terça-feira, 15 de agosto de 2017

A estação da alma: monges transformam vagões de trem em convento


ACI Digital


Religiosos dizem que local representa o caminho errante e a simplicidade - valores que têm tudo a ver com a ordem franciscana
                              
Quando alguém pensa em um convento, tende a imaginar uma construção formada por claustros, pátios, uma capela e outros espaços. Esse não é o caso de um grupo de freis franciscanos no sul da Itália, que adaptaram para o seu uso alguns vagões de trem.

O convento dos Frades Menores Renovados, conhecido como “a estação da alma”, está localizado no bairro de Scampia, uma das regiões mais perigosas e pobres da cidade de Nápoles.

No recinto há cinco vagões que são usados como claustro, capela e espaços comuns. Também há um jardim, um contêiner preparado para receber visitas e uma oficina.

O superior do convento, Frei Carlo, disse que jornal ‘Corriere del Mezzogiorno’ que esses vagões “foram doados pela Ferrovia Estatal, que os colocou com uns guindastes neste local que nos foi dado por um camponês”.

“Nós não escolhemos viver nos vagões, nem foi algo programado. Quando chegamos aqui, esperávamos alguns contêineres e, enquanto aguardávamos, arrumamos esses vagões abandonados que datam da década de 1940. Era uma situação provisória, mas se tornou nosso estilo de vida”, disse à rede de televisão italiana Rai1 outro frei.

Frei Carlo indicou que os oito religiosos da comunidade “não usamos dinheiro, tentamos sobreviver graças à generosidade dos napolitanos que nos trazem comida e nós damos o que sobra aos necessitados”.

Em declarações ao jornal ‘Famiglia Cristiana’, Frei Carlo indicou que “o trem representa o caminho itinerante, mas também a simplicidade e a precariedade”.



 “Com esses valores, buscamos recuperar a espiritualidade e os ensinamentos de São Francisco. Também como viajamos constantemente, porque nada é nosso, não podemos fincar raízes em nada”, acrescentou.

Como parte de seu apostolado, os Frades Menores Renovados colaboram com uma paróquia da região, onde celebram Missas, visitam hospitais, prisões e casas.




“Sempre vêm pessoas aqui, vêm e pegam o que lhes serve. Também alguns de nossos freis saem para caminhar pelo bairro e conhecem a realidade das pessoas que vivem aqui. Nós tentamos lhes dar consolo e falar com elas. Especialmente, buscamos escutá-las e fazer com que vejam a vida com olhos mais cristãos”, expressou o superior da comunidade.

O superior comentou que, “quando as pessoas vêm aqui, costumam exclamar: ‘Quanta paz!’”, acrescentou.

Frei Carlo disse ao ‘Corriere del Mezzogiorno’ que no bairro de Scampia “a degradação e a vinculação com o crime são muito intensas. Entretanto, muitos fiéis estão dispostos a se rebelar e nos buscam para ter consolo. Alguns gostariam de sair do ‘sistema’, mas poucos têm êxito, porque estão muito envolvidos”.





A ordem dos Frades Menores Renovados está presente em outras partes da Itália e em países como Colômbia e Tanzânia.

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