Philip Kosloski / Aleteia Brasil
E esse preconceito,
baseado em mera ignorância, ainda pode ter contribuído para a difusão da peste!
Ao contrário dos
cachorros, os gatos eram vistos, no geral, como “símbolos do mal” em quase toda
a Europa medieval. Essa má reputação parece ter surgido, pelo menos em parte,
do aparente caráter “indolente” dos gatos.
Nas artes plásticas,
eles representavam com frequência a luxúria, podendo ser vistos com essa
conotação em representações da queda de Adão e Eva, por exemplo. Depois,
passaram a ser interpretados como um símbolo de Satanás – em especial os gatos
pretos, associados à bruxaria.
Alguns autores até
consideram que existe certo vínculo entre o preconceito contra os gatos e a
devastação provocada na Europa pelos surtos de peste. É que, segundo as
hipóteses desses pesquisadores, a ignorância que sustentava esse preconceito
levava a população a matar sistematicamente os gatos, a ponto de, em algumas
localidades, eles terem chegado a desaparecer. E o resultado da ausência de
gatos fez crescer por todo o continente a população de… ratos. Em decorrência
disso, a peste propagada por esses roedores se estendeu mais rápida e
facilmente, ceifando a vida de milhões de europeus em diversos surtos da
doença, particularmente na dramática epidemia de peste negra que assolou o
continente no século XIV, chegando ao auge entre 1346 e 1353.
Ao se identificar que o
problema estava nos ratos muito mais do que nos gatos, os felinos passaram a
ser relativamente bem-vindos em muitos lares – mas os gatos pretos ainda
conservaram aquela associação com o mal, que, diga-se de passagem, sobrevive
até hoje em dia.
Os gatos pretos
continuam sendo injustamente associados, inclusive em nosso tempo, a conceitos
supersticiosos como o de “azar” – e grande parte da responsabilidade pela
perpetuação desse preconceito é da indústria do entretenimento, que insiste em
produzir de filmes de terror a temas de Halloween explorando as crendices em
torno aos pobres gatos pretos.
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