terça-feira, 26 de setembro de 2017

Um bispo na sede do Facebook: 5 dicas para promover o debate na internet

Alfa y Omega


"As pessoas precisam aprender a discutir melhor na internet, principalmente sobre religião”, disse o Monsenhor Barron

“O Facebook tem um extraordinário poder espiritual para conectar pessoas”, disse o bispo auxiliar de Los Angeles, Robert Barron, aos funcionários da companhia em sua sede central, na Califórina. Foi durante uma intervenção seguida por streaming por 2.500 pessoas, que já foi reproduzida mais de cem 125.000 vezes na rede social.

Barron, conhecido por seu apostolado na internet e nas redes sociais, afirmou que “hoje há um monte de energia em torno das notícias sobre religião, mas, geralmente, circulam muitas palavras ao vento, com pouco debate. Isso porque estamos pisando em um terreno sagrado, do íntimo de cada pessoa”.

Em assuntos religiosos, há dois extremos a se evitar: “um é impor aos outros a minha religião e a minha forma de ver as coisas; o outro é simplesmente tolerar cada ponto de vista. Há uma terceira opção, que é ter um debate real. O debate é o caminho para a paz”.

O bispo lamentou que “se não sabemos como debater religião, então não poderemos lutar pela religião”. Por isso, segundo ele, “as pessoas precisam aprender a discutir melhor pela internet, principalmente sobre religião”.

Nesse sentido, Barron deu cinco dicas:

1. Entenda que a fé não se opõe à razão, não é algo fanático, e, por isso, não dá pra aceitar tudo. A fé não é infrarracional, mas suprarracional.

2. A fé não se opõe à Ciência, mas temos vencer o cientificismo. A tecnologia nos beneficiou de muitas maneiras, mas o cientificismo reduz o conhecimento exclusivamente ao método científico e à experimentação. 

O que disse Shakespeare em suas obras não é Ciência, mas alguém vai dizer que o que ele transmite não é verdade? O mesmo acontece com Os Diálogos de Platão ou com a Divina Comédia de Dante. O método científico não é a única forma de conhecimento.

Não podemos aceitar que a religião seja percebida como se fosse uma prática privada. Afinal, se isso acontecesse, a religião se tornaria um hobby pessoal. O Cristianismo tem muitas afirmações de verdades objetivas: que Deus existe, que Cristo ressuscitou da morte… A afirmação de uma verdade não pode ser simplesmente uma questão particular, porque alguém poderia nos dizer: “Ok, isso funciona para você, mas não para mim”. A privatização da religião é o que torna o debate impossível.

Evitar o voluntarismo. “As coisas são verdades porque eu quero que sejam verdades” ou “as coisas são verdades porque Deus disse”, o que passa uma imagem longe e arbitrária de Deus. Isso, no fim, provoca um choque de vontades para ver quem é mais forte ou quem grita mais. Aí termina o debate e começa a violência.

Tente, primeiro e com muita paciência, entender a posição do interlocutor, pois pode ser muito tentador simplesmente disparar e dizer ao outro que ele está errado. Ao invés de apontar seus erros, deveríamos destacar aquilo que o outro tem de bom. Quando há um debate incendiado, é melhor parar e repetir as palavras do outro para tentar entendê-las. Isso alivia a paixão do debate. Ou ver o que há de positivo nos argumentos do outro, mostrando-se interessado por sua situação pessoal.


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