Quando se trata de
saúde, não se deve pensar apenas na estrutura física do corpo, mas também na
mente. O corpo humano necessita de uma relação equilibrada do ponto de vista
fisiológico e mental. Sem isto, manter-se emocionalmente estável e saudável
pode se tornar um problema.
Dados da Organização
Mundial de Saúde (OMS) mostram que há 322 milhões de pessoas atualmente
sofrendo algum tipo de transtorno mental. O Brasil ocupa o quinto lugar neste
ranking quando se trata especificamente de depressão.
Os transtornos mentais
implicam alterações no comportamento, na emoção e no sistema cognitivo do
indivíduo, na maneira que a pessoa tem de perceber e conhecer a realidade que a
cerca. Existem mais de 200 tipos de transtorno mentais, que foram classificados
em 17 categorias, divididos em quatro grupos: Transtornos Psicóticos
(alucinações), Transtornos Neuróticos (a pessoa permanece consciente, mas sofre
disfunções como a fobia, por exemplo), Transtornos Orgânicos (doenças orgânicas
e alterações cerebrais podem causar os transtornos mentais) e, por fim, os
Transtornos Funcionais (aqueles em que não se consegue identificar a causa).
“O número de
transtornos mentais tem aumentado por conta de dois motivos: a medicina evoluiu
e passou a incluir novas manifestações das doenças. Além disso, temos situações
no mundo atual que têm levado a um maior adoecimento das pessoas. Ou seja, são
vários fatores que, juntos, aumentam este número de distúrbios mentais”,
explica o médico sanitarista e epidemiologista Ado Pechelli.
O transtorno de
ansiedade já é considerado um problema de saúde pública. Sua origem, bem como a
dos demais transtornos mentais, pode acontecer das mais diversas maneiras.
“Existe todo um somatório de fatores e diferenças individuais que podem fazer
surgir esses transtornos”, disse Pechelli.
Uma das principais
razões para o surgimento de distúrbios mentais é o uso de drogas ilícitas,
sobretudo aquelas conhecidas como drogas adrenérgicas, que imitam a ação da
adrenalina ou da noradrenalina. Cocaína e craque estão entre essas substâncias,
que estimulam o sistema nervoso central. “O uso contínuo delas pode, sim, levar
ao desenvolvimento de transtornos mentais”, esclarece o médico. “Todos que usam
drogas desenvolverão distúrbios? Não, mas o uso destas drogas é um gatilho
importante para isto”, reitera.
A hereditariedade
também pode despertar distúrbios mentais. Não é, porém, um fator definitivo
para o surgimento dessas disfunções. “Você pode ter um pai e uma mãe com
transtorno mental e não necessariamente desenvolver isto, mas filhos de pais
assim têm um risco maior para desenvolver isto”, afirma Pechelli.
O uso excessivo de
aparelhos celulares, os conhecidos smartphones, além das redes sociais, tem
gerado preocupação no que diz respeito ao comportamento das pessoas. Mas não
podem ser apontados como causas definitivas para o surgimento de doenças
mentais. “O abuso é ruim para qualquer coisa, até de água o abuso é ruim, por
isso temos que ter comedimento”, avalia o médico sanitarista.
O exagero na ingestão
de medicamentos cujo princípio ativo seja a benzodiazepina — ansiolítico muito
utilizado para diversas situações — também pode ser determinante para o
surgimento de transtornos mentais.
Cuidados
Para o médico, evitar
situações que gerem muito estresse ou que sejam de certa maneira difíceis de
lidar são essenciais para que estes distúrbios não surjam. “Se você tiver uma
predisposição genética, elas podem desencadear essas doenças”, revela o médico.
Levar uma vida
saudável, trabalhar em um ambiente com boas condições e evitar situações que
gerem estresse, segundo Pichelli, são fundamentais à saúde mental. “Não existe
uma forma mágica para não se ter essas doenças, mas existem condições que você
pode criar para que elas não apareçam”, finaliza.
Por Canção Nova
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