quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Como católicos, somos incentivados a usar roupas roxas na Quaresma?


Por: Redação da Aleteia / Adriana Bello


As "vestes da alma" devem refletir-se em nossa roupa do corpo, mas os símbolos por si sós não têm valor algum sem a coerência do coração

AQuaresma não é uma temporada de moda tipo “primavera-verão” ou “outono-inverno”, e o uso de uma cor diferenciada nesse tempo litúrgico não se deve a nenhuma questão de “tendência”. Não é esta a “lógica” das cores e símbolos na vida católica.

Trata-se de 40 dias de especial recolhimento, reflexão, oração, penitência e conversão espiritual em preparação para a Santa Páscoa. Também externamente, e como meio para nos ajudar a cultivar essas disposições interiores, a Igreja recorre a símbolos que nos recordam e incentivam a viver esse período com a devida profundidade. O roxo é um desses símbolos.




Jesus foi revestido de um manto roxo durante a sua Paixão, como forma de burla por parte dos soldados por ter-se apresentado como rei dos judeus. Já naquele tempo, os tons roxos compunham um símbolo de realeza e especial dignidade. No Êxodo, por exemplo, lemos que Moisés recebeu a ordem de fazer o tabernáculo “com dez cortinas de linho fino retorcido, de púrpura violeta, púrpura escarlate e carmesim” (cf. Ex 26, 1); e, em II Crônicas 3,14, vemos que o rei Salomão ordenou decorar o templo de Jerusalém com tecidos desses mesmos tons.

A Igreja decidiu manter o roxo como símbolo da Paixão de Cristo e como recordatório da nossa própria participação nela, bem como da divindade desse Cristo que se oferece ao sacrifício da Cruz para nos redimir dos nossos pecados.

É neste sentido que o roxo é a cor litúrgica da Quaresma.


É claro que não basta nos vestirmos de roxo para “combinar” com esse tempo litúrgico: uma minissaia, por mais roxa que seja, não vai refletir a postura de recolhimento e modéstia que somos convidados a adotar todos os dias, mas na Quaresma com particular intensidade. O roxo em símbolos exteriores é apenas uma parte de toda uma disposição mais ampla de espírito. É por isso, aliás, que não somos chamados pela Igreja a nos vestir de roxo durante 40 dias. O importante é a postura coerente entre o nosso interior e as nossas manifestações exteriores. Conscientes do essencial, podemos, embora não exista nenhum tipo de obrigatoriedade, usar algum detalhe em roxo, como uma pulseira, um lenço, um acessório discreto e modesto que simplesmente sirva como lembrete (e testemunho) do significado deste precioso tempo quaresmal.


É importante observar que, no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira Santa, o roxo é substituído pelo vermelho, a fim de simbolizar tanto o sacrifício até o martírio quanto a força triunfante da vida em Deus. Já no Domingo de Páscoa, a cor litúrgica é o branco, outro símbolo tradicional de vida e também de pureza espiritual, paz e júbilo.

Mas lembremo-nos: de nada adianta focar em símbolos externos se o nosso coração não estiver vivendo o real significado deste profundo tempo de conversão!

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