favor

Determinados alimentos potencializam seus nutrientes quando submetidos ao micro-ondas. Os cogumelos são um exemplo: em 2016, um estudo publicado no International Journal of Food Sciences and Nutrition revelou que o micro-ondas e a grelha são as melhores formas de dar um "up" nos antioxidantes do alimento. Outra vantagem é que a tecnologia dispensa o uso de óleo (uma ótima alternativa para fazer pipoca natural, por exemplo).

Preste atenção na panela

A grande sacada de cada material das panelas, segundo Sarah, é a forma que elas transferem calor para o alimento. As de inox conduzem mais temperatura em um tempo menor. As antiaderentes, embora percam no quesito rapidez e calor, muitas vezes dispensam o uso de gordura. Deve-se ter um cuidado especial com as panelas de alumínio, pois este elemento tóxico pode migrar para a preparação.

Escolha as gorduras certas

Segundo Sarah, um dos melhores para usar quando aquecido, seja para fritar ou refogar, é o de canola. Estudos mostraram que ele produz menos aldeídos que os de milho e girassol, por ser composto por ácidos graxos monoinsaturados e saturados, que são muito mais estáveis quando submetidos ao calor. Aldeídos são compostos secundários que se formam pela oxidação dos óleos e gorduras ‒ processo que altera sabor, textura e cor, gerando compostos tóxicos e perda nutricional. Também entram na lista dos monoinsaturados e saturados o azeite de oliva, a manteiga e a banha.

Congele corretamente os alimentos

Armazene os alimentos cozidos em potes de vidro tampados e identificados com a data do preparo. Após ser manipulado, o alimento deve ser levado à geladeira. Nunca deixe a comida em temperatura ambiente por mais de duas horas, pois isso impulsiona a proliferação de bactérias danosas à saúde. Mantenha o alimento por, no máximo, 90 dias no freezer ou congelador.

E descongele também

O recipiente com a comida congelada deve ir do freezer para a geladeira, para que descongele gradualmente. Evite deixar a preparação em temperatura ambiente. Outra opção é usar o micro-ondas, mas somente para consumo imediato. Também pode-se fazer o descongelamento direto, colocando o alimento congelado na panela para preparo.

Clarifique a manteiga

Como não é composta 100% de gordura (85% é gordura e 15% são soro de leite e lactose), o melhor é utilizar somente a parte gordurosa da manteiga, obtida por meio do processo de clarificação. Para isso, basta aquecer o produto para que essas partes se separem.

Cuide dos utensílios

Prefira aqueles de inox, ferro ou silicone. Como é porosa, a madeira é proibida em cozinhas profissionais. Para cortar os alimentos, tenha a disposição uma faca afiada e tábuas de altileno polipropileno.

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