Por: Redação da Aleteia / Adriana Bello
As "vestes da
alma" devem refletir-se em nossa roupa do corpo, mas os símbolos por si
sós não têm valor algum sem a coerência do coração
AQuaresma não é uma
temporada de moda tipo “primavera-verão” ou “outono-inverno”, e o uso de uma
cor diferenciada nesse tempo litúrgico não se deve a nenhuma questão de
“tendência”. Não é esta a “lógica” das cores e símbolos na vida católica.
Trata-se de 40 dias de
especial recolhimento, reflexão, oração, penitência e conversão espiritual em
preparação para a Santa Páscoa. Também externamente, e como meio para nos
ajudar a cultivar essas disposições interiores, a Igreja recorre a símbolos que
nos recordam e incentivam a viver esse período com a devida profundidade. O
roxo é um desses símbolos.
Jesus foi revestido de
um manto roxo durante a sua Paixão, como forma de burla por parte dos soldados
por ter-se apresentado como rei dos judeus. Já naquele tempo, os tons roxos
compunham um símbolo de realeza e especial dignidade. No Êxodo, por exemplo,
lemos que Moisés recebeu a ordem de fazer o tabernáculo “com dez cortinas de
linho fino retorcido, de púrpura violeta, púrpura escarlate e carmesim” (cf. Ex
26, 1); e, em II Crônicas 3,14, vemos que o rei Salomão ordenou decorar o
templo de Jerusalém com tecidos desses mesmos tons.
A Igreja decidiu manter
o roxo como símbolo da Paixão de Cristo e como recordatório da nossa própria
participação nela, bem como da divindade desse Cristo que se oferece ao
sacrifício da Cruz para nos redimir dos nossos pecados.
É neste sentido que o
roxo é a cor litúrgica da Quaresma.
É claro que não basta
nos vestirmos de roxo para “combinar” com esse tempo litúrgico: uma minissaia,
por mais roxa que seja, não vai refletir a postura de recolhimento e modéstia
que somos convidados a adotar todos os dias, mas na Quaresma com particular
intensidade. O roxo em símbolos exteriores é apenas uma parte de toda uma
disposição mais ampla de espírito. É por isso, aliás, que não somos chamados
pela Igreja a nos vestir de roxo durante 40 dias. O importante é a postura
coerente entre o nosso interior e as nossas manifestações exteriores.
Conscientes do essencial, podemos, embora não exista nenhum tipo de
obrigatoriedade, usar algum detalhe em roxo, como uma pulseira, um lenço, um
acessório discreto e modesto que simplesmente sirva como lembrete (e
testemunho) do significado deste precioso tempo quaresmal.
É importante observar
que, no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira Santa, o roxo é substituído pelo
vermelho, a fim de simbolizar tanto o sacrifício até o martírio quanto a força
triunfante da vida em Deus. Já no Domingo de Páscoa, a cor litúrgica é o
branco, outro símbolo tradicional de vida e também de pureza espiritual, paz e
júbilo.
Mas lembremo-nos: de
nada adianta focar em símbolos externos se o nosso coração não estiver vivendo
o real significado deste profundo tempo de conversão!
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